Depois de passar o ano cumprindo expediente normal de trabalho, é natural que qualquer trabalhador esteja aguardando ansiosamente as tão sonhadas férias, sinônimo de descanso físico e mental. Certo?
Nem tanto. Uma pesquisa realizada pela International Stress Management Association (ISMA) no Brasil, com 678 profissionais de 25 a 55 anos, aponta que 38% deles – se pudessem optar não tirariam férias.
Conforme os dados da pesquisa as principais razões seriam: decisões importantes podem ser tomadas na empresa durante suas férias (46%), possibilidade de mudanças de cargo ou responsabilidades devido à adequação ou reestruração do quadro funcional (32%), diminuição de gastos com pessoal que ocorrem nesse período (19%); e por acharem que ninguém irá sentir a falta de profissional em férias (3%).
No Brasil, o do período de 30 dias de descanso aos trabalhadores está previsto em lei. Para a psicóloga Tânia Margot Klein, as férias têm um fator motivacional e desestressante, e não há motivos para que os trabalhadores tenham receio.
Do prazer de passar um período sem as preocupações da rotina de trabalho ao receio por ficar ausente muito tempo da empresa, muitos profissionais passam pelo que os especialistas chamam de “fobia de tirar férias” (vacation phobia).
“Recentes estudos indicam que as férias, tradicionalmente associadas ao relaxamento e ao descanso, têm sido apontadas como um período estressante na vida do trabalhador”, afirma a psicóloga.
Insegurança
Para Tânia, a postura da empresa também pode colaborar para que o trabalhador se sinta seguro. “As empresas que conseguem manter suas equipes motivadas são aquelas que apresentam um bom clima organizacional, investem em treinamento e desenvolvimento e qualidade de vida no trabalho”, explica.
Assim, dificilmente, algum profissional estará receoso em gozar as merecidas e reparadoras férias, passando ao largo de qualquer tipo de síndrome por esse motivo.
No entanto, mesmo sem qualquer tipo de motivo aparente, o empregado tenha medo de sair de férias, a psicóloga aconselha que se evite os períodos longos, dando preferência a pequenos períodos de descanso. A pesquisa aponta que, na maioria dos casos de síndrome das férias, a preocupação é gerada por insegurança.
“Com efeito, cada profissional deve avaliar os sintomas e se sua relação com a empresa se mantém saudável e, caso necessário, buscar auxílio especializado para superar esse trauma”, recomenda Tânia Klein.
Férias particionadas
Quando o período de férias chega, é tempo de restauração e descanso para o corpo, inclusive, prevenindo doenças ocupacionais. “As férias contribuem para a recuperação dos tecidos corporais que estavam sendo prejudicados pelas longas jornadas de trabalho, postos de trabalho não-adequados e posturas erradas na realização de atividades”, enumera o fisioterapeuta do trabalho, Rodrigo Azevedo.
Como o trabalhador sai da sua rotina normal, ele deixa de sobrecarregar as estruturas que normalmente são exigidas na sua atividade profissional, conseguindo prevenir o surgimento das lesões e doenças por esforços repetitivos.
Dividir o período de férias é uma sugestão a ser considerada. Se a pessoa tiver somente dez dias de descanso, por exemplo, o ideal é utilizá-los para realmente descansar a cabeça, se divertir, conhecer pessoas e lugares diferentes da sua rotina.
Tânia Klein defende que, independentemente, de 30 dias diretos ou em etapas, o importante é não dispensar as férias. “Sair da rotina permite uma oxigenação que será transformada em motivação ao retornar ao trabalho”, completa.