Mikonos, a mais badalada ilha grega, é um dos destinos preferidos pelo público GLS no exterior.

Estima-se que o Brasil tenha dezoito milhões de homossexuais, aproximadamente 10% do total de brasileiros, que representam um expressivo público consumidor. Por isso, vários segmentos da economia estão de olho nesse filão e com o turismo não é diferente. De acordo com a IGLTA – International Gay & Lesbian Travel Association, dos Estados Unidos – o turismo GLS (gays, lésbicas e simpatizantes) movimenta cerca de US$ 54 bilhões somente nos Estados Unidos. Em território norte-americano, há vários hotéis e resorts voltados especialmente para os gays. No Brasil, não há dados sobre a movimentação financeira e, quanto à hotelaria específica, há somente uma pousada, situada em Campos do Jordão (SP).

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O presidente da Associação Brasileira de Turismo para Gays, Lésbicas e Simpatizantes (Abrat-GLS), Nilton Pavan, diz que o crescimento do turismo GLS é mais expressivo nos últimos cinco anos no Brasil. Ele, que também é proprietário da operadora Inter-Rainbow, especializada no segmento há treze anos em São Paulo, diz que, em 2004, houve um crescimento de 30% na venda de pacotes em relação a 2003. ?Não só a venda de pacotes aumentou como a conquista de novos clientes e a abertura por parte dos hotéis, que antes eram reticentes na recepção de casais gays?, comenta. ?Hoje, 60% dos hotéis brasileiros são considerados gay friendly, ou seja, aceitam colocar um casal de homossexuais no mesmo quarto com uma cama de casal, porém, isso não quer dizer que sejam hotéis aptos para receber casais gays?, complementa Nilton.

O diretor de marketing Franco Reinaudo, da operadora Álibi, outra de São Paulo que atende exclusivamente o público GLS, também fala do crescimento do segmento no Brasil. ?Tivemos um grande sucesso desde o início, em 1997, e não paramos mais?, diz Franco.

A Álibi tem um cadastro de aproximadamente sessenta mil clientes que viajam ou já viajaram pela empresa nos oito anos em que ela atua e, a cada ano, tem aumentado o número de clientes. Segundo Franco, em 2003 a operadora registrou um crescimento de 100% em comparação a 2002 e, em 2004, 60% em relação ao ano anterior. Para este ano, a expectativa é repetir o crescimento de 2004.

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De acordo com a Abav-PR (Associação Brasileira das Agências de Viagem – Seção Paraná), não há operadoras ou agências que trabalham exclusivamente com o público GLS no Estado, porém, segundo Franco Reinaudo, a Álibi tem muitos clientes em Curitiba e o mercado paranaense tem crescido bastante, ocupando o sétimo lugar na lista da operadora.

Destino friendly

Para um destino ser considerado GLS e efetivamente conquistar esse público precisa, além de ter atrativos turísticos, ser um ambiente friendly, ou seja, de respeito à diversidade ou ter uma comunidade GLS ativa com bares, boates e locais GLS. Entre os principais destinos no Brasil estão Fortaleza, Recife, Salvador, Rio de Janeiro, Búzios, Paraty, São Paulo, Florianópolis e Balneário Camboriú.

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Já no exterior, gays, lésbicas e simpatizantes têm como destinos prediletos Ibiza, Mikonos, Province Town, Miami, São Francisco, Sydney, Paris e Tailândia. ?São destinos que agregam o respeito e a diversidade a seus atrativos?, justifica Franco Reinaudo.

Perfil

Para Franco, que também é diretor de comunicação e eventos da Abrat-GLS, é difícil traçar um perfil do público GLS que viaja. Em relação à Álibi, os clientes procuram produtos sofisticados e a grande maioria pertence às classes A e B.

Ele diz ainda que o público GLS considera muito o custo-benefício e se propõe a pagar mais para ser melhor atendido. ?Se você oferecer um hotel mais caro, mas que seja mais bem localizado ou friendly, eles pagam por isso?, afirma Franco. ?Nossas pesquisas indicam que, diferentemente do mercado tradicional, onde o preço é o fator principal na decisão de compra, no segmento GLS, em primeiro lugar, vem o atendimento; em segundo, a qualidade dos hotéis, e só em terceiro vem o preço?, informa. ?Gays e lésbicas gastam 30% mais que o turista tradicional?, complementa.

Serviço

Outros associados da Associação Brasileira de Turismo para Gays, Lésbicas e Simpatizantes (Abrat-GLS) são: The Club Travel & Cruises (www.theclub.com.br), Tropicalis (www.tropivia.tur.br) e Master Tours (www.mastertours@sti.com.br). O site da associação é www.abratgls.com.br.

Pacotes para a Parada de São Paulo

A Álibi e a Inter-Rainbow oferecem pacotes para quem quiser ir à Parada do Orgulho GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros), que acontece em São Paulo, no dia 29 de maio.

Os pacotes, que podem ser de duas a cinco noites, custam a partir de R$ 79. No dia 24 de maio, a Associação Brasileira de Turismo GLS (Abrat GLS) realiza a segunda edição do Fórum de Turismo GLS, às 19h30, na Assembléia Legislativa de São Paulo. O tema tratado será DiverCidade, que apresentará casos de sucesso na captação deste tipo de público. A partir dessa data, acontecem várias paradas em diversas cidades do Brasil. Em Curitiba será dia 12 de junho. Em outros países, acontecem a partir de 5 de junho em Dublin, capital da Irlanda, seguindo até 9 de outubro, em Los Angeles, nos Estados Unidos.

Serviço – Para mais informações:Álibi – (11) 3283-4702 e www.alibi.com.br.
– Inter-Rainbow: (11) 3214-0044 e www.inter-rainbow.com.br. (DS)