Foto: Jotafreitas/Bahiatursa |
O Pelourinho, com seu casario dos séculos XVII e XVIII, é referência em Salvador. Turistas de todo mundo circulam por lá. |
Alegria. Esse é o adjetivo que define melhor o que os soteropolitanos passam aos turistas. Quem vai a Salvador, capital da Bahia, nota que, apesar de tudo, aquela máxima de que dinheiro não traz felicidade é um pouco verdadeira. Ao menos na Bahia, onde o sorriso está sempre estampado no rosto de todos. Digo todos mesmo. Se os ricos têm posses para poder gastar e aproveitar os encantos de Salvador, os pobres não ficam constrangidos. Eles também trabalham com alegria e fazem de sua atividade uma diversão.
Salvador é uma cidade preparada para o turismo. Não só na época do famoso Carnaval, mas durante todo o ano. Aliás, lá todo mês é verão, mas não dá para negar que a estação mais quente é também a mais alegre por lá, talvez, por ser a que mais atrai turistas. E os cerca de 3 milhões de habitantes da cidade sabem como ser hospitaleiros. Aliás, sabem como ciceronear pessoas de todo o mundo. É comum ver pessoas simples, que não tiveram muita oportunidade de estudo, falando inglês ou espanhol pelas ruas e ladeiras da primeira capital do Brasil. Em Salvador, desde o vendedor de artesanato, passando pelo taxista até chegar ao diplomata, todo mundo sabe que as relações humanas são importantes para o desenvolvimento da cidade.
Falando em passear, nada melhor que conhecer o Pelourinho. A palavra pelouro significa coluna em latim. O Pelourinho é o local onde ficavam as colunas em que os escravos eram castigados publicamente. Os maus comerciantes, inclusive os brancos, também recebiam punições nas colunas do Pelourinho. Curioso lembrar que 87% da população de Salvador é composta por afro-descendentes. Hoje, o Pelourinho é uma grande referência da cidade, visitado por pessoas do mundo inteiro, e também é um grande centro de passagem dos baianos. Por isso, está sempre movimentado. No Pelourinho, entre outras atrações encontramos a Casa de Jorge Amado. Construído em 1987, pelo então presidente José Sarney, o museu apresenta um pouco da vida e da obra de um dos maiores escritores brasileiros.
A primeira escola de ensino superior do Brasil também fica no Pelourinho. O prédio da Faculdade de Medicina, datado de 1808, deve voltar a ser usado em breve para receber alunos do curso de Medicina da Universidade Federal da Bahia.
Fé, história e riqueza
Foto: Lawarence Manoel |
Mercado Modelo faz a alegria dos turistas que não abrem mão dos souvenires. |
A região do Pelourinho abriga seis igrejas. Cada uma delas com uma história e uma formação diferente. A mais curiosa delas talvez seja a Igreja de São Francisco de 1.ª Ordem. Ela é considerada a mais rica do Brasil. Suas paredes e o teto são formados com gesso e uma cobertura de ouro. Estima-se que 800 quilos de ouro fazem a decoração da igreja. Fundada em 1723, ela demorou 40 anos para ficar pronta, graças a doações. Na decoração, outro detalhe são os anjos feitos de gesso. Todos eles têm faces feias e alguns até com trejeitos homossexuais. A explicação é que os escravos os faziam assim como forma de protesto contra a dominação dos brancos. Já os brancos, não os puniam, acreditando que eles faziam anjos feios por não terem capacidade de fazê-los mais bonitos. Os negros podiam freqüentar as missas na Igreja de São Francisco, mas tinham locais especiais, no fundo da igreja, em que a visão do altar era coberta por colunas. Nesta área há anjos negros na decoração.
Renda-se às tentações baianas
Lawrence Manoel
Fotos: Jotafreitas/Bahiatursa |
Elo entre as Cidades Alta e Baixa, o Elevador Lacerda é também um ícone da capital. |
Salvador é dividida em Cidade Alta e Cidade Baixa. Para unir os dois lados da cidade, uma construção arquitetônica no mínimo inusitada. Um elevador transporta as pessoas para os dois lados. O hoje famoso Elevador Lacerda fica a 73 metros de altura e era originalmente chamado de Parafuso Hidráulico da Conceição.
Esse elevador foi criado para trazer as mercadorias que chegavam ao porto até a parte mais alta da cidade. Atualmente, serve como meio de transporte. Cada pessoa paga R$ 0,05 para utilizar o elevador. Na Cidade Baixa, bem próxima ao elevador Lacerda está o Mercado Modelo. Ótimo local para quem busca um pouco do artesanato baiano.
Porto da Barra é uma das praias mais freqüentadas. |
Mas Salvador não se resume apenas à região central. Com um clima como o da cidade, é impossível não falar das belas praias baianas. Entre elas, a famosa Itapuã e a Praia do Forte, onde fica o Farol da Barra, no antigo Forte de Santo Antônio da Barra.
A noite baiana também é encantadora. Salvador reserva uma série de bares e casas noturnas com o melhor de todos os ritmos nordestinos. Desde o forró, xaxado até o axé music, invenção dos baianos que faz sucesso em todo Brasil e em outros países. Nesta época do ano, é interessante acompanhar os ensaios das bandas para o Carnaval. Com preços baixos, se pode ver shows com grupos e cantores famosos da Bahia.
?Hambúrguer de baiano?
Acarajé, o ?hambúrger de baiano?. |
O acarajé é o quitute mais famoso da Bahia. O bolinho com massa e feijão, geralmente recheado com frutos do mar, principalmente camarão, e bem apimentado, faz sucesso entre baianos e turistas. Originalmente, ele foi criado como oferenda para orixá (denominação dada aos santos das religiões afro, a umbanda e o candomblé. Na Bahia a mais forte religião afro é o candomblé). Pela cidade, há muitas baianas de acarajé. A mais famosa delas é a Dinha, que vende seus bolinhos no Largo de Santana.
Quando a rede de fast food McDonald?s se instalou na Bahia, abriu sua primeira loja bem próximo aos acarajé da Dinha. Marqueteiros como sempre, os ?donos do hambúrguer?, então, fizeram um desafio à baiana. Determinaram um período de tempo para ver quem vendia mais. Não deu outra, o acarajé superou de longe a novidade importada. Hoje, os baianos chamam o acarajé de ?hambúrguer de baiano?.
O jornalista viajou a convite de FRT Operadora de Turismo, TAM, Sol Express Hotéis e Resorts e SuperClub Breezes.