Deixar o Brasil com o objetivo de trabalhar em um hotel no continente africano, mais precisamente em uma praia moçambicana. O que para muitos pode parecer uma loucura ou, até mesmo, um roteiro de filme, para a administradora hoteleira Heloisa Carneiro significa um imenso desafio e uma oportunidade única para a absorção de novos conhecimentos e culturas.
Com esse pensamento empreendedor, a curitibana embarcou para a África e “abraçou” o projeto, desenvolvido, inicialmente, pela irmã dela, Laura Carneiro, e pelo britânico Steve Hodges.
“Após uma longa jornada pela costa de Moçambique, no ano de 2005, minha irmã e o Steve conheceram este lugar maravilhoso e começaram a esboçar um projeto de ecoturismo com responsabilidades sociais e ambientais”, conta.
Praias desertas compõem o cenário; lugar perfeito também para os amantes das atividades marinhas. |
O lugar em questão é a Praia de Nanatha, localizada na província de Nampula, ao norte de Moçambique. “Desde o surgimento das primeiras ideias a Laura já me sondava no sentido de vir ajudá-la na administração do empreendimento”, recorda Heloísa.
Ela não perdeu tempo: procurou um curso específico (no Centro Europeu, em Curitiba), formou-se em Administração Hoteleira e desde janeiro está em solo africano desenvolvendo a área administrativa do novo complexo, batizado Lodge Nuarro. O hotel tem inauguração prevista para o mês que vem.
Conceito
Segundo a administradora, o complexo turístico foi baseado em um forte conceito ético, no qual todos os aspectos da vida são respeitados. “Constituímos uma parceria com a comunidade e autoridades governamentais locais, bem como ONGs nacionais e internacionais para o apoio e desenvolvimento sustentável da comunidade de Nanatha, preservando os recifes de corais, a fauna e a flora”, explica.
Chalés foram concebidos mesclando técnicas locais de construção, à base de nós e encaixes, com materiais sofisticados. Originalidade que garante conforto e empregabilidade da mão-de-obra local. |
O hotel engloba uma estrutura composta por 12 chalés de luxo, com capacidade para acomodar até 44 pessoas, um restaurante panorâmico de alta classe e um bar localizado na extremidade ocidental da praia.
A estrutura arquitetônica de Nuarro foi baseada na tecnologia tradicional de Makuwa, desenvolvida pelo arquiteto francês Yurick Houdayer, que aceitou o desafio de mesclar as técnicas locais de nós e encaixes com materiais que garantem sofisticação, conforto e segurança.
“As estruturas ‘vivas’ utilizam a técnica do pau-a-pique, que envolve uma trama de madeira e cordas de pneus reciclados, preenchida com pedras e revestida com o vibrante matope, uma mistura de terra vermelha e areia.
A cobertura é feita com o resistente pau de sisal e makuti (folhas de coqueiro), dando um belo efeito de leveza. Este método de construção permite que a obra empregue a população local e resulta em um espaço fresco, confortável e surpreendentemente luxuoso.”
Outro atrativo é a equipe que irá prestar os trabalhos de atendimento. De acordo com Heloisa Carneiro, os trabalhos internos serão realizados por membros da comunidade local, dando aos moradores mais uma oportunidade direta para a integração social.
“Quando recebemos a concessão, nos comprometemos a empregar o máximo possível de moradores da vila. Inicialmente, seleci,onamos uma mão-de-obra completamente despreparada para o mercado de trabalho e acreditamos que, em breve, eles estarão preparados para interagir com clientes de todas as partes do mundo.”
Localização
A localização do hotel facilita o acesso a praias desertas. “Os hