Teve início em 8 de março a campanha nacional de vacinação contra o vírus da Gripe A (H1N1). O objetivo do Ministério da Saúde (MS), conforme o ministro José Gomes Temporão é imunizar 62 milhões de brasileiros até o final do mês de maio.
O MS recebeu cerca de 600 mil doses prontas e 5 milhões de doses concentradas de vacina contra a chamada gripe suína. No total, o governo federal importará 83 milhões de doses para viabilizar a campanha.
Segundo Jaime Rocha, infectologista do Frischmann Aisengart/Dasa, como o número de doses é insuficiente para toda a população, o governo teve que priorizar o atendimento para os grupos prioritários, ou seja, aqueles com maior risco de contrair a doença e/ou desenvolver complicações.
Serão contemplados trabalhadores de saúde envolvidos no atendimento aos pacientes, grávidas e grupos de risco, seguindo recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde).
A aplicação será injetável, em uma única dose para os adultos e, possivelmente, em duas doses para as crianças. As vacinas são importadas, no entanto o Instituto Butantan, em São Paulo, deve começar a fabricar a vacina contra o vírus da nova gripe em julho de 2011.
Vacina eficiente
Em uma das pesquisas os testes ocorreram em 240 australianos adultos, metade com menos de 50 anos.
“Mais de 95% deles produziram anticorpos contra a doença, uma eficiência comparável à da vacina contra a gripe comum”, afirma Rocha.
O Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, nos Estados Unidos, também realizou testes clínicos de vacinas com 2.800 voluntários. As vacinas demonstraram eficácia entre 80% e 96%.
A boa notícia é que, apenas dez dias depois da injeção, os voluntários já estavam imunizados. O especialista lembra que, apesar dos dados animadores, tratam-se de dados laboratoriais e que deverão ser acompanhados na prática diária em todos os países.
O médico reforça que a vacina contra gripe A é diferente da vacina contra gripe normal.
“As pessoas vacinadas contra a gripe normal não estarão imunizadas contra a nova gripe, também não devemos esquecer dos cuidados diários que precisamos ter contra a gripe, tão divulgados durante a pandemia do ano passado”, alerta Jaime Rocha.
Dados do Ministério da Saúde dão conta de que a gripe A causou 1.632 mortes no Brasil. Até 13 de dezembro do ano passado, haviam sido registradas 10.582 mortes em 208 países e territórios, segundo a OMS.
Sem dúvidas
Qual o objetivo da vacinação no Brasil?
O objetivo é: proteger alguns grupos de maior risco de desenvolver doença grave ou evoluir para morte durante a segunda onda da pandemia influenza H1N1.
Qual vacina será utilizada contra o vírus influenza pandêmica (H1N1)?
O Ministério da Saúde adquiriu as doses de três laboratórios: Glaxo Smith Kline (GSK), Sanofi Pasteur (em parceria como Instituto Butantan) e Novartis. Esses laboratórios são fornecedores de vacinas para todos os países.
Se o processo de desenvolvimento de uma vacina costuma ser longo, como foi possível produzir a vacina pandêmica tão rapidamente?
Os laboratórios já tinham experiência com a produção da vacina contra os vírus de influenza sazonal, e estes investiram em tecnologia num processo de preparação para a produção d,e uma vacina para a prevenção do vírus pandêmico (H1N1) 2009. O Brasil, por exemplo, fez investimentos na adequação do processo de produção pelo Instituto Butantan.
A vacina a ser utilizada no Brasil é segura?
É segura e já está em uso em outros países. Não tem sido observada uma relação entre o uso da vacina e a ocorrência de eventos adversos graves. Considera-se fundamental o monitoramento de eventos adversos associados à vacinação.
A vacina a ser utilizada no Brasil é efetiva?
A vacina registra uma efetividade média maior que 95%. A resposta máxima de anticorpos se observa entre o 14.º e o 21.º dia após a vacinação.
O Brasil vai utilizar somente vacina injetável?
Sim. A vacinação proposta utilizará a vacina injetável, administrada por via intramuscular, ou seja, com a introdução da solução dentro do tecido muscular.
Por que não haverá vacinação de toda população?
A vacinação em massa para a contenção da pandemia não é o foco da estratégia estabelecida para o enfrentamento da segunda onda pandêmica em todo o mundo. Por um motivo simples: a contenção não é mais possível.
Se mais de 90% dos casos de gripe vêm sendo causados pelo vírus pandêmico, por que manter a vacinação da gripe comum para idosos?
