O câncer continua sendo uma doença que preocupa as autoridades em saúde do mundo inteiro. Nos países desenvolvidos, ocupa o segundo lugar como causa de morte, após as doenças cardiovasculares. No entanto, com a evolução dos tratamentos e medicamentos, o diagnóstico da doença deixou de ser uma sentença de morte. Os especialistas confirmam que, na verdade, não existe câncer cem por cento letal. Alguns tipos de câncer, como o do pâncreas, por exemplo, têm um índice de sobrevivência baixo, outros têm possibilidades mais animadoras. Muitos, ainda, podem ser prevenidos. Em alguns casos (como o câncer de próstata) é possível coexistir com a doença, pois é possível controlá-la e manter certa qualidade de vida.
Os médicos explicam que, embora a palavra seja uma só, o câncer não é uma doença única. São centenas de patologias diferentes, com padrões diferenciados de desenvolvimento, o que faz da patologia uma das mais complexas de ser compreendida. Com efeito, por isso, não há uma maneira única de tratar todos os tipos de cânceres. Alguns requerem cirurgia, outros são combatidos por radioterapia e/ou quimioterapia, outros, ainda, pela combinação de várias técnicas. Cientistas evidenciam que o câncer tem tudo a ver com mutações sutis nos genes das células que estão se reproduzindo. Algo cria nelas uma mutação genética que o sistema imunológico não conhece e contra o qual é incapaz de reagir.
Tumor nem sempre é câncer
?Essa anormalidade na proliferação das células acontece de forma desordenada no órgão específico que está doente?, explica o oncologista e hematologista Valdir Furtado, do Instituto de Hematologia e Oncologia de Curitiba. O médico salienta que o maior problema é quando ocorre uma metástase, isto é, as células cancerosas saem do tumor principal e começam a afetar outros órgãos. O oncologista faz questão de ressaltar que o diagnóstico do tumor nem sempre é câncer. ?Tumores benignos raramente colocam em risco a vida da pessoa e podem até ser removidos totalmente por meio de cirurgia?, esclarece.
A importância da humanização no atendimento e o combate ao desconhecimento por parte da população sempre são lembrados no Dia Internacional de Combate ao Câncer (8 de abril). O atendimento humanizado é considerado como fundamental para se buscar uma abordagem mais afetiva ao tratamento. Uma recomendação do Ministério da Saúde é para que os serviços oncológicos priorizem os aspectos sociais para reduzir o sofrimento, os desgastes de toda ordem e o medo impostos pelo tratamento ao paciente.
Recentes formas de tratamento representam hoje a esperança de cura para tumores que, antigamente, só eram tratados por meio de cirurgias agressivas e de resultados incertos. Principais exemplos: o câncer ginecológico e o câncer de próstata. Ambos ainda têm alta incidência e geram tabus, mas graças à radioterapia, há tratamentos indolores, de curta duração, ambulatoriais e sem a necessidade de afastamento dos familiares.
Outra preocupação dos profissionais de saúde é com o desconhecimento alarmante sobre o câncer, que impede a possibilidade de redução da doença por meio da prevenção. Estatísticas apontam que pelo menos a metade dos casos de câncer poderia ser prevenida, se as pessoas se conscientizassem sobre os principais fatores que propiciam o aparecimento da doença.
OLHO: Toda pessoa tem células cancerígenas, porém, na maioria dos casos, o organismo de defesa as localiza e destrói imediatamente.
Números ainda assustam
* De acordo com a OMS, o câncer é responsável por mais de 7 milhões de mortes anualmente.
* A International Union Against Câncer (UICC) avisa que, em 2020, a estimativa é de que surgirão 15 milhões de novos casos por ano no planeta.
* Conforme a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), os países em desenvolvimento registram cerca de 50% dos novos casos de câncer do mundo e 60% dos óbitos.
* Estima-se que 18% dos casos de câncer no mundo se devam a agentes infecciosos, percentual que os coloca, ao lado do fumo, como os mais importantes agentes cancerígenos.
* 30% das mortes por câncer de pulmão são atribuídas ao tabaco, sendo que 90% dos casos de câncer de pulmão ocorrem em fumantes.
Desnutrição é mais um inimigo dos pacientes com câncer
Dados do Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional Hospitalar (Ibranutri) mostram que a taxa de desnutrição em pacientes com câncer é quase três vezes maior que a de outros pacientes hospitalizados, chegando a 66,3% contra 42,9%, sendo que a incidência global é estimada em 85%. Pensando nisso, especialistas recomendam um aconselhamento nutricional desde o momento em que a doença seja diagnosticada. ?A abordagem precoce é importante para que o paciente possa se beneficiar do tratamento da doença", explica Císio Brandão, oncologista e diretor da Associação Latino-Americana de Cuidados Paliativos.
Os tratamentos do câncer, como cirurgias, quimioterapias e radioterapias e a própria doença fazem com que os pacientes apresentem perda de peso progressiva, falta de apetite, diminuição do nível de energia, fadiga e vômitos, entre outros sinais e sintomas relacionados à desnutrição grave. ?Apesar dos esforços para aumentar a ingestão alimentar, muitos pacientes não são capazes de consumir energia suficiente como carboidratos, proteínas e gorduras para ganhar peso progressivamente?, explica Brandão.
Assim, os suplementos orais, associados a outras terapias, contribuem para a melhor ingestão de nutrientes nos pacientes que não conseguem atingir suas necessidades apenas com a alimentação convencional.
Benefícios da suplementação oral em pacientes com câncer
* Melhora do apetite
* Maior ingestão de energia e proteína
* Aumento do peso
* Reforço na função imunológica
* Diminuição da toxicidade gastrintestinal
* Acréscimo do estado nutricional e qualidade de vida
