A reposição hormonal traz benefícios efetivos

A menopausa, assim como a andropausa nos homens, não é uma doença. É um processo natural pelo qual o corpo passa ao envelhecer. E não é algo que mulheres e homens devam obrigatoriamente tratar. Tudo depende dos sintomas: se são toleráveis ou se chegam a atrapalhar a qualidade de vida. No segundo caso, a Associação Brasileira de Climatério (Sobrac) recomenda a necessidade de um tratamento de reposição hormonal (TH) ? reposição de estrogênio e progesterona por meio de pílulas e adesivos. Inicialmente, a reposição hormonal foi louvada como uma maravilha para combater a perda dos hormônios, mas o Women?s Health Initiative e outros estudos assustaram muito as pessoas, relacionando a terapia ao câncer de mama e a infartos.

Pela primeira vez a classe médica brasileira apresenta um posicionamento sobre os benefícios e as contra-indicações da terapêutica hormonal (TH), tratamento à base de hormônios para as mulheres que sofrem com os sintomas da menopausa. A Sobrac reuniu mais de 50 renomados especialistas – sob a coordenação do presidente do Conselho Científico da Sobrac, César Eduardo Fernandes ? e elaborou o "Consenso sobre a Terapêutica Hormonal na Menopausa". O documento foi transformado em livro e será distribuído para mais de oito mil médicos no País.

O que diz o consenso

Os estudos mostram que a terapêutica hormonal alivia efetivamente os sintomas do climatério, como ondas de calor (fogachos), insônia, irritabilidade, depressão e distúrbios relacionados aos órgãos genitais (ressecamento vaginal, prurido vulvar e incontinência urinária, entre outros), proporcionando melhor qualidade de vida às mulheres. César Fernandes explica que outra vantagem da TH é prevenir e tratar a osteoporose (redução da massa óssea que provoca manifestações dolorosas e aumento do risco de fraturas). ?Há evidências na literatura sobre a eficácia da TH na redução de fraturas por osteoporose quando é feito o uso de estrogênio isolado ou associado ao progestagênio?, informa.

Para indicar a TH, o consenso da Sobrac informa que o médico deve observar se os sintomas da menopausa, principalmente ondas de calor, alterações menstruais, atrofia urogenital e tendência à osteoporose, interferem na qualidade de vida da paciente. ?O uso de novas substâncias, entre elas a drospirerona, quando iniciada nos primeiros anos, a partir da menopausa, favorece a diminuição da pressão arterial trazendo benefícios ao sistema cardiovascular?, destaca Giuseppe Rosano, professor de Medicina Molecular da Universidade de Messina, na Itália.

Tratamento individualizado

O especialista italiano, que participou do Congresso Paulista de Obstetrícia e Ginecologia, lembra que contra-indicações devem ser igualmente avaliadas. O médico deve verificar se a paciente possui antecedentes ou riscos elevados de doenças, como câncer de mama, câncer de endométrio e doença hepática, entre outras.

Muitos dos efeitos benéficos e adversos da terapia estão relacionados à dose hormonal, por isso, a tendência é que elas sejam reduzidas, de forma a trazer perspectivas para diminuir os riscos do tratamento. "A menor dose efetiva é a mais indicada", informa Carlos Fernandes.

De acordo com o documento da Sobrac ainda não há um consenso sobre até quando a TH deve ser mantida, mas a continuação ou interrupção depende de criteriosa análise da relação risco/benefício. ?O tratamento deve ser individualizado, pois é preciso acompanhar a manutenção dos benefícios, a melhora da qualidade de vida e o aparecimento de efeitos adversos?, ressalta o médico, salientando que a preferência da mulher em continuar ou não o tratamento é um item importante a ser considerado.

*Nosso jornalista participou do encontro a convite do laboratório Schering.

Mulheres e o climatério

ms9230806.jpgA menopausa refere-se à última menstruação que se apresenta pela diminuição da função ovariana com redução dramática da produção de estrogênios. A maioria dos casos ocorre entre os 45 e 55 anos. Na América Latina a média etária em que as mulheres experimentam a menopausa é aos 50 anos, similar à média mundial.

O aumento notável da expectativa de vida nos países sul-americanos, que no caso das mulheres é de 72 anos, condicionou que um terço de suas vidas ocorra durante a pós-menopausa, ou seja, na etapa do climatério que começa um ano depois da última menstruação.

Em 1990, contava-se com 467 milhões de mulheres em idade pós-menopáusica no mundo e destas, 60% encontravam-se em países em desenvolvimento. Para o ano 2030 estima-se que a cifra aumentará para 1,2 milhões de mulheres, das quais 76% estarão em países em desenvolvimento.

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