Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que cerca de 1,5% da população brasileira tem algum problema auditivo. Nos ambientes de trabalho, a prevalência é de 30% a 50% das pessoas que sofrem algum distúrbio auditivo. Além do ruído, os produtos químicos começaram a ser estudados, na década de 80, como sendo responsáveis por lesões na audição.
Esses e outros temas estão sendo discutidos em Curitiba no 2.º Seminário Promoção da Saúde Auditiva: Enfoque Ambiental. O evento, que começou ontem e termina hoje no Auditório do Setor de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba, é promoção da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), com o apoio da Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Paraná. A coordenadora do evento, Thais Morata, diz que a iniciativa objetiva discutir a realidade da saúde auditiva, bem como analisar quais os avanços conceituais e práticos, conquistas e estratégias utilizadas na prevenção dos efeitos de agentes ambientais sobre a saúde auditiva.
A preocupação com as perdas auditivas ainda é muito recente. “Somente nos últimos vinte anos é que as atenções estão se voltando para o tema”, afirma o professor Samir Gerges. Segundo ele, cerca de 40% dos trabalhadores acima de 50 anos têm perda auditiva por ruído ocupacional.
Nos EUA
Nos EUA, o governo criou somente em 1969 legislação sobre o assunto, aplicada basicamente nas companhias que tinham atividades causadoras de ruídos. Segundo a doutora em Audiologia Alice Suter, que também trabalhou junto à Agência de Proteção Ambiental Americana e ao Ministério do Trabalho e da Saúde dos EUA, só em 1970 é que o Congresso americano expandiu a legislação, que acabou sendo copiada por outros países como o Brasil. O limite de exposição aceito passou a ser de 80 decibéis por um período de 8 horas.
Alice Suter comenta que nos EUA uma população de cerca de 9 milhões de pessoas está exposta a ruídos acima de 85 decibéis, mas na Europa esse número chega a trinta milhões. As atividades mais susceptíveis são em fábricas de derivados de madeira, têxtil, petróleo, metais primários e gráficos.
Químicos
A legislação brasileira prevê apenas que sejam feitos testes audiométricos para a verificação de decibéis, mas não exige verificação de exposição de produtos químicos, que também levam à perda da audição. Um estudo feito junto aos agentes da Fundação Nacional da Saúde, em Pernambuco, que trabalham com diversos inseticidas em campanhas contra doenças como a dengue, febre amarela e Chagas, mostrou que há uma grande incidência de efeitos na audição pela exposição química.
Os resultados apontaram que as exposições crônicas aos inseticidas empregados nas campanhas afetam o sistema auditivo no nível periférico e central, independente da exposição concomitante ao ruído. Além disso, o ruído potencializa os efeitos nocivos dos inseticidas.