Não há nada tão aconchegante no inverno quanto tomar um banho quente demorado e vestir uma grossa blusa de lã.
Apesar de afugentar o frio, essas mínimas atitudes, além de outras mudanças de hábito, podem trazer importantes prejuízos para a pele, aumentando a sua vulnerabilidade nesta época do ano.
“Isso acontece porque os banhos quentes, aliados ao contato com os tecidos sintéticos ou a lã, removem a camada de proteção natural da pele”, explica o dermatologista Carlos Augusto Silva Bastos.
De acordo com o médico, a pele deve receber cuidados o ano todo. Vale lembrar que a necessidade de protegê-la dos efeitos nocivos do sol não diminui no inverno. Apesar da temperatura baixa, continuamos expostos aos raios ultravioleta.
“Não importa a estação, é preciso sempre passar filtro com fator de proteção mínimo de 15 ou 20, mesmo se o tempo estiver frio ou nublado, pois os efeitos do sol são cumulativos”, aconselha o dermatologista.
Um aspecto negativo que chega com as baixas temperaturas é que o clima úmido estimula o surgimento de pruridos, fazendo com que as pessoas de pele mais seca sofram ainda mais.
“A procura por tratamentos corporais nesse período aumenta mais de 50%” comenta a dermatologista Luciane Scattone. Além do clima e do estado geral da pessoa, os hábitos nocivos, como consumo de álcool, cigarro, sedentarismo e alimentação calórica podem contribuir para a incidência de afecções cutâneas relacionadas ao frio.
Agentes externos
Com as baixas temperaturas da estação, as pessoas mais suscetíveis à ação do frio, principalmente as que sofrem de bronquite ou rinite, tendem a ficar com a pele mais seca do que o normal.
O aumento dessa condição acaba ocasionando o engrossamento em algumas áreas, chegando a eczemas. Alguns dos responsáveis pelo surgimento ou agravamento das “doenças de inverno” é o uso de agasalhos sintéticos, blusas de lã e a permanência durante muito tempo em ambientes fechados, sem ventilação.
Outro fator que agrava ainda mais tais distúrbios para pessoas predispostas às alergias é o banho quente e demorado. Por isso, buchas e esfoliações devem ser adiadas para quando a temperatura estiver em elevação.
Uma manifestação comum no inverno está relacionada ao aumento da oleosidade: a dermatite seborréica. Ela provoca vermelhidão e descamação da pele da face e exige o uso de medicamentos específicos para o seu controle, que devem ser indicados por um dermatologista.
Uma das culpadas pelo aumento de oleosidade nessa época é a comida, que se torna mais pesada, com o consumo de fondues, feijoadas e massas. Outro fator são os agentes externos, como vento e poluição, que agridem a pele e retiram sua oleosidade natural.
Assim, ela fica ressecada e precisa fazer algo para se proteger. Para isso, aumenta a produção de óleo, com a atividade das glândulas sebáceas. “O excesso de oleosidade provoca descamação na pele, principalmente, na testa, nariz e queixo. As pessoas confundem com ressecamento e passam cremes hidratantes sobre a área afetada, o que só piora o caso”, afirma Luciane Scattone.