A doença dos ossos frágeis

Há um ano e meio Maria Lúcia, 63 anos de idade, teve uma queda que produziu o achatamento de vértebra da coluna. Deste então não anda mais, dividindo seu tempo entre a cadeira de rodas e a cama. Mais na cama, pois não consegue sustentar o corpo por muito tempo. Ela foi vítima de uma doença sem sintomas aparentes e incapacitante: a osteoporose. A doença já é considerada um problema de saúde pública no país, atingindo perto de 10 milhões de brasileiros – de cada 4 casos, 3 são do sexo feminino no período de pós-menopausa.

Nos casos em que a incidência da osteoporose, há uma redução na força do osso, aumentando significativamente a chance de fraturas. ?Somente quando já está num estágio avançado é que começa a dar seus sinais?, comenta a doutora em reumatologia Evelin Goldenberg. A doença é considerada um dos mais importantes males associados ao envelhecimento, além de ser considerada uma das principais causas de invalidez. A doença pode ficar sem se manifestar durante anos, até que as primeiras fraturas ocorram, levando a dor, incapacidade física e deformidades, que prejudicam a qualidade de vida. As principais fraturas são da coluna vertebral, colo do fêmur e punhos.

Menopausa

Segundo o ortopedista Eduardo Fanchin Rocha, da Clínica Carlos de Carvalho, a maioria das pessoas descobre a doença por causa das dores provocadas pelas fraturas. ?Seja em consulta clínica ou por meio de exames específicos, a identificação precoce da osteoporose é fundamental para um tratamento preventivo de sua evolução?, explica. O médico explica que nossos ossos são tecidos vivos que se renovam com mais intensidade nas primeiras décadas da vida. A partir dos 30 anos, o quadro se inverte e a absorção de osso passa a ser maior que a formação.

As novas descobertas da medicina trazem alento aos portadores da osteoporose, porém, o melhor caminho ainda é a prevenção. A perda da massa óssea é um fenômeno universal do envelhecimento, que pode ter seu índice modificado por fatores genéticos, endócrinos e ambientais. O osso humano encontra-se em constante renovação e vários hormônios regulam esse processo. Na menopausa, ocorre a queda do estrógeno e, conseqüentemente, o aumento da reabsorção óssea. Uma pequena ingestão de cálcio ou o aumento da excreção induzida por dietas ricas em sódio ou proteínas pode estar associado a um maior do risco de fraturas. O diagnóstico da doença é feito através da densitometria óssea, exame em é medida a massa óssea de qualquer parte do esqueleto. ?Toda mulher acima de 65 anos ou após a menopausa que apresente fatores de risco para osteoporose deve realizar esse exame?, recomenda a Evelin Goldenberg. Homens acima de 70 anos ou que apresentem fatores de risco também devem fazer a densitometria.

Fatores que contribuem para o desenvolvimento da doença

* Baixo consumo de cálcio.

* Excesso de sal e café.

* Falta de exercícios físicos.

* Abuso no consumo de álcool.

* Tabagismo.

* Uso prolongado de medicamentos como a cortisona.

Eles também podem ter o osso fraco

Se entre as mulheres a osteoporose é uma doença que só agora está sendo levada a sério, entre os homens, ela muitas vezes, negligenciada e subtratada. Só que estudos epidemiológicos mundiais estimam que 1 em cada 5 homens acima de 50 anos terá uma fratura em decorrência da doença ao longo da vida. ?Para se ter uma idéia da dimensão do problema, a osteoporose é mais freqüente nessa faixa etária do que o câncer de próstata?, afirma Pierre Delmas, professor de Medicina e Reumatologia da Universidade de Lyon, na França. No Brasil, os números também chamam atenção. ?Aproximadamente 35% dos brasileiros com mais de 50 anos têm baixa massa óssea, fator importante que contribui para o desenvolvimento da osteoporose?, atesta o reumatologista Jaime Danowski, presidente do Comitê de Doenças Osteometabólicas da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), que conduziu um estudo epidemiológico sobre o tema.

Homens com mais de 50 anos apresentam maior risco de apresentar osteoporose, por isso os dirigentes da SBR não aceitam o baixo nível de conscientização que existe entre pacientes e médicos, uma vez que a osteoporose é uma doença devastadora e debilitante para os homens.

Aproximadamente metade dos casos de osteoporose masculina está associada ao envelhecimento, sendo que os homens normalmente desenvolvem a doença mais tardiamente do que as mulheres. Considerando-se o aumento da expectativa de vida no país, espera-se um crescente aumento no número de casos entre os homens. As outras causas da doença entre eles são secundárias, como o uso de corticóides por via oral, baixos níveis de testosterona e o alcoolismo.

Osteoporose em números no Brasil

* 10 milhões de brasileiros são portadores da doença.

* Apenas uma em cada três pessoas com osteoporose é diagnosticada. Destas, somente uma em cinco recebe algum tipo de tratamento.

* A doença afeta uma em cada três mulheres e um em cada oito homens.

* 18% das mulheres acima dos 50 anos têm osteoporose e outras 50% já começaram a apresentar os primeiros indícios de perda de massa óssea.

* No Brasil, ocorrem anualmente aproximadamente 100 mil fraturas de quadril.

Na fratura de quadril a maior preocupação

Na visão dos médicos, tratar a osteoporose – tanto em homens quanto em mulheres – significa reduzir o risco de fraturas, principalmente as de quadril, considerada uma das mais graves. Estudos científicos internacionais mostram que as conseqüências das fraturas de quadril na vida do paciente são impactantes:

* O risco de óbito é de até 24% no primeiro ano após a fratura de quadril.

* Somente 25% dos pacientes retornarão às suas atividades normais.

* Apenas 15% deles voltam a andar sem auxílio, isso seis meses após a fratura.

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