A queda acentuada de testosterona pode provocar irritação, cansaço, depressão e perda de interesse pelo sexo, situações que na maioria dos casos pode ser revertida pela terapia hormonal.

É quase certo afirmar que da menopausa todos já ouviram falar. No entanto, a andropausa, versão masculina dessas mudanças hormonais significativas, não é conhecida por grande parte da população. Segundo o Jornal Brasileiro de Medicina, a falta de informação é a principal causa desse desconhecimento. De acordo com a publicação, somente 20% dos homens com idade entre 60 e 70 anos, período de pico da andropausa, apresentam sintomas, enquanto as mulheres não escapam dos desconfortos comuns desde o início da menopausa.

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Conforme o clínico geral e homeopata Eduardo Lambert, especialista no tema, a andropausa é a chamada “crise do homem”, um fenômeno de ordem psicossocial e cultural que ocorre a partir dos 45 ou 50 anos e que vai até 60 anos ou mais. O médico diz que é, sobretudo, na área sexual que esse desconforto vem à tona, ?principalmente quando o homem não buscou orientação e não conseguiu muitas realizações na vida?. Assim, sem objetivos ou ideais conquistados, a autoconfiança e a auto-estima vão ?lá pra baixo?, detonando um processo de culpa que pode causar graves transtornos emocionais.

O especialista explica que em qualquer idade o homem pode ter distúrbios do desejo sexual, da ereção e da ejaculação, mas, uma falha sexual, seja qual for a origem, pode fazer surgir a indesejável e amedrontadora idéia do “tudo acabou, pois estou ficando velho?. Na realidade, conforme Lambert, isso mostra um despreparo pela falta de conhecimento dessa importante fase da sua vida. ?A andropausa é um problema da idade que merece uma boa orientação e um tratamento adequado?, esclarece.

Queda de testosterona

A espermatogênese, a capacidade reprodutiva do homem, vai até uma idade avançada (80 a 90 anos ou mais), por isso, a maioria dos homens alega não apresentar o mais leve sintoma da andropausa – dificuldades para conseguir ter ou manter a ereção, perda de interesse sexual, cansaço ou irritação, entre outros. No entanto, para a maioria dos que passam dos 45 anos de idade, a queda na produção de testosterona, sinônimo de virilidade, é um fantasma que continua assustando. Segundo o andrologista Lídio Jair Ribas Centa, a partir dessa idade, os níveis desses hormônios no organismo vão diminuindo normalmente, e, dependendo de vários fatores, como hereditariedade e condições de vida, essa redução pode se acentuar, provocando diversos tipos de reações.

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O papel mais conhecido da testosterona é o de garantir as características próprias do sexo masculino, como pêlos no rosto, voz grossa e potência sexual, mas eles também têm vital importância no desempenho de outros órgãos como cérebro, ossos, músculos e rins, entre outros. Há certos fatores que tornam o surgimento da andropausa mais precoce: tabagismo, alcoolismo e maus hábitos alimentares. De acordo com os especialistas, não existe um tratamento específico, mas há maneira de compensar a falta de testosterona. Neste particular, a terapêutica hormonal de substituição ou os suplementos hormonais podem desempenhar um papel importante. ?O primeiro passo para superar esses obstáculos é não demorar muito para buscar auxílio especializado?, completa Eduardo Lambert.

Quanto mais velho, melhor

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Algumas coisas parecem melhorar com o tempo. Um estudo feito com 1.185 voluntários masculinos, de 20 a 79 anos, verificou que os homens na faixa dos 50 anos de idade estão mais satisfeitos com suas vidas sexuais do que aqueles com 30 ou 40. Segundo a pesquisa, feita na Noruega, o nível de satisfação identificado entre os homens entre 50 e 59 anos foi similar ao registrado na faixa de 20 a 29 anos. Os resultados foram publicados no periódico oficial da Associação Britânica de Cirurgiões Urologistas. Dos voluntários, 86% eram casados ou tinham companhia sexual e 57% disseram ter tido relações sexuais nos 30 dias anteriores à pesquisa. Quanto aos medicamentos utilizados, os principais foram para pressão alta (tomados por 25%), ansiedade ou depressão (6%), diabetes (5%) e disfunção erétil (5%). ?Os resultados do estudo mostraram uma relação muito forte entre o aumento da idade e a redução nas funções sexuais, mas não entre idade e satisfação sexual?, concluíram os pesquisadores.

Alterações hormonais na Andropausa

* Cansaço físico e mental.

* Alterações de memória e capacidade de concentração.

* Falta de motivação e disposição para a realização de exercícios físicos.

* Insônia, irritabilidade.

* Aumento de peso e perda de massa muscular.

* Osteoporose.

* Dificuldades para conseguir ter ou manter a ereção.

* Perda de interesse para fazer sexo.