A badalada Maresias, praia paulista predileta dos famosos e do pessoal do surfe, está tranqüila para visitação nesta época do ano, ainda mais com a chegada da primavera. É um bom período para quem sempre teve vontade de conhecer a famosa praia do litoral norte paulista, sem precisar enfrentar o agitadíssimo dia-a-dia, comum nos meses de verão. Além dos seus três quilômetros de praias cercadas pela Mata Atlântica, Maresias tem boa infra-estrutura de hospedagem, gastronomia e comércio em geral e, à noite, oferece diversão em seus bares e boates.
Mas uma das grandes vantagens dessa praia é que ela não perde a graça fora do verão, porque pertence a um município com atrativos que merecem visitação em qualquer época do ano. São Sebastião, situada a 230 quilômetros de São Paulo, tem um total de 108 quilômetros de costa e 37 praias. Elas são os principais atrativos dessa cidade de 62 mil habitantes que chega a quadruplicar sua população na alta temporada.
Por ter 84% do seu território de quatrocentos quilômetros quadrados ocupado pelo Parque Estadual de Serra do Mar, São Sebastião tem potencial para o ecoturismo e para a prática de esportes junto à natureza. Por isso, mais recentemente, o município passou a fazer parte do rol de destinos dos aventureiros.
Entre os esportes que têm sido praticados estão o rapel e a escalada, além dos náuticos, como o iatismo, a vela, o windsurfe e o surfe. E a diversão não está somente nas praias do continente. Ela pode ser encontrada também nas ilhas que pontuam o Canal de São Sebastião.
Algumas reservam os melhores banhos de mar da região, como As Ilhas, que possuem duas praias, uma delas com águas calmas, mornas e cristalinas. Para quem gosta de pescaria, o lugar ideal fica próximo às ilhas dos Gatos e das Couves. Outra atração é a do Montão do Trigo – única ilha habitada – isolada do continente cerca de dez quilômetros.
Além de oferecer natureza propícia para a prática do ecoturismo e esportes radicais, São Sebastião tem história. Seus museus e centro histórico são herança das famílias portuguesas mais abastadas que habitaram o local no século XVI – a cidade foi descoberta por Américo Vespúcio em 1502. Essas famílias construíram suas propriedades ao redor do prédio religioso, dando origem a um importante conjunto arquitetônico, com 29 edifícios, hoje tombados pelo Condephaat – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico e Turístico do Estado de São Paulo.
Construídos com cal de conchas, óleo de baleia e pedra da costeira, alguns desses casarios estão abertos à visitação. Um deles é o prédio que abrigou o primeiro grupo escolar da cidade, onde hoje está instalada a Secretaria de Turismo e há diversas salas de exposição permanente, mostrando o artesanato caiçara e indígena e um charmoso pátio que abriga saraus musicais nas noites de sexta-feira, um programa que agrada muito os turistas.
Na Avenida Altino Arantes, conhecida como Rua da Praia, está localizado o prédio histórico mais nobre do município – a Casa Esperança, tombada pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). O casarão, com aparência típica portuguesa, pertence a uma família tradicional da cidade e abriga uma loja de armarinho. O curioso é que a proprietária afirma que já ouviu ruídos “estranhos” no local, como barulho de passos na escada e ranger de portas, que imagina ser de fantasmas dos antigos moradores.
A construção da torre da Igreja Matriz, fato fundamental para que o povoado fosse elevado à categoria de vila, foi importante para a emancipação política e econômica de São Sebastião, em 16 de março de 1636. Os mais antigos dizem que o caráter destemido do santo São Sebastião, que buscava propagar a religião católica entre seus semelhantes, fato que lhe valeu a vida, colaborou para perseverar a fé dos caiçaras, dando-lhes força para construir a torre da igreja, com recursos tão rústicos.
Essa história, que retrata o nosso Brasil após a migração dos colonos europeus, pode ser facilmente desvendada simplesmente percorrendo as ruas de pedras do Centro Histórico de São Sebastião.
Ecomuseu
Vagar a pé pelas ruas estreitas do bairro de São Francisco da Praia, espremido entre a montanha e o mar, ou a ele chegar de barco é uma boa pedida ao turista que visita a cidade. Verdadeiro ecomuseu, documento vivo e a céu aberto, preservando aspectos da cultura colonial caiçara, da cerâmica e da culinária, da pesca e da arquitetura, o “Bairro”, como é chamado pelos locais, abriga monumentos importantes e é objeto de uma série de ações de restauro.
A Capela e Convento Nossa Senhora do Amparo, dos padres franciscanos, imponente edifício voltado para o mar, foi construído em 1658. Sua primeira restauração ocorreu em 1938. Agora se encontra em processo de restauro e logo será aberto a visitação.
É também no “Bairro”, bem dentro da Serra do Mar, que os visitantes têm acesso ao Sítio Arqueológico, um lugar com mais de duzentos anos de história. Um lugar místico, com ruínas de uma enorme e rica fazenda de escravos, localizado a 260 metros de altura. Todo o conjunto arqueológico está sendo estudado e as cerâmicas e outros utensílios encontrados no local estão expostos no Arquivo Histórico, no centro da cidade. A trilha que leva ao Sítio Arqueológico é bastante estreita e íngreme em sua maior parte. O percurso, que tem início na Alameda Santa Cecília, somente pode ser realizado a pé e dura cerca de uma hora.
Mais informações sobre a cidade podem ser obtidas nos Centros de Informações Turísticas do Centro e da Costa Sul, respectivamente pelos telefones (12) 3892-1808 e (12) 3865-4335.