O velho chimpanzé Bob, de 32 anos, reina sozinho em sua ilha particular localizada no Zoológico de Curitiba. Inteligente e engraçado, ele é apenas uma das muitas estrelas do local, que reúne 1,8 mil animais numa área de 500 mil metros quadrados e recebe em média 30 mil visitantes a cada mês. Entre as principais atrações estão onças, tigres, leões, antas, urso, girafas e lhamas, além de outros animais.

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“É impossível dizer qual o meu preferido”, diz o chefe dos tratadores, José Francisco de Jesus, que trabalha há mais de 30 anos no zôo e é conhecido como Tamandaré. “Todos dependem exclusivamente de nós para sobreviver, por isso aprendemos a gostar deles como se fossem nossos filhos”, diz. “Eu realmente considero os quase dois mil animais do zôo como se fossem a minha segunda família”, afirma Tamandaré.

Ele sabe de cabeça a maioria dos nomes. Chama o leão Simba para posar para a foto, faz graça com o macaco-aranha Zulu, dá comida na boca da anta e passeia entre as lhamas. “O que mais me dá medo é o babuíno, pois ele é ligeiro, inteligente, agressivo e não tem medo de nada”, explica.

Entre os destaques do zoológico está Shogun, um tigre de Bengala macho (Panthera tigris tigris), que pesa 200 quilos. O animal foi doado em 2011 pelo zoológico do Parque Beto Carrero.

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Embora conviva com as feras, Tamandaré conta que nunca foi mordido, salvo uma picada que levou de uma cobra Jibóia no início de sua trajetória profissional, quando ainda era treinador no Passeio Público. “Aprendi a respeitar o espaço de cada animal e este é o grande segredo para a boa convivência”, garante. “Assim como os humanos, eles só querem ser respeitados”, diz.

Observador atento, Tamandaré aprendeu tudo o que sabe na prática. “O chimpanzé é muito inteligente. Para que não sinta solidão em sua ilha particular, muitas vezes conversamos e brincamos com ele”, conta.

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No caso das aves, detalhes dos habitats são constantemente alterados – a areia é trocada por folhas e gramas, por exemplo – para quebrar a rotina. “Com alguns animais brincamos de esconder a comida ou deixá-la em locais diferentes, para evitar a monotonia”, explica.

Também faz parte da terapia aplicada aos bichos a dieta de verão, que inclui sorvete de frutas naturais e sorvete de sangue com carne moída, esta especial aos felinos, servida duas vezes por semana nos dias mais quentes. “São pequenos truques para tirá-los da rotina e promover um enriquecimento ambiental aos animais”, explica o tratador.

Túnel do Tempo

Servidor municipal há 32 anos, Tamandaré lembra-se perfeitamente do dia da inauguração do Zoológico de Curitiba. “Havia um filhote de leão, o Jaiminho, que ganhou este nome em homenagem ao então prefeito Jaime Lerner. O bicho ficou muito assustado com o foguetório e com a grande quantidade de pessoas presentes. Ele ficou revoltado e quis me morder”, conta.

Segundo Tamandaré, inicialmente o zôo era para ser um “parque de leões”, mas logo chegaram outros moradores, como antas, cervos e outros animais, e o local se transformou em zoológico. Atualmente, o mais antigo morador é o tamanduá-bandeira, que está no zôo há 27 anos. “Há outros mais velhos, como o chimpanzé, mas que já vieram para cá adultos”, explica.

Tamandaré elogia o comportamento do público visitante do zoológico e conta que nas últimas décadas houve uma grande evolução. “Hoje as pessoas estão mais conscientes. Antes jogavam pedras nos jacarés e atiravam comida aos animais. Agora, especialmente as crianças, são muito mais educadas e raramente precisamos chamar a atenção de alguém”, conta.

Ele conta que no período de novembro a fevereiro o público é formado basicamente por turistas. “O zôo se tornou ponto de referência da cidade e está incluído em pa,cotes turísticos que trazem visitantes de vários estados e de outros países, além dos de Curitiba”, afirma. Segundo ele, a maioria vem de Santa Catarina.

Acostumado a passar no mínimo oito horas diárias no zoológico, Tamandaré diz que não consegue imaginar a sua vida longe do reino animal. “Quando eu me aposentar, certamente continuarei trabalhando com bichos, seja num parque como o Beto Carrero ou numa atividade voluntária de proteção animal”, afirma.

Infraestrutura

Com aproximadamente 1,8 mil animais de 130 espécies – entre aves, peixes, mamíferos e répteis, exóticos e nativos, o zoológico é garantia de diversão e conhecimento.

Para melhorar a segurança dos visitantes, a Guarda Municipal de Curitiba mantém um módulo 24 horas, localizado na portaria do Zoológico. O módulo permite um trabalho ativo dos profissionais, tanto na segurança dos visitantes como na conservação do patrimônio.

Nos finais de semana, devido ao aumento significativo do número de visitantes, há um reforço na equipe. Os guardas municipais fazem rondas de bicicleta e caminhando. A média de visitantes tem sido de 30 mil pessoas no zoológico, mas num único fim de semana com tempo bom, o número de visitantes pode chegar a 15 mil.

Serviço:

Zooógico de Curitiba

 Rua João Miqueletto, Alto Boqueirão (acesso pela rua Eduardo Pinto da Rocha)

 Horários de funcionamento: terça-feira a domingo, das 9 às 17 horas.