Pucón une gelo e fogo nos Andes

A entrada da cordilheira. É o que significa o nome da cidade de Pucón, no Chile, em mapudungun, idioma dos índios mapuche, que há séculos habitam o local.

A região é, de fato, a entrada para a Patagônia chilena e o início da região dos lagos, no meio dos Andes. Pucón fica em Araucanía, na 9.ª região chilena, aos pés do Vulcão Villarrica, o mais ativo da América do Sul. Celebrado pelos mapuches como quase um deus, o imponente vulcão coberto de neve foi testemunha da maior resistência à dominação espanhola na América Latina. Foram séculos de sangrentas batalhas que se arrastaram até pouco mais de 100 anos atrás, quando os colonizadores se fixaram de vez às margens do lago homônimo ao vulcão. Quando o assunto vem à tona, é fácil ouvir de algum nativo que os espanhóis nunca dominaram de fato a região.

Construída toda às margens do lago, a cidade é pequena e aconchegante. As casas exibem arquitetura de estilo europeu, geralmente com fachadas de madeira, em uma paisagem tranqüila e bucólica. A população, cerca de 20 mil pessoas, em sua maioria mestiços de índios com espanhóis, chega a triplicar durante a temporada de esqui. Pucón é uma estância de inverno mesmo quando não é inverno, e um destino menos manjado do que Valle Nevado, Chillán ou a região dos vinhos chilenos, como o Valle de Colchágua.

Foto: Danielle de Sisti
As casas em estilo europeu abrigam parte do comércio e atribuem charme ao centro da cidade.

Ali, a cultura mapuche é forte e pode ser percebida principalmente pelo artesanato típico, encontrado por toda a cidade. Difícil encontrar quem não se encanta com as flores de madeira nas muitas barracas espalhadas por todos os lados. Só chegando bem perto é possível perceber que não são flores de verdade. A madeira utilizada é um tipo de bambu encontrado na região e as técnicas de confecção dessas peças são passadas de pai para filho.

Durante o dia, apenas algumas lanchas no lago e as conversas nos terraços quebram o silêncio contagiante dos bosques gelados. É um lugar para conhecer a dois ou em família, em qualquer estação. E quem visita Pucón não pode deixar de conhecer também o Parque Nacional Villarrica – com 62 mil hectares, é o maior parque do Chile – e a cidade de mesmo nome, do outro lado do lago.

Do agroturismo à vida noturna

A fazenda conhecida como Fundo Huifquenco, ao lado da cidade de Villarrica, resume um pouco das atrações da região junto ao conceito de agroturismo. Com 800 hectares, o lugar é ideal para descansar, caminhar, apreciar um bom assado de cordeiro – o prato típico da Araucanía – e passear de canoa, bicicleta ou cavalo, algumas vezes, em companhia do simpático dono do local e que também comanda o restaurante.

Em Pucón, dezenas de bons restaurantes, pubs e bares dividem a preferência dos turistas. Há desde restaurantes clássicos e convencionais até ótimas opções de diversão noturna para os mais jovens. Com freqüência acontecem festivais gastronômicos e eventos musicais. Famosas na região, as festas de rodeio também têm espaço reservado no calendário e divertem os visitantes. Em alguns restaurantes, as trutas são pescadas na hora, às vezes, pelo próprio cliente, e se misturam ao cardápio com salmões e côngrios.

A Avenida Bernard O?Higgins, a principal da cidade, conta com um grande número de lojas de inverno, artesanato e até algumas grifes famosas. É o programa preferido para os dias mais tranqüilos. Os turistas podem ainda jogar com a sorte em um movimentado cassino ou conhecer os tradicionais mercados de peixe de Pucón. Outra dica é dar uma passada na praça onde foi construído um memorial em homenagem aos 22 mortos em 1964, em decorrência da última grande erupção do Villarrica.

É bom saber que…

Pucón fica a 870 quilômetros ao sul de Santiago e não tem aeroporto. Os vôos para a capital chilena duram quatro horas, a partir do Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, pela Gol, Lan Chile ou Aerolíneas Argentinas.

Em cerca de duas horas se pega outro vôo, de Santiago para Temuco, a 667 quilômetros da capital chilena, com uma hora de duração.

A partir de Temuco, são 110 quilômetros de estrada até Pucón, de ônibus ou carro. O percurso leva, em média, uma hora e meia.

Onde ficar?

Sobram opções de acomodação em Pucón e Villarrica. Pioneiro na região, o Gran Hotel Pucón, por exemplo, é um dos mais tradicionais. Foi fundado no início dos anos 30s e impulsionou a vocação turística ao redor do vulcão. Depois dele, o Hotel del Lago, mais moderno, acomoda o cassino e um spa.

E bem no meio do caminho entre as duas cidades fica o luxuoso Villarrica Park Lake Hotel, com sua cozinha sofisticada e requintado spa. O hotel já acomodou muitas celebridades, dentre elas Gisele Bündchen e Leonardo Di Caprio.

Há ainda casas para alugar e muitas pousadas. Mais informações podem ser obtidas nos sites www.pucon.cl, www.villarrica.cl e ainda www.villarricaparklakehotel.cl.

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