Vila de pescadores, santuário de surfistas e, mais recentemente, refúgio de turistas de todas as partes do mundo que buscam natureza, mas também conforto. Assim é a Praia do Rosa, um pedacinho de paraíso natural, situado no município de Imbituba, Sul da bela Santa Catarina. Quem visita a pequena praia hoje fica espantado ao ver a mudança de visual.
Reduto de surfistas e hippies nas décadas de 70 e 80, a praia era do tipo selvagem: um mar de águas límpidas, areia branquinha e lagoas, tudo isso cercado por vegetação abundante, típica da Mata Atlântica, e nada de infra-estrutura turística. “Quando a gente vinha aqui para surfar na década de 80, não havia nada, nem pousadas, nem comércio. Ficávamos hospedados nas casas de pescadores que as alugavam na temporada”, lembra, saudoso, um empresário curitibano que hoje freqüenta o local com a mulher e os filhos.
E a mudança impressiona mesmo. Na verdade, nem é preciso ter estado lá anteriormente para sentir a evolução da Praia do Rosa como produto turístico, notada, principalmente, pela presença das quase quarenta pousadas instaladas na pequena vila, em menos de dez anos, e das tantas construções que estão sendo erguidas, entre casas, comércios e, quem sabe, mais pousadas.
Só o que não é agradável no Rosa é o estado das ruas. Esburacadas e estreitas, elas tornam o passeio de carro desagradável. Mas talvez seja esse um dos segredos que ainda dão ao badalado balneário um ar meio agreste, primitivo, tão atraente para quem quer descansar bem longe da poluição e do barulho.
Se as vias são ruins para passagem de veículos, o melhor mesmo é caminhar. E é caminhando por entre as buganvílias e bambus que enfeitam as ruas do Rosa é que se nota o nível de sofisticação das casas de veraneio, pousadas e imóveis de aluguel existentes no local.
Dividem espaço pousadas para gostos e bolsos diversos; das mais simples às mais requintadas. A tendência de fazer do local um destino de charme é constatada pelo aumento do número de pousadas que oferecem ambientes bem decorados, serviços personalizados e gastronomia de primeira linha.
Os restaurantes seguem o mesmo caminho, servindo pratos sofisticados – e outros, até exóticos – que têm como base os frutos do mar, aproveitando a riqueza desta matéria-prima em Santa Catarina.
Windsurfe
Toda essa sofisticação que toma conta da Praia do Rosa está atraindo turistas brasileiros e estrangeiros, principalmente europeus e norte-americanos. Mas a turma do surfe continua fiel, afinal, não é todo lugar que tem a oferecer ondas tão perfeitas para o esporte. Chegando à Praia do Rosa, o turista começa a prestar atenção no vento. Uma das peculiaridades do local é ter que saber se o vento é Sul ou Nordeste para poder curtir a praia sem ter que sair correndo atrás do guarda-sol. Se o vento é Sul, o melhor é o turista se instalar no canto Sul; já se o vento é Nordeste, o lugar ideal para curtir a praia é o canto Norte. Não se preocupe em descobrir, qualquer dono de pousada, morador ou freqüentador assíduo do Rosa sabe informar sobre onde vai “dar praia”. Por causa do forte vento, a região onde fica a Praia do Rosa é conhecida por ser a melhor da América Latina para a prática do windsurfe, mais especificamente, a Praia de Ibiraquera, a poucos quilômetros ao sul do Rosa, onde acontecem também os campeonatos de kitesurfe (espécie de windsurfe praticado com uma miniprancha).
Destino das baleias-francas
As baleias-francas estão entre os fortes atrativos da Praia do Rosa, colocando-a no circuito dos destinos procurados pelos milhares de whale-watchers que se dispõem a atravessar o mundo somente para conhecer espécies diferentes.
No Rosa, elas podem ser observadas entre os meses de junho e outubro, período que visitam o local para procriar e alimentar seus filhotes em águas mais quentes. Depois desse período, voltam para a Antártica. Para quem não sabe, as baleias-francas são da mesma família dos botos e golfinhos. Em relação a estes últimos, diferenciam-se por ter barbatanas no lugar dos dentes.
Praia do Rosa
Localização: Imbituba, Santa Catarina
População: 32 mil habitantes
Temperatura: 18 a 30 graus
Distâncias: 400 quilômetros de Curitiba, 87 quilômetros de Florianópolis e oito quilômetros de Garopaba
Hospedagem: pousadas de todos os estilos e preços
Atrativos: beleza natural, baleias-francas e as baladas noturnas (principalmente no canto Sul, onde bares, restaurantes e lojinhas de biquínis e artigos esportivos se aglomeram à beira-mar
Vizinhança: Praias do Luz e Ibiraquera (Imbituba) e Vermelha, Ouvidor, Barra, Ferrugem, Silveira e Siriú (Garopaba).
Dica: A proximidade das praias dos municípios de Imbituba e Garopaba permite ao turista visitar mais de uma praia por dia. Por isso, aproveite para explorar a região; todas as praias valem a pena ser visitadas. Não deixe também de dar uma passada nos centros históricos dos dois municípios, que mostram a influência da colonização açoriana (foto). Informações turísticas: (48) 255-0142 e 9977-6352
Hospedagem em ambiente sofisticado
O espírito acolhedor era um dos motivos que faziam os pescadores abrirem as portas de suas casas para abrigar surfistas na década de 80. Porém, diz-se que o precursor dessa idéia foi o pescador Durvino Rosa que, nos anos 70, hospedava os primeiros turistas que lá chegaram e apelidaram o local de a Praia do Rosa.
