Enquanto algumas pessoas parecem “dormir como pedras”, outras costumam travar uma batalha constante com o travesseiro. Segundo dados da Sociedade Brasileira do Sono, 50% da população mundial dorme mal. Entre as pessoas que enfrentam problemas de sono, apenas 25% têm consciência da existência dos mesmos. No Brasil, 45% dos habitantes não conseguem ter noites bem dormidas.
Geralmente causados por alterações respiratórias, os problemas podem atingir pessoas de todas as idades e de ambos os sexos. Entre as mulheres, a insônia e os chamados movimentos periódicos costumam ser os principais empecilhos para um descanso noturno de qualidade. O primeiro problema é caracterizado por dificuldade em iniciar o sono, acordar várias vezes durante a noite ou acordar muito antes do horário e não conseguir mais dormir. “Ninguém sabe ao certo o que causa a insônia, mas especialistas acreditam que ela pode estar relacionada com alterações hormonais, depressão e ansiedade”, diz a psiquiatra e vice-presidente da Sociedade Paranaense de Sono, Gisele Minhoto.
Já os movimentos periódicos são espasmos ou abalos musculares realizados constantemente durante o sono. Os mesmos geralmente são acompanhados por um distúrbio chamado “pernas inquietas”, no qual a pessoa sente um peso ou incômodo nas pernas e tem necessidade de movimentá-las, não encontrando uma boa posição para dormir. “Quem realiza os movimentos periódicos costuma acordar com cãibras, com a cama bastante bagunçada e corre até mesmo o risco de ferir a pessoa que dorme ao lado.”
Entre a população masculina, o problema mais freqüente costuma ser a apnéia noturna, que é mais comum em homens a partir dos 40 anos de idade e pode estar relacionada à obesidade. A doença está associada ao ronco (embora nem todos que ronquem a tenham), e é caracterizada por paradas respiratórias freqüentes durante à noite.
Segundo Gisele, as paradas duram no mínimo dez segundos e podem ocorrer até noventa vezes em uma única hora de sono. “Cada vez que a pessoa pára de respirar, ela “micro desperta”. O nível de oxigênio do organismo cai e o coração precisa bombear o sangue com muito mais força, o que faz com que haja sobrecarga, e aumento dos riscos de a pessoa sofrer um enfarto ou um derrame.”
Todos os problemas, independente se mais comuns em homens ou mulheres, geram irritabilidade, cansaço e podem ser causas de acidentes de trânsito ou trabalho (quando o mesmo envolve a utilização de maquinários). As alterações costumam ser tratadas por médicos de diversas áreas com especialização em Medicina do Sono.
O controle pode envolver medicamentos, mudanças de hábitos comportamentais, cirurgia (como de retirada da amígdala), utilização de placas para puxar a mandíbula ou segurar a língua, emagrecimento e adoção de aparelho de pressão contínua do ar (para quem tem apnéia).
Hipersonia
Embora dormir pouco seja bastante incômodo, dormir em excesso (hipersonia) também pode ser problema. Embora seja considerada rara, uma doença conhecida como narcolepsia afeta a qualidade de vida de muitas pessoas em todo mundo. Gisele explica que as vítimas do problema têm verdadeiros ataques de sono, dormindo repentinamente em qualquer situação e em qualquer lugar. Frente a situações de emoção, podem perder o tônus muscular e literalmente desabar.
“O problema é bastante incômodo e faz com que a pessoa fique desmoralizada ao dormir, por exemplo, no ambiente de trabalho, sendo considerada displicente. Ele geralmente se manifesta antes dos trinta anos de idade e é causado por fatores genéticos. O tratamento envolve o uso de uma série de medicamentos”, finaliza.