Um antigo roteiro fluvial – que liga a cidade de Cananéia, cidade do litoral sul de São Paulo, até Paranaguá, no Paraná – desativado há quase 20 anos poderá ser o primeiro passo para alavancar o turismo na região do Vale do Ribeira. O projeto é do Governo do Estado São Paulo, mas ganhou a simpatia do governo paranaense e deve ser implementado já em maio deste ano.
Um grupo de secretários de estado e representantes de entidades ligadas ao turismo de São Paulo e do Paraná esteve neste fim de semana participando de um famtur (viagem de familiarização) na região. O objetivo da visita foi avaliar as potencialidades do local e criar mecanismos para promover o turismo da região, integrando-a aos roteiros nacionais.
O evento, promovido pela Agência de Desenvolvimento da Mesorregião Vale do Ribeira/Guaraqueçaba e pela Serra Verde Express ? concessionária da linha ferroviária de turismo entre Curitiba e Paranaguá, incluiu uma viagem de barco partindo de Cananéia, litoral sul de São Paulo, no Vale da Ribeira, até Paranaguá, no Paraná.
Em seguida, os secretários e autoridades percorreram de van as cidades históricas de Antonina e Morretes, seguindo até Curitiba de trem, pela ferrovia Curitiba-Paranaguá. No sábado (13/3), o grupo visitou as cavernas de Itaporanga, também na região do Vale, em São Paulo.
Segundo o presidente da Paraná Turismo, Jorge Demiat, revitalizar o turismo na região do Vale do Ribeira era um das metas do governo. Ele explica que a região concentra o índice de desenvolvimento humano (IDH) mais baixo do Estado e que depois de implantado, o projeto turístico vai trazer grandes resultados para os dois estados. “Este é o primeiro passo do desenvolvimento de um amplo programa de divulgação do litoral do Paraná para os próprios paranaenses. Muita gente não conhece o nosso litoral e acaba freqüentando praias de estados vizinhos”, justifica.
Ao todo cerca de 30 municípios, sendo 16 do Paraná e 23 de São Paulo serão beneficiados pelo projeto. Ainda sem nome definido, o programa de incremento do turismo deve receber verbas dos dois governos e também do Governo do Federal, já que a região do Vale do Ribeira é uma das mesorregiões do país que recebem recursos do Ministério da Integração Nacional.
De acordo com o secretário ajunto de turismo de São Paulo, Marco Antonio Castelo Branco, o acordo entre os dois estados para incluir a região no circuito turístico nacional surgiu há pouco mais de um mês. “O Governo de São Paulo já havia desenvolvido um projeto, por isso resolvemos integrar os dois estados e fazer um roteiro turístico misto que deverá ser operado pela iniciativa privada, por meio de agências e operadoras de turismo”, explica.
O projeto será oficializado em maio e já passará ser comercializado. “Também acreditamos num grande envolvimento dos prefeitos dos municípios atingidos para que haja incremento no comércio e geração de empregos nas comunidades do Vale”, comenta Castela Branco.
O próximo passo após a oficialização do acordo, explica o secretário de Estado da Ciência e Tecnologia, Lourival do Carmo Mônaco, será estabelecer uma solução conjunta para retirar os bancos de areia que estão obstruindo a passagem de embarcações no trajeto. Atualmente, apenas embarcações de pequeno porte conseguem fazer o roteiro com maré baixa. “A obra é simples e deve custar cerca de R$ 300 a R$ 400 mil. Após a desobstrução do Canal do Varadouro será possível garantir que o trajeto seja feito a qualquer hora do dia, com navegação protegida em todo o trecho que vai da Ilha do Cardoso até o continente”, afirma.
Com a operação do trajeto, a região de Paranaguá e de todo o litoral será beneficiada. O passeio de trem entre Curitiba e Paranaguá deverá ganhar mais movimento de passageiros do trajeto de volta (do litoral para Curitiba). Atualmente, apenas 7% de todos os turistas que fazem o passeio retornam de trem ou litorina do Litoral à capital.