No início, o pequeno reduto de pescadores era freqüentado por gaúchos, em sua maioria, e paranaenses (principalmente curitibanos). Eles foram os primeiros também a abrir pousadas, apostando no potencial local como destino turístico.
A gaúcha Fernanda Kalil foi uma das que se apaixonaram pelo Rosa e, depois de receber amigos e familiares por anos, decidiu transformar sua casa em pousada. Assim surgiu, em 1996, a Hospedaria das Brisas, situada no Caminho do Morro, uma estradinha circundada por flores que permite acesso à praia a pé.
Em um ambiente moderno e acolhedor, oferece dez suítes e apartamentos equipados com ar-condicionado, ventilador de teto, lareira, telefone, frigobar e cofre. Na área de lazer, piscina, quiosque com churrasqueira, bar com lounge e salas de jogos, de massagem, de recreação infantil e de leitura.
A pousada oferece serviço de manicure, massagista, lavanderia e agendamento de passeios, além de um apoio na praia. “Contamos com serviço de praia para que o hóspede possa desfrutar a caminhada. Levamos e montamos guarda-sol e cadeiras”, informa Fernanda.
Gastronomia
O serviço de restaurante é um dos diferenciais da pousada. Além de oferecer horário livre de café da manhã – o que já conta dez pontos aos hóspedes que gostam de dormir até mais tarde – a hospedaria tem um chef de cozinha, o Alberto Souza, para preparar diariamente os almoços e jantares. São pratos sofisticados e deliciosos que fazem do restaurante um dos melhores da região. Entre eles estão a paella valenciana, o risoto de camarão, o salmão ao molho de manga, o linguado oriental e o linguado a grenoblaise.
Quanto custa?
Em dezembro de 2003 e de 1 a 15 de março de 2004:
Diária na suíte dupla: R$ 150 com café da manhã e R$ 182 com meia-pensão.
Em janeiro de 2004:
Diária em apartamento duplo: R$ 210
Diária em suíte dupla: R$ 230. Mais informações: (48) 355-6020 e 355-6036 ou www.hospedariadasbrisas.com.br. (DS)
A Tailândia no Rosa
Se depender dos empresários locais, o charme vai se fixar como uma das marcas do Rosa. A sofisticação que faz parte da arquitetura e serviços dentro das pousadas ganhou espaço também na gastronomia. Parece incrível, mas a pequena e (ainda) selvagem Praia do Rosa abriga um restaurante tailandês já há três anos. É o Tigre Asiático, um charmoso espaço localizado no coração da vila que serve peixes, camarões e lulas fresquinhas com o toque de condimentos típicos não só da Tailândia, mas também do Japão e da Indonésia. Márcia Nascimento e Silva é a proprietária, que se aventurou a abrir o restaurante depois de uma viagem de turismo pelo Oriente e hoje vai com frequência à Tailândia buscar os principais temperos.
Lá o turista pode saborear, como entrada, um prato contendo sushi, sashimi de salmão, atum ou peixe branco, polvo e kani e depois experimentar o picante Tom Yum Goong, um prato com peixe, camarão, shitake, leite de coco e pimenta que acompanha arroz tailandês Jasmine. Preço: R$ 36.
Quem prefere um prato menos picante, uma das opções é o Nasi Goreng, com frango ou camarão servido com legumes e especiarias asiáticas e arroz. Tudo servido dentro de um abacaxi. Por esse prato, se paga R$ 26.
Além dos condimentos que já fazem parte do prato, outros temperos são servidos na mesa, mas cuidado para não exagerar na dose. Um dos mais “quentes” é o green curry, que combina dezesseis condimentos, dentre os quais seis pimentas.
Além da comida, o ambiente é também todo especial, decorado com peças importadas e velas. O clima se completa com apresentações musicais (foto) bem características do país que é considerado o mais exótico da Ásia.
Serviço:
O restaurante está aberto todos os dias, durante o ano inteiro, a partir das 18h. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (48) 355-7045 ou pelo e-mail tigreasiatico@praiadorosa.com.Roteiros de ecoturismo
A Associação dos Guias de Turismo de Imbituba (AGTI) oferece diversos passeios de ecoturismo que tem a Praia do Rosa como passagem. Conheça alguns deles:
– Caminho do Rei – trilha ecológica entre as praias do Rosa e Ibiraquera, feita por costões de Mata Atlântica, passando por pontos de observação de baleias. O passeio por essa trilha, que ganhou esse nome por ter sido percorrido por Dom Pedro I em visita ao Brasil, dura uma hora e meia e também pode ser percorrida a cavalo. Preço: R$ 10 a R$ 15.
– Trilha Vermelha – sai do Rosa em direção à Praia Vermelha, também por costões. Duração é de duas horas e o preço, de R$ 10 a R$ 15.
– Tour de arqueologia – passeio na região que leva aos sambaquis, sítios líticos e inscrições rupestres. Preço: R$ 35.
– Caminho das dunas – leva a lagoas e dunas, percorrendo Imbituba, Garopaba e Laguna, chegando a uma aldeia de pescadores onde restaurantes típicos e rústicos servem frutos do mar.
– Observação de golfinhos – sai de Imbituba seguindo para o Canal da Barra, em Laguna. Preço: R$ 25. (DS)
A jornalista viajou a convite da Pousada Hospedaria das Brisas.
