A temporada de observação de baleias francas na Praia do Rosa, em Imbituba (SC), abre oficialmente no próximo domingo (19). O whale watching, como é chamado o tour de observação de baleias em inglês, é um segmento de turismo que vem crescendo e ganhando cada vez mais adeptos – até porque tem a ver com consciência ambiental. Afinal, para preservar, nada melhor que conhecer de perto os hábitos e a beleza desses animais.

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O litoral catarinense tem potencial de sobra para esse tipo de tour. Tanto que, na paradisíaca Praia do Rosa, há até uma operadora especializada em observação embarcada de baleias, licenciada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e reconhecida pela Empresa Brasileira de Turismo (Embratur). A Turismo Vida Sol e Mar é uma das cerca de 20 empresas especializadas nesse tipo de passeio em todo o mundo.

O proprietário, que também é vice-presidente da International Whale Watching Association e conhecido como o “homem das baleias” no Brasil, Enrique Litman, explica que a região se beneficia da preservação adequada dos bichos, o que propicia também o uso das baleias como patrimônio turístico capaz de mobilizar importantes somas para as comunidades costeiras no período de reprodução da espécie -justamente a baixa temporada de turismo no litoral catarinense.

Durante o passeio, o turista consegue ver de perto as baleias em alto-mar, inclusive acompanhadas dos filhotes. Possibilidade, esta, que torna emocionante a visitação a esses grandes mamíferos.

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Preservação

Nos últimos 40 anos, observou-se uma mudança significativa na atitude do público e governos com relação às baleias.

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“A reação à matança em larga escala teve seu primeiro grande marco na Conferência de Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano, em 1972, que propôs pela primeira vez, formalmente, uma moratória na caça desses mamíferos, então muito ameaçados”, diz Litman.

As baleias deixaram de ser vistas meramente como uma fonte de óleo e carne a ser apropriada por uma restrita aliança de indústrias, comandadas em nível transnacional pelo Japão, e passaram a ser percebidas como relevante patrimônio ecológico, científico, turístico e cultural.

“Fatores biológicos, ecológicos, culturais, sociais, éticos e mesmo econômicos – com o advento do ecoturismo – contribuíram para essa mudança benigna de visão, de baleias-recurso para baleias-patrimônio”, define o empresário.

No Brasil, o movimento em prol das baleias começou a ganhar força nos anos 70s, com o País adotando em seguida legislação doméstica protetora e assumindo postura pró-conservação das baleias nos foros internacionais.

SC e BA, locais para ver os bichos

No Brasil, Santa Catarina está entre as regiões onde a prática é mais propícia, junto com a Bahia, onde a atração são as baleias jubarte.

A diferença é que a baleia franca, que aparece no litoral catarinense entre julho e novembro, é a única que se aproxima muito da costa, o que permite observá-la inclusive por terra. Por isso, o whale watching no Rosa começou a ser feito de carro há quase 15 anos. As baleias chegavam a 30 metros da praia.

Só em 1999 a operadora Turismo Vida Sol e Mar iniciou o tour embarcado. Ano passado a modalidade bateu recorde de público. As baleias chegaram mais cedo em 2008, ainda no início de julho, e vieram em grande número – o que dá indícios de que se repetirá este ano, já que as primeiras foram vistas algumas semanas atrás.

Prática se difundiu mundo afora

O whale watching é praticado em 90 países por mais de dez milh&ot,ilde;es de pessoas todos os anos. Nas Américas, essa modalidade acontece principalmente no Brasil, Argentina, Chile, Uruguai, México, Canadá e Estados Unidos.

A observação organizada de baleias com finalidade basicamente recreativa teve início no estado norte-americano da Califórnia, no final da década de 40, quando o pesquisador Carl Hubbs iniciou observações científicas das baleias cinzentas (Eschrichtius robustus) que migravam ao longo da costa.

As pessoas subiam nos telhados das casas para ver os animais. Mas o maior impulso comercial nesta modalidade de turismo teria lugar na costa oposta dos Estados Unidos, em Massachusetts, que em 1975 viu surgir em Provincetown, Cape Cod, um empreendimento que se centrava na observação embarcada de baleias jubarte, fin, minke, raríssimas baleias francas boreais e golfinhos, na região de Stellwagen Bank (hoje santuário marinho norte-americano).

O tour no Rosa

Ao visitar as baleias, o grupo de turistas (não mais que 20) tem mais que apenas a possibilidade de observá-las em seu ambiente natural. Todos levam para casa também informações sobre os animais e seu modo de vida, já que o tour é acompanhado por um biólogo a bordo.

O barco utilizado no passeio foi projetado especialmente para esta finalidade e, de acordo com os organizadores, possibilita avistar perfeitamente as baleias, com toda a segurança.

Os pontos de partida são as praias de Garopaba, do Porto ou, ainda, de Itapiruba, dependendo da localização das baleias. A embarcação ruma imediatamente para a praia onde haja avistagem confirmada, geralmente de fêmea e filhote. A aproximação se dá conforme o comportamento das baleias, em observância estrita da legislação vigente para a proteção dos animais.