A influenza é causada por diversos tipos de vírus e os que provocam a gripe sazonal não deixaram de circular e provocar a doença, ainda que em 2009 essa circulação tenha sido bastante reduzida. A gripe sazonal continua sendo importante causa de internação e de doença grave em idosos.
Por que as crianças com menos de seis meses não estão incluídas? Há contraindicação para vacinação desse grupo?
A vacina atualmente disponível não é recomendada para o grupo de menores de seis meses em razão de não haver estudos que demonstrem a qualidade da resposta imunológica, ou seja, a proteção não é garantida.
Quem teve a gripe pandêmica e teve confirmação laboratorial deve tomar a vacina?
Sim. Quando uma pessoa é infectada pelo vírus influenza A adquire imunidade para aquele subtipo específico de vírus que a infectou. Assim, quem já teve a gripe pandêmica comprovadamente (com diagnóstico laboratorial positivo) em princípio, está imune, embora haja registro de alguns casos que desenvolveram uma segunda infecção.
Se a pessoa quiser pode optar por tomar a vacina em serviço privado, pagando por ela?
Pode sim. Dependendo da capacidade de fornecimento pelos laboratórios produtores.
A vacinação para Influenza A será mantida para os próximos anos?
Como uma pandemia de influenza qualquer predição é ainda especulativa. o Brasil seguirá sempre as recomendações da OMS.
Quais são eventos adversos da vacina?
a) Muito comum (cerca de 10% dos vacinados): dor no local da aplicação, cefaléia, dor articular, muscular e fadiga;
b) Comum: Náusea, diarréia, sudorese, hiperemia no local da aplicação, inchaço no local da aplicação e tremores;
c) Raros: Insônia, tontura, vertigem, dispnéia, dor abdominal, vômitos, dispepsia, desconforto gástrico, prurido, erupção cutânea, rigidez músculo esquelética, reações no local de injeção, dor no peito e mal estar.
Na hipótese de o vírus persistir durante muitos anos, será preciso uma reimunização?
Se não houver mutação do vírus, não será necessária a revacinação.
Se eu me vacinar com vacina contra a gripe sazonal, não corro perigo de pegar a gripe suína em seu estado atual, já que a vacina da gripe normal não garante que eu nunca mais adoeça?
Se o indivíduo se vacinar com a vacina sazonal e estiver dentro do grupo prioritário deverá também se vacinar contra a vacina pandêmica.
Fonte: Ministério da Saúde
Cronograma de vacina&ccedi,l;ão
A estratégia de vacinação terá cinco etapas. Ela acontecerá sempre de segunda a sexta-feira, com exceção do dia 24 de abril, dia Nacional de Vacinação do Idoso.
1ª etapa (08/03 a 19/03)
* Trabalhadores da rede de atenção à saúde e profissionais envolvidos na resposta à pandemia
* Indígenas
2ª etapa (22/03 a 02/04)
* Gestantes (mulheres que engravidarem após esta data poderão ser vacinadas nas demais etapas da campanha)
* Doentes crônicos (até 60 anos)
* Crianças de seis meses a menores de dois anos
3ª etapa (05/04 a 23/04)
* População de 20 a 29 anos
4ª etapa (24/04 a 07/05)
* Campanha Nacional de Vacinação do Idoso – Pessoas com mais de 60 anos vacinam contra a gripe comum. Aqueles com doenças crônicas também serão vacinados contra a gripe pandêmica.
5ª etapa (10/05 a 21/05)
* População de 30 a 39 anos
A vacinação do grupo de idosos será iniciada no sábado, dia 24/4, no Dia Nacional de Vacinação do Idoso e com o período da operação da vacina sazonal. As pessoas com mais de 60 anos, portadores de alguma doença crônica, receberão as vacinas de gripe A e sazonal. As crianças de seis meses a menores de dois anos, receberão a imunização em duas doses, com intervalo mínimo de 30 dias.
Como evitar o contágio
* Lave frequentemente as mãos durante, pelo menos, 20 segundos, com água e sabão, sobretudo depois de espirrar ou tossir
* Cubra a boca e nariz quando espirrar ou tossir, de preferência, com um lenço de papel
* Evite levar as mãos aos olhos, boca e nariz
* Utilize lenços de papel e jogue-os fora em sacos de plástico fechados
* Limpe superfícies sujeitas a contato manual (como maçanetas das portas) com um produto de limpeza comum
* Em caso de surto, evite locais com grande afluência de pessoas, como shoppings e o contacto com doentes.
* Dirija-se aos serviços de saúde, se tiver febre alta e sintomas gripais (tosse seca, dores no corpo e de cabeça, falta de ar, vômitos e diarreia).