O processo reprodutivo parece bastante simples. Inicia-se com a corrida de espermatozóides, cujo vencedor tem como prêmio principal a fertilização do óvulo, além de uma casa mais barulhenta e alegre. Mas a concepção está longe de se tornar uma coisa fácil. Com um sistema tão delicado e complexo quanto o processo de fertilização, muitas coisas podem não dar certo e muitos obstáculos podem se interpor no caminho. Essa é a dura realidade de milhares de casais que não conseguem ter filhos.

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A maneira mais cômoda de explicar a principal causa da infertilidade é tão óbvia que nem sempre lembramos dela em primeiro lugar: hora errada no lugar errado, ou seja, não ter relações no momento em que o óvulo está pronto para ser fertilizado. Toda mulher nasce com o número de óvulos que terá ao longo da vida. Esses óvulos vivem em seu dois ovários. Todo mês, durante a ovulação, um dos ovários libera um único óvulo de seu folículo e o despacha para uma viagem por dentro do corpo.

Por sua vez, no caminho contrário, os espermatozóides ? que entram em fila, um atrás do outro, nos tubos que precisam atravessar para chegar à extremidade do pênis ?começam a nadar ao ouvir o tiro de partida, acionado pela ejaculação. Em torno de 300 milhões de espermatozóides (bem mais do que toda população brasileira) se arriscam contra a correnteza – nadando como um salmão rio acima, na direção do útero, em busca da fecundação do óvulo.

Com tantos espermatozóides participando dessa maratona aquática é de se esperar que pelo menos um deles atinja seu alvo. No entanto, não é isso que acontece, e a fertilização se torna um grande problema para muitos casais. A estimativa é que a infertilidade afete 7% dos casais de até 30 anos; 33% dos casais de até 40 anos; e 87% dos casais com até 45 anos. Tudo porque essa viagem do espermatozóide não é tão simples. Uma somatória de fatores positivos tem que dar certo para que ele chegue ao seu intento.

Reprodução assistida

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Do lado do homem, são dois fatores que se tornam os principais obstáculos: a quantidade de espermatozóides pode estar baixa, com efeito, poucos têm probabilidade de atingir o óvulo, ou quando os espermatozóides não são suficientemente fortes para completar o percurso e acabam sucumbindo pelo caminho.

Nas mulheres, os problemas são mais numerosos: alguma infecção pode impedir que o óvulo fertilizado seja implantado no útero; alguma reação química pode fazer com que os óvulos não amadureçam o suficiente para serem liberados pelo ovário; obstruções nas trompas podem impedir a chegada do óvulo ao seu destino; miomas (tumores benignos) podem alterar a anatomia do útero e torná-lo pouco receptivo aos óvulos.

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O estresse, inclusive aquele causado por não conseguir engravidar, dificulta ainda mais o processo de fertilização. O simples fato de se controlar essa ansiedade pode ajudar no processo de fertilização. Entre elas, estão alguns treinamentos de respiração e, até mesmo, o uso da acupuntura.

Para os casais que, mesmo assim, não consegue realizar o desejo de ficarem ?grávidos? existem as técnicas de reprodução assistida, que têm por objetivo tornar os espermatozóides mais fortes ou evitar obstáculos, cortando o caminho que deve ser percorrido naturalmente. Dentre as técnicas se destacam o coito programado (com exames e o uso de medicamentos), a inseminação artificial intra-uterina e a fertilização in vitro.

Bê-á-bá da Fertilidade

* Fertilização: contato entre espermatozóide e ovo, determinando sua união.

* Concepção: o início da gravidez.

* Gravidez: a condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.

A culpa é de quem?

Se você está preocupada com a sua fertilidade, a primeira coisa que precisa saber é que você não está sozinha. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 15% dos casais em idade de procriação procuram ajuda médica por infertilidade. Geralmente após cerca de dois anos sem conseguir conceber.

O problema pode ser de origem tanto feminina quanto masculina. De modo geral, a origem da infertilidade é:

* Exclusivamente feminina em cerca de 30% dos casos.

* Exclusivamente masculina em cerca de 30% dos casos.

* Uma combinação de ambos os parceiros tendo anormalidades detectáveis em 10 – 30% dos casos.