A turma de amigos se reúne no bar depois de uma partida de futebol. A média de idade é de 45 anos. Muitas brincadeiras e discussões. A gozação fica ainda maior quando o garçom traz o cardápio, afinal são poucos que conseguem ler aquelas letrinhas sem o auxílio dos óculos. Será que foi o braço que esticou ou é a luz que está fraca? Na verdade o problema tem nome: presbiopia, a tão temida vista cansada. O distúrbio, um desgaste natural da musculatura ocular, atinge uma parcela significativa da população a partir dos 40 anos com tendência a aumentar até aos 60 anos de idade, quando se estabiliza.
A presidente da Associação Paranaense de Oftalmologia, Tânia Schaefer, recomenda que, ao primeiro sinal do desconforto, a pessoa consulte um especialista. Os principais sintomas, além da dificuldade de leitura, são dores de cabeça constantes, ardência nos olhos ou sensação de pálpebras pesadas. Segundo ela, visitas anuais ao oftalmologista detectam o problema e são de grande utilidade para a prevenção de doenças importantes como o glaucoma, doença que pode levar à cegueira. ?A dificuldade de enxergar de perto pode funcionar como lembrete do exame oftalmológico, oportunizando o diagnóstico precoce de muitas doenças?, constata Schaefer.
O oftalmologista Luiz Geraldo Simões de Assis, do Instituto de Oftalmologia de Curitiba (IOC), comenta que, quando o olho não apresenta nenhuma deficiência, a imagem dos objetos, próximos ou distantes, forma-se sobre a retina e o cristalino muda sua forma em função dessas distâncias, a fim de reproduzir uma imagem nítida, um processo chamado de poder de acomodação. ?Com o passar do tempo, o existe um endurecimento das fibras do cristalino, que perde a elasticidade e deixar de dar aquele ?zoom? na imagem?, explica. Assim, essa focalização passa a ser feita fora da retina, gerando imagens desfocadas. É a tal presbiopia. A solução é o uso dos desconfortáveis ?óculos para perto?.
Menos invasivo
Para aquelas pessoas que não se sentem confortáveis com o tira-e-põe de óculos, existem novas técnicas cirúrgicas que prometem amenizar a presbiopia, trazendo mais conforto aos pacientes. Uma das técnicas utilizadas por Luiz Geraldo Simões de Assis se vale da tecnologia do laser para aumentar a curvatura da córnea, que é a camada mais externa dos olhos e que funciona como uma lente convergente. ?Dentre as técnicas disponíveis, o tratamento por laser é o menos invasivo?, frisa o médico. Consiste em operar os dois olhos, simultaneamente, corrigindo a visão para longe e perto, sendo que o olho dominante terá uma visão nítida para longe e o olho não dominante uma visão nítida para perto.
O ofalmologista registra que os resultados obtidos por meio dessa técnica trazem uma visão confortável e eficiente para leitura. O procedimento é simples e rápido e a pessoa passa a realizar trabalhos de pequena e meia distância, com mínima interferência na qualidade da visão de longe. Muitos pacientes de diferentes profissões já passaram pela cirurgia, incluindo neurocirurgiões e costureiras. ?As restrições ao tratamento podem aparecer em função da necessidade da visão de cada paciente em particular, mas não pela profissão que exerçam?, completa o especialista.