Site visa incluir deficiente físico no ecoturismo

O site Aventura Especial (www.aventuraespecial.com.br) visa a inclusão das pessoas com necessidades especiais no mundo do ecoturismo e na prática de esportes na natureza. O segmento cresce mundialmente e a proposta do site é não deixar que os mais de vinte milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência, segundo o último censo do IBGE, fiquem fora dessa tendência. O intuito é conscientizar empresários da indústria do turismo a adaptarem seus estabelecimentos, destinos e atividades para poder receber esse turista especial.

O site, idealizado pelo fotógrafo e jornalista Dadá Moreira, deficiente físico e praticante de esportes radicais, também quer mostrar a outras pessoas com problemas “aparentes” que é possível ter qualidade de vida, apesar de algumas limitações. O endereço dá dicas de roteiros ecológicos e como os esportes, mesmo os radicais, podem ser adaptados e praticados por uma PPD (Pessoa Portadora de Deficiência). Dadá diz que esses esportes estimulam a auto-superação, o trabalho em equipe, o equilíbrio, coordenação, técnica e coragem. Enfim, um desafio para o corpo e a mente. “Utilizar novamente o corpo com prazer através da pratica de uma atividade física resgata a auto-estima e inverte a imagem de piedade e negativismo carregada por um deficiente físico”, observa.

O novo site também traz experiências de outros aventureiros especiais no ecoturismo e na prática de esportes, para que os internautas vejam como as atividades podem ser adaptadas de acordo com diferentes tipos de dificuldades. No link “Adapte” o empresário encontra uma planta arquitetônica de um banheiro adaptado e de uma rampa, caso se sensibilize a adaptar seu estabelecimento.

Dadá lembra “que tão importante quanto à adaptação da estrutura física é ter a consciência de que esse tipo de turista precisa de um atendimento especial e que investir nesse treinamento traz benefícios para o profissional e, consequentemente, para a empresa e sua imagem.

A princípio, a idéia de pessoas com necessidades especiais praticarem esportes radicais pode parecer estranha, mas é possível. O site estréia com o relato de algumas aventuras de Dadá na prática de vários esportes, como pára-quedismo, rafting, cascading e turismo no Pantanal(MT) e em Jericoacoara (CE). “Espero estimular novos aventureiros especiais e também oferecer mais um canal de integração, de troca de experiências e de estímulo”, diz Dadá.

Ainda falta conscientização

O portador de necessidades especiais ainda encontra muitas dificuldades na hora de viajar. Muitos hotéis ainda não dispõem da estrutura mínima para atender esse tipo de turista, como apartamentos e banheiros adaptados e rampas de acesso às diversas áreas do estabelecimento. O presidente da ABIH-PR (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis – Seção Paraná), Hercílio Struck, supõe que somente de 5% a 10% dos hotéis do Paraná têm cômodos e equipamentos para atender pessoas com deficiência física. Struck diz ainda que os hotéis que têm cômodos adaptados para receber o hóspede com necessidades especiais são os luxuosos, ou seja, de quatro e cinco estrelas porque, para conseguir essa classificação, têm que ter a adaptação para os deficientes. “O que é lamentável porque não somente os hotéis luxuosos mas qualquer outro deveria dispor de estrutura para atender portadores de necessidades especiais”, considera o presidente da ABIH-PR.

Por isso, Struck disse achar interessante a iniciativa do jornalista Dadá Moreira ao criar o site incentivando os portadores a participarem de atividades turísticas. “Acho a idéia interessante porque devemos inserir e fazer o possível para que o portador de necessidades especiais tenha uma participação normal e ativa na sociedade. Toda a iniciativa feita em prol disso é válida”, afirma.

O Hotel Bourbon Cataratas, em Foz do Iguaçu, é um dos que oferecem condições para que o deficiente físico possa utilizar as dependências do estabelecimento de forma independente. O hotel tem rampas nas áreas interna e externa, um apartamento totalmente equipado, além de outros quatorze localizados no andar térreo que são preparados para receber adaptações, conforme a necessidade do turista e a demanda. “Nesses apartamentos é possível retirar as portas do box, instalar barras de apoio e trocar as camas comuns por camas especiais”, informa Gladis Consalter, agente de reservas do hotel.

Faltam produtos

Para Joel Duarte, presidente da Abav-PR (Associação Brasileira das Agências de Viagens – Seção Paraná), a oferta de produtos e serviços para deficientes físicos poderem viajar no Brasil – seja para fazer turismo convencional, seja para praticar ecoturismo – praticamente inexiste. “Nunca vi uma operadora oferecer um produto com esta preocupação de atender os turistas com necessidades especiais”, comenta. Para Joel, a iniciativa de viabilizar viagens a essa categoria de turistas deve partir dos fornecedores, como hoteleiros, companhias aéreas, operadoras e agências de turismo receptivo. “Esta semana (semana passada) mesmo estive hospedado no melhor hotel de Belo Horizonte (Ouro Minas Palace Hotel) e não vi nenhum tipo de adaptação que mostrasse a preocupação do hotel em relação aos deficientes. Os banheiros não são adaptados e o acesso ao restaurante é por escada”, observa.

O presidente da Abav lembra também o quanto foi difícil encontrar um hotel com estrutura adequada para um de seus clientes que é portador de necessidades especiais ao tentar fazer uma reserva em São Paulo. “Depois de muita consulta, conseguimos hospedá-lo no Hilton”, diz Joel. (Danielle de Sisti)

Ecoturismo a turistas especiais

Acessibilidade para deficientes físicos em áreas naturais”. Esse é o tema da monografia da turismóloga Márcia Paris, que visa a inclusão de pessoas portadoras de deficiência nas atividades de ecoturismo. Na monografia, a agente de viagens que trabalha na Século 21, em Curitiba, propõe o desenvolvimento de três projetos, tendo como cenário a Altaventura, uma propriedade voltada à prática de turismo de aventuras, situada em Campo Largo, Região Metropolitana de Curitiba.

Representante da Altaventura, Márcia tem levado muitos turistas para praticar no local o arvorismo, atividade que propõe a contemplação da natureza a partir de um passeio pela copa das árvores. A propriedade foi construída com a estrutura necessária para receber turistas com necessidades especiais, como rampas que dão acesso a diversas áreas e banheiros adaptados.

Porém, para que esses turistas usufruam plenamente do que a propriedade tem a oferecer, Márcia propõe a construção de duas trilhas suspensas que possibilitem ao deficiente passeios pela propriedade, sem ter que enfrentar as dificuldades de trafegar pelos terrenos irregulares comuns em áreas naturais.

Um desses passeios levaria até um bosque e o outro até uma cachoeira. Além disso, uma terceira trilha, a ser construída em estrada de chão, possibilitaria a passagem de charretes que levariam os turistas até uma floresta, onde há um lago para pesca.

O projeto interessou o senador Flávio Arns, um dos integrantes da banca examinadora na Unicenp (Centro Universitário Positivo), que propôs apresentá-lo ao ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia. “O senador tem um bom relacionamento com o ministro e disse que pretende viabilizá-lo financeiramente para que saia do papel e vire realidade”, conta Márcia.

Mais informações sobre o projeto na Altaventura podem ser obtidas pelo telefone: (41) 223-7273 ou no site

www.altaventura.com.br. (DS)

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