Segundo pesquisa desenvolvida pela consultoria Oxford Economics, uma pandemia global em virtude da influenza A, a conhecida gripe suína, poderia causar perdas de quase US$ 2,2 bilhões para a economia do turismo entre este ano e o próximo.
O assunto foi abordado pelo presidente da Oxford, John Walker, semana passada, durante a 9.ª Cúpula Global de Viagens & Turismo 2009, promovida pelo WTTC (Conselho Mundial de Turismo & Viagens – World Travel & Tourism Council), em Florianópolis (SC).
Na ocasião, Walker divulgou os resultados da pesquisa, que também aponta medidas para o setor. “É preciso usar o tempo que resta (até a possível pandemia) para nos prepararmos bem”, destacou. Números divulgados ontem pela Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que os casos confirmados da doença em 40 países já ultrapassam os 9,8 mil, com 79 mortes. Até agora, o impacto tem sido maior nas economias do Nafta, México, Estados Unidos e Canadá.
Para Walker, uma pandemia poderá comprometer seriamente o setor de viagem e turismo nos próximos seis meses, ocasionando perdas de US$ 1,073 bilhão nos setores ligados diretamente ao turismo e viagens e uma perda maior, de US$ 2,19 bilhões, na economia global do setor.
Ainda assim, a perda é bem menor se comparada aos impactos de uma crise de Sars (a Síndrome Respiratória Aguda Grave, que acometeu a Ásia em 2003) no mesmo período: perda direta de US$ 15,1 bilhões e indiretas de US$ 25,2 bilhões.
Walker considera que as ações de preparação devem ser tomadas pelos governos e pelas empresas do setor. No caso do Estado, indica que as nações façam estoques de antibióticos e preparem a infraestrutura para o caso de uma pandemia. Mas o consultor alerta que o governo pode ter que ajudar o turismo de maneira direta, com empréstimos a juros baixos, por exemplo.
Relevância
John Walker avisa que o impacto de uma pandemia global para o turismo será sentido mais fortemente nos locais onde o setor tem mais peso na economia. Santa Catarina seria um deles, considerando que 11,9% da população economicamente ativa do estado está empregada, direta ou indiretamente, na indústria turística. Walker também cita as ilhas do Caribe dentre os que vão sofrer as maiores crises com a queda do turismo.
Os estudos realizados pela Oxford Economics, empresa que presta consultoria ao WTTC, preveem que o turismo internacional caia até 60% no caso de uma pandemia.
O percentual é o mesmo constatado pela indústria turística de Hong Kong em 2003, em decorrência da Sars. O economista inglês destaca que, no caso de uma crise local, há trocas de destinos. “Você pode ir a Singapura em vez de Hong Kong, mas quando a pandemia é global, tem-se uma queda, não uma troca.”
Apesar das análises, John Walker é otimista. Para ele, mesmo no caso de uma pandemia, o setor vai se recuperar. “O período de recuperação pode ser longo, talvez 18 meses, mas o setor vai se recuperar. A crise econômica também afetou o turismo, mas já vemos melhora no quadro.”