Há exatos 28 anos, o aposentado Assis dos Santos de Oliveira se tornou o primeiro paciente da América Latina a ser submetido a uma angioplastia com balão. A técnica é feita apenas com a inserção, através da artéria do braço, de um pequeno balão que será insuflado no local do entupimento. Desta forma, o balão esmaga a placa de gordura contra a parede da própria artéria, desintegrando-a e permitindo a passagem do fluxo sangüíneo. ?Comemoro a vida nova todos os dias. Graças a essa angioplastia continuo vivendo bem e sinto-me muito forte?, diz Oliveira, que, aos 83 anos, mora sozinho, em Lages (SC) e cuida de sua própria lavoura.
Do outro lado, o cardiologista Costantino Roberto Costantini também tem motivos para comemorar. Foi o médico que, em 1979, realizou, na Santa Casa de Misericórdia de Curitiba, o procedimento inovador para a época. Hoje, a angioplastia coronariana é indicada para diversas lesões nas artérias, com a chegada dos stents com medicamentos, se tornando a primeira opção de tratamento em infarto agudo do miocárdio com implante de stent.
Mais do que entrar para a história da cardiologia intervencionista, Oliveira estava mudando sua própria história ao sentir dores no peito. Para que seu coração continuasse recebendo o fluxo sangüíneo era necessária uma cirurgia cardíaca. No entanto, Costantini tinha outra sugestão – tentar a pouco conhecida técnica da angioplastia. Pai de 11 filhos, Oliveira aceitou a novidade que lhe dava a perspectiva de recuperar mais rapidamente uma das coisas que sempre lhe foram mais importantes – a qualidade de vida.
?Hoje, Oliveira representa o exemplo vivo da evolução da doença coronária, que, sem os devidos cuidados, tratamentos e prevenção, continua se desenvolvendo?, afirma o cardiologista. Isso porque, após o primeiro procedimento, o aposentado foi submetido a outros três – o que mostra que a doença coronariana não tem cura, mas pode ser tratada e sua evolução controlada. Em 1992, Oliveira passou por um rotablator, seguido de angioplastia e, em 1995, recebeu um stent na porção distal da mesma coronária direita, em outro segmento da artéria. Conforme Elizabete Oliveira Ribeiro, a mais nova de suas filhas, aceitar a angioplastia foi a decisão mais acertada. ?Hoje, além de continuar entre nós, meu pai tem uma vida bastante ativa?, comemora.