É fato. Muita gente acha que, para ter a sensação de que realmente está viajando, é preciso se deslocar para longe de onde mora. Não é verdade. Um cantinho escondido ali mesmo, em algum lugar do Paraná, pode conter paisagens ou atrações incríveis, ainda invisíveis para quem mora no Estado pelo simples fato de estar perto. Que tal pegar o carro e desbravar locais que atraem turistas de fora aos milhares? Além de gastar menos tempo e dinheiro com o deslocamento, você pode se surpreender pelo fato de ainda não ter pensado em fazer isso antes.
Curitiba, capital paranaense, é majestade metropolitana. Modelo em urbanismo, dá um banho de tecnologia e planejamento. Mas passar férias no Paraná também é um convite à vara de pesca, à bússola e aos apetites curiosos. O Estado prova que praia, montanha, cidade e interior são igualmente irresistíveis.
O verão paranaense começa na travessia para a rústica e charmosa Ilha do Mel, parque estadual de preservação ambiental e parte do município de Paranaguá. O caminho para o paraíso é feito de barco, por uma baía próxima ao mar aberto, partindo de Paranaguá ou Pontal do Paraná. Em 35 quilômetros de praias e natureza preservada, a calmaria continua na alta temporada: apenas cinco mil pessoas podem permanecer na ilha, simultaneamente.
Céu, mar e pé na areia, ao mesmo tempo, podem fazer perder a noção da hora. Portanto, a dica é deixar o relógio em casa e concentrar-se na máquina fotográfica. A recomendação será seguida à risca pela fotógrafa Priscila Foroni, que mora em Curitiba e vai desbravar os encantos da Ilha do Mel neste verão. Ela comprou um pacote turístico e, em dois dias, pretende visitar também a cidade de Morretes. Os lugares já são conhecidos por Priscila, mas esta é a primeira vez que será acompanhada por um guia de turismo. “É muito diferente quando você vai com alguém que conhece o lugar”, avalia. Durante o passeio, ela pretende registrar as belezas locais durante caminhadas à beira-mar. “Muitas vezes a gente se surpreende ao descobrir que uma coisa tão bonita está tão perto”, anima-se.
Conterrâneos, turistas ou maratonistas, todos cederão aos encantos da ilha. Cumprir o percurso de dez quilômetros que separa dois prestigiados pontos turísticos locais pode parecer difícil, mas, na prática, é irrecusável. A Fortaleza Nossa Senhora dos Prazeres guarda, ao topo, armamentos históricos, canhões do século XVIII e uma paisagem desconcertante. E a Gruta das Encantadas é um relicário de lendas e histórias misteriosas. Contam os ribeirinhos que em noites enluaradas, lindas sereias escondidas na grande fenda aberta no rochedo atraíam visitantes, que desapareciam para sempre. Quem visitar, verá.
A ilha é pacata, mas está 24 horas em movimento. No raiar do dia, condutores e guias já estão de prontidão para acompanhar os visitantes em dezenas de trilhas que levam a praias selvagens, algumas com ondas apropriadas para o surf. Ao entardecer, o convite é subir os 150 degraus de escadaria que levam à deslumbrante vista ao pé do Farol das Conchas, construído em 1872 por ordem de Dom Pedro II. E todos os caminhos noturnos levam ao centrinho cercado por bares e gente bonita.
