O ortodentista Jaime Bonfim Bettega, de Ponta Grossa, é o primeiro brasileiro portador de diabetes tipo 1 a testar insulina inalável. Ele e outras 120 pessoas no País fazem parte de uma pesquisa, que está sendo desenvolvida de forma conjunta, por setenta instituições do Brasil, EUA, Canadá, México, Alemanha e Argentina.
O novo produto, além de mais confortável para os usuários, deverá substituir as injeções diárias que os portadores necessitam administrar para controlar a doença, e deverá estar no mercado em até quatro anos. Seis instituições brasileiras estão fazendo a pesquisa: o Centro de Diabetes de Curitiba, as universidades de São Paulo (USP) e Campinas (Unicamp), a Escola Paulista de Medicina, e as universidades federais do Rio Grande do Sul (UFRS) e Minas (UFMG).
Os endocrinologistas de Curitiba, Silmara Oliveira Leite e Edgard Dávila Niclewicz estão comandando as investigações no Paraná. Segundo eles, a pesquisa foi encomendada por um laboratório e deverá ter os resultados aprovados pelo Food Drug Administration (FDA) ? órgão regulador de medicamentos e alimentos dos EUA ? antes que ser liberado para o uso. A principal questão está em levantar qual o comprometimento do medicamento inalável para o pulmão.
Comparativo
As pesquisas no Brasil começaram em julho desde ano, e de acordo com Silmara Leite todos os pacientes serão acompanhados por um período de dois anos e meio. Um grupo de pacientes vai testar a insulina inalável, e o restante continuará utilizando a insulina injetável. A escolha desses grupos é feita através de sorteio, nos EUA.
Jaime Bettega foi o primeiro dos escolhidos, com diabetes do tipo 1, para testar a nova forma da droga. O ortodontista já vem utilizando a insulina inalável há uma semana, e conta que observou redução na hipoglicemia (redução da taxa de açúcar no sangue), “além de ser mais fácil e prático de utilizar”. A insulina em pó é colocada em um equipamento semelhante a um descongestionante utilizado por pacientes com bronquite ? também conhecido com bombinha ?, e inalado em apenas cinco segundos.
Doença
A diabetes é uma doença causada por uma disfunção do pâncreas que deixa de produzir insulina ? hormônio que controla a entrada de glicose nas células e o seu nível no sangue ? ou a produz deficiente ou em menor volume. Como conseqüência, o organismo apresenta quantidade menor de glicose nas células e maior volume circulando no sangue.
A diabetes é dividida em tipo 1, quando o organismo deixa de produzir insulina ou produz apenas uma quantidade íntima. Nesses casos o paciente precisa “tomar” insulina para viver; e tipo 2, quando a pessoa produz o suficiente de insulina, mas a taxa deve ser controlada através de tratamentos e alimentação.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, lembra o médico Edgard Niclewicz, a segunda principal causa de cegueira é por diabetes mal controlada. A doença também é responsável por 70% das amputações não traumáticas no mundo. Hoje 160 milhões de pessoas são portadoras de diabetes no mundo, e a projeção é que em 2020 esse número salte para 300 milhões. Edgard diz que isso irá acontecer em função da má alimentação e sedentarismo da população.
