Raros são os adultos que nunca passaram pela provação de uma grande ressaca.
Alguns sofrem porque bebem demais, outros simplesmente porque bebem mal – desprezando todas as experiências anteriores ou conselhos da “turma”.
Para ser prático: a melhor forma de evitar a ressaca é beber moderadamente. É claro que o correto é nunca ingerir álcool além do limite seguro. Só que, o Carnaval faz todas essas recomendações escoaram pelo ralo.
Depois de amanhecer na folia e dormir com o dia claro, a pessoa que bebeu demais acorda com a sensação de que a sua cabeça tem o dobro de verdadeiro peso.
Depois percebe algumas sensações estranhas no corpo e tenta reconhecer o local em que se encontra. Aos poucos vai lembrando do que aconteceu na noite passada e mata a charada: bebeu demais e sente os efeitos da ressaca.
Às vezes, nem é bom tentar se levantar. Sintomas, como enjôo, dor de cabeça, estômago embrulhado e aquele gosto horrível na boca, aumentarão o desconforto. O primeiro pensamento que vem à cabeça é a promessa, quase sempre não cumprida, de não vai beber nunca mais.
Rápida absorção
Em qualquer roda de amigos tem sempre um sabe tudo de ressaca e, logo, emenda um conselho: uma colher de azeite antes de beber; um comprimido antes outro depois; uma xícara de café amargo. Os mais radicais insistem em afirmar que ressaca se cura com mais um gole.
“Não acredite em receitas milagrosas”, adverte Júlio Coelho, especialista em cirurgia do Aparelho Digestivo. Para o médico, a moderação ainda é a melhor forma de evitar os desconfortos da ressaca.
O mal-estar surge, devido ao estrago do álcool que, depois de ingerido, é absorvido muito rapidamente pelo estômago. Depois de metabolizado, é levado pela corrente sangüínea até o cérebro.
“Com efeito, bombardeado por diversas substâncias tóxicas que o agridem, o órgão reage por meio de uma síndrome”, explica Coelho. Assim, sintomas, como tremores, enjôos, fadiga, dor de cabeça, redução na concentração e lentidão no raciocínio, causam uma série de alterações no corpo e afetam, especialmente, o fígado, coração, rins e sistema nervoso.
Júlio Coelho observa que, quando a pessoa está com o estomago cheio, a absorção do álcool se dá mais lentamente e os efeitos da ressaca demoram a aparecer.
Por isso a recomendação de se alimentar antes de cair na farra etílica. Também pessoas acostumadas ao uso do álcool, sentem menos as conseqüências de uma noite bem “bebida”.
Ao contrário, pessoas não predispostas ao consumo, bebendo uma quantidade mínima podem passar mal. “É a mesma coisa que uma pessoa de pele clara se expor ao sol, sem proteção – é insolação na certa”, compara o especialista.
Fórmula mágica
Muitos bons bebedores dizem que aprenderam a espantar a ressaca no dia seguinte. Das alternativas citadas por eles, Coelho admite que algumas podem até ajudar, entre elas, beber em torno de dois litros de água, comer doces (para repor a glicose) e tomar medicamentos analgésicos.
De nada adiantam comprimidinhos salvadores, nem encher o estomago de comida, “não adianta insistir, a tendência nesses casos, é esses alimentos agredirem ainda mais o já combalido sistema digestivo”, enfatiza o especialista.
Apesar das diferenças na predisposição ao distúrbio, provocadas pelo álcool, deve ficar claro que a quantidade que cada pessoa pode suportar é uma questão que diz respeito ao organismo de cada um.
Mas, conforme Coelho, mesmo os mais “fortes” para a bebida sofrem, dependendo da quantidade ingerida, não importando se ela é de boa ou má procedência.
Voltamos ao início, é importante lembrar de que não existe nenhuma “fórmula mágica” capaz de evitar completamente a ressaca. Se você beber além da conta, possivelmente seu organismo pagará por isso no dia seguinte.