A data não foi esquecida. No dia 3 de novembro, completou-se o centenário do primeiro diagnóstico comprovado da doença de Alzheimer. Foi em 1906, que Alois Alzheimer, neuropsiquiatra e patologista alemão, apresentou pela primeira vez para a comunidade científica as observações a respeito de um caso clínico que chamou sua atenção. Uma mulher de 51 anos foi atendida em seu consultório em função do surgimento de sintomas de declínio de memória, desorientação no tempo e no espaço e dificuldades de comunicação oral e escrita.
Alzheimer examinou a paciente e, quando ela faleceu em 1906, realizou exames anátomo-patológicos do tecido cerebral. A detalhada descrição desses achados justificou a inclusão do caso como uma nova forma de doença. Passados cem anos, o conhecimento sobre a doença não pára de avançar. De acordo com Otto Fustes, chefe do serviço de neurologia do Hospital Pilar, hoje, as principais causas da patologia são conhecidos e os medicamentos para seu controle são eficazes. ?Os desafios ainda existentes são o de evoluir no campo do diagnóstico precoce e descobrir medicamentos eficientes que protejam os neurônios da destruição, livrando o paciente da demência?, reconhece o neurologista.
Estabilização e qualidade de vida
No entanto, a doença de Alzheimer não deve ser vista como culpada por toda a perda de memória que ocorre no ser humano. Problemas vasculares ou perda da função dos neurônios também influenciam o bom funcionamento da memória. ?À medida que envelhecemos, todos temos lapsos de esquecimento?, explica Fustes. É possível que a pessoa esqueça coisas importantes e que pareçam simples de se lembrar, como o nome de amigos ou datas de aniversário. Essa perda de memória relacionada ao envelhecimento é normal, mas, no entender do especialista, não precisamos simplesmente aceitar esse fato, pois podemos agir preventivamente para minimizar tais perdas.
?O Alzheimer é uma doença degenerativa que afeta o cérebro e ainda não tem cura?, esclarece o médico, salientando que ela causa comprometimento da memória, do raciocínio, da comunicação e dos movimentos, atingindo aproximadamente 15 milhões de pessoas em todo o mundo. Em geral, o declínio das funções intelectuais ocorre num período de dois a 10 anos, culminando com a total dependência e até mesmo a morte. A boa notícia é que a ciência começa a encontrar alternativas para adiar o processo de degeneração dos neurônios, característica da doença, proporcionando estabilização do quadro e melhor qualidade de vida aos pacientes.
As fases da evolução da doença
LEVE – Déficit de memória e dificuldades no seu dia-a-dia são justificados como um esquecimento próprio da idade. Começam a surgir outros sintomas, como dificuldade de aprender coisas novas, de raciocínio e cálculo. Falta de concentração e desorientação espacial.
MODERADA – Existe um agravamento de todos os sintomas da fase inicial. O paciente necessita de alguém para cuidar de suas atividades diárias de rotina (se alimentar, vestir e higiene pessoal). Ocorre piora progressiva da memória. Pode apresentar mudança de personalidade, delírios, desconfiança, confusão e alucinações, por vezes com comportamento agressivo e hostil.
FINAL – Nessa fase o paciente encontra-se completamente incapacitado, não consegue mais se comunicar e necessita de cuidados 24 horas por dia, apresentando imobilidade progressiva e perda do controle urinário e fecal.
Para diminuir os riscos da doença
* Atividade mental regular.
* Atividade física regular.
* Boa alimentação.
* Bom sono.
* Lazer.
* Evitar maus hábitos: não fumar, beber com moderação.
* Cuidados com a saúde física geral: tomar os medicamentos corretamente.
* Consultar o médico regularmente.