O casal Juraci e Giácomo Laureante. |
Fazer turismo não significa necessariamente um grande investimento financeiro, mas é sempre um grande investimento pessoal. Passar o dia no campo, desfrutando das delícias e da tranqüilidade da vida rural pode ser um programa prazeroso e barato. Colher um cacho de uva e degustá-lo ainda na sombra de uma parreira, sem restrições, é um programa que não custa nada ao turista e pode gerar um imenso bem-estar.
É isso que propõe o programa Caminho do Vinho, que está sendo desenvolvido na Colônia Mergulhão, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Nos sete quilômetros de estrada dessa rota turística há quarenta propriedades rurais – na maioria de imigrantes italianos – abrindo as portas para que turistas saboreiem as delícias que produzem e curtam o que têm a oferecer.
Lá o turista tem opções variadas de atividades para passar o dia ou fim de semana, sem repetir. São produtoras de vinho, geléias e leite, restaurantes, pesque-e-pague e espaços completos de lazer. A Prefeitura de São José já deu início a algumas melhorias na Estrada do Mergulhão, que liga as propriedades. Apesar de ser mais conhecida desta forma, a rodovia, ao longo de sua extensão, tem três nomes diferentes – Júlio César Setenareski, João Bortolan e José Scrobote Sobrinho.
Em breve, serão colocadas placas padronizadas de identificação das propriedades, como forma de orientar o turista sobre quais delas fazem parte do Caminho do Vinho, ou seja, que são abertas e aptas à visitação.
Vinho
Oito desses proprietários produzem vinho artesanal, que pode ser degustado pelo turista. A delícia também pode ser levada para casa. São vinhos tintos, brancos e rosés, comercializados em embalagens padronizadas com o rótulo do Caminho do Vinho.
A fim de informar e divulgar a responsável pelo produto, as garrafas trazem um selo com a marca da propriedade. O ponto máximo de venda desse produto é a Festa do Vinho, que acontece anualmente no segundo fim de semana de agosto, em um galpão montado ao lado da Capela Nossa Senhora da Imaculada Conceição.
No ano passado, aproximadamente oito mil litros de vinho foram vendidos na festa, que atraiu cerca de dez mil pessoas nos dois dias. Este ano, o evento terá início na sexta-feira, dia 8, e seguirá até o entardecer de domingo, dia 10.
O casal Giácomo e Juraci Laureante é um dos que produzem e comercializam o produto no Caminho do Vinho. Com seus seiscentos pés de uva, em que predomina a Terci, eles produzem três mil a 3,5 mil litros de vinho ao ano. O turista pode assistir a todo o processo de fabricação artesanal que é bastante interessante. “Da colheita até a degustação é necessário um prazo de sessenta dias”, ensina o produtor, enquanto mostra como é feita a moagem da uva.
Alguns dos equipamentos utilizados, como no processamento da fruta, foram criados por Giácomo, que aprendeu a fabricar o vinho ainda jovem, quando morava na Itália. A garrafa do produto é vendida a R$ 4 na lojinha situada em sua chácara. Lá são encontrados vinhos tinto seco, tinto suave, rosé, branco seco e branco suave.
Enquanto o turista experimenta, o simpático casal dá outras informações sobre o produto. “Ao contrário do que se pode imaginar, no vinho seco também é adicionado açúcar”, diz Juraci. “O vinho artesanal não tem álcool”, completa.
O casal vende ainda licores, compotas e geléias das frutas que cultiva, além de salames e queijos. As delícias gastronômicas são os produtos principais, mas a propriedade é também um ateliê de pintura e escultura de Giácomo Laureante. São dezenas de peças expostas em uma sala aberta à visitação.
Davi Pissaia é outro produtor de vinho da região. Quando adquiriu a propriedade, há 46 anos, já existiam os pés de uva que ele calcula terem cerca de noventa anos. Riqueza natural que cultiva no quintal, a parreira está carregada, nesta época do ano. Dá água na boca somente de ver e, portanto, é irresistível colher um cacho e degustá-lo na hora. E isso pode ser feito sem medo pelo turista, pois o cultivo é feito sem produtos químicos e o adubo utilizado é o natural. “Debulho milho e jogo na terra, este é o adubo”, conta Davi.
Junto à parreira, um galpão armazena centenas de cachos de uva para a fabricação do vinho artesanal.
Um dia nas chácaras de lazer
Danielle de Sisti
Além das propriedades produtoras de uva e vinho, o Caminho do Vinho abrange também chácaras de lazer, que comportam restaurantes, lanchonetes e oferecem infra-estrutura para atividades diversas. A propriedade de Nelson Rocha é um desses lugares. Tem bosque com mesas para refeições, campo de futebol e um tanque para pesca. Está disponível para turistas que quiserem passar o dia se divertindo em ambiente rural, como também para encontros de confraternização de grupos de empresas.
Já na propriedade de Alice Juliatto, de pescaria e lazer, há, além de lago para pesca, uma cancha de bocha, playground, campo de esporte, mesa de sinuca, pista de corrida de buggy e lanchonete. Disponibilizam também passeios a cavalo. Para uma volta em toda a propriedade, paga-se R$ 1. Alice também é produtora de vinho, somente tinto, seco e suave.
Fernando e Vilma Obiava estão prestes a inaugurar um dos mais modernos restaurantes do Caminho do Vinho, o Frutos da Terra, que se situa no interior do seu pesque-e-pague. O estabelecimento, que está em fase de conclusão, será especializado em frutos do mar, mas servirá também polenta e frango. Os atendimentos no restaurante serão feitos somente mediante reserva, inclusive para festas.
Enquanto isso, funciona uma lanchonete, onde são servidos salgados e bebidas. Não é preciso pagar o ingresso à propriedade, somente o peixe que se pesca. No tanque há tilápia, pacu, catfish e jundiá. São cobrados de R$ 3,50 a R$ 4,50 por quilo e R$ 1 pela limpeza.
Vida rural
Conhecer de perto como é o dia-a-dia no campo é uma das opções interessantes de um passeio pelo Caminho do Vinho. Na propriedade de Alzira Pissaia, a última da rota, o turista pode assistir à produção de leite, desde a ordenha até a fase final de preparo, antes da embalagem. Dez vacas produzem um total de trezentos litros de leite por dia, que são comercializados para uma indústria paranaense.
Alzira Pissaia acompanha o processo de perto e até coloca a mão na massa. Sempre alegre, ela explica o processo e ainda conta aos turistas como é o seu cotidiano, que tem início às 4 horas da manhã e só acaba perto da meia-noite.
“Gosto de acordar cedinho, bem antes de o sol nascer, e trabalho o dia todo. Uma chácara exige muito trabalho para ir para frente”, diz ela.
Como se não bastasse o trabalho que tem com a produção do leite e plantações, ela tem planos de, em breve, potencializar sua produção de uva e vinho junto com a filha, Bernadete Scrobote, que já produz queijo, geléia e massas para comercialização.
Um dia somente é pouco para conhecer os diversos atrativos do Caminho do Vinho. Por isso, muitos turistas preferem pernoitar na região. Há lugares que oferecem boas instalações para famílias e grupos. A propriedade de Diva Bim é uma área de lazer que dispõe de um salão de festas de 250 metros quadrados, duas canchas de esportes, bosque, lanchonete, trilha para caminhada e piscina natural. Para quem pretende pernoitar, Diva tem sete quartos grandes que comportam juntos trinta pessoas. O preço da diária é R$ 40 por pessoa, incluindo quatro refeições.
Além dessas, o Caminho do Vinho tem ainda muitas outras propriedades abertas à visitação turística, como é o caso das chácaras de Eloir Pissaia, Arvito Pissaia, Salvatore Bellino e Hamilton Daldin.
Produtores do Mergulhão
É necessário ligar antes de visitar as propriedades:
* Alice Juliatto (chácara de lazer) – Telefones: (41) 635-1358 ou 9905-2260.
* Giácomo e Juraci Laureante (produtores de vinho) – Telefone: (41) 635-1223
* Nelson Rocha (chácara de lazer) – Telefone: (41) 635-1112
* Davi Pissaia (produtor de vinho) – Telefone: (41) 9991-8265
* Fernando e Vilma Obiava (pesque-e-pague) – Telefone: (41) 635-1201.
* Alzira Pissaia (produtora de leite) – Telefone: (41) 9903-8228
* Diva Bim e Nadir Pissaia (chácara de lazer) – Telefone: (41) 282-0485.
* Mário Belino (produtor de vinho) – Telefone: (41) 635-1326
* Arcídio Possobom (produtor de vinho) – no local.
* Arvito Pissaia (produtor de vinho ) – Telefone: (41) 635-1257
* Ricardo Juliatto (produtor de vinho) – Telefone: (41) 635-1221
* Hamilton Daldin (produtor de vinho) – Telefone: (41) 635-1218
* Eloir Pissaia (produtor de vinho) – Telefone: (41) 635-1360
* Salvatore Bellino (produtor de vinho) – Telefone: (41) 635-1326
* Bernadete Scrobote (queijos, bolos, frango caipira) – Telefone: (41) 635-1384
* Café colonial O Casarão situa-se à Rua João Berger, s/n.º. Atendimento aos sábados, domingos e feriados. Telefones: (41) 635-1310 e 635-1237.
* Mais informações: (41) 382-1335 e 282-1593 (Departamento de Turismo de São José dos Pinhais)