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A Indonésia, um dos países mais afetados, deve ter mais dificuldade |
Os doze países asiáticos afetados pelos maremotos em 26 de dezembro do ano passado devem levar, no mínimo, um ano para restabelecer sua posição no cenário turístico. A observação é do professor Alexandre Ratsuo Uehara, que leciona Relações Internacionais e Política Internacional Contemporânea nas Faculdades Rio Branco (SP). Isso porque, além do impacto psicológico causado pelas imagens da tragédia veiculadas em todo o mundo, a infra-estrutura turística foi destruída.
"Um ano é a previsão se tudo correr bem, já que no Sri Lanka e na Indonésia, por exemplo, grupos separatistas estão dificultando a entrada de ajuda para reconstrução da área", observa.
Alexandre Uehara ressalta ainda a necessidade imediata da instalação de um sistema meteorológico capaz de alertar com precisão e razoável antecedência os países sobre riscos de ocorrer fenômenos naturais. Segundo ele, o Japão já está tomando medidas para instalação dos equipamentos. "O Japão já possui essa tecnologia para alertar sobre terremotos, por isso, vai liderar a instalação desse sistema na região, além de destinar parte dos US$ 500 milhões doados para isso", diz o professor. "Um sistema vai gerar mais segurança aos turistas e fazer com que retornem a esses países", aposta.
Instrumento de reconstrução
Já a expectativa da ONU é a de que as regiões turísticas conseguirão se recuperar mais rápido do que o esperado, assim como aconteceu após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 e a sars (gripe asiática), em 2003. Prova disso são os turistas que continuam nesses locais e que chegam a cada dia.
Em seu site oficial, a OMT (Organização Mundial do Turismo), que é uma agência da ONU (Organização das Nações Unidas), aponta que, embora a tragédia tenha feito o maior número de vítimas da história local e que tenha causado grande prejuízo para o turismo, tanto porque tirou vidas e feriu turistas quanto porque destruiu parte da infra-estrutura para receber visitantes, o setor "continuará atuante nos países afetados como uma força para reconstruir as comunidades atingidas e gerar riquezas que darão aos povos uma vida melhor".
O professor Henrique Altemani de Oliveira, doutor em Sociologia e especialista em política externa brasileira, segurança e estratégia econômica na China e Japão, acredita que a recuperação do turismo será uma conseqüência da retomada do crescimento econômico e não o contrário, como prevê a OMT. A ajuda para a reconstrução viria da Asean e da China. "Há muito palpite sobre o que pode ser feito para retomar o crescimento, mas a minha visão é que países como a Indonésia, Tailândia e Malásia dependem de um esforço por parte da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático, que congrega dez estados), que, ultimamente, tem feito uma série de negociações com Japão, Coréia e, principalmente, China, com quem o acordo de livre comércio está mais avançado", afirma. Por isso, desde 1999, um ano depois de ocorrida a crise asiática, está sendo usada a expressão "Asean + 3", na intenção de formar um processo de integração regional para superar as dificuldades.
Solidariedade à parte, o especialista acredita que toda a ação, seja da China, Japão ou Coréia, teria a intenção de disputar o poder dentro de uma área que ainda tem tudo para crescer e se estruturar, inclusive na questão da segurança. "Infelizmente, a crise asiática foi positiva para ampliar os laços e a tragédia dos tsunamis também serviu para estreitar as relações, tudo por uma questão de interesse político, econômico e estratégico", comenta.
Para o professor, o processo de reconstrução vai incidir na retomada da infra-estrutura e, com isso, do turismo, por isso, ele também acredita que o setor será restabelecido somente em médio prazo, mínimo de um ano.
No ano passado, os doze países asiáticos afetados pelo maremoto receberam juntos 31 milhões de turistas estrangeiros, movimentando US$ 23 bilhões, o que representa 4% do mercado mundial de turismo.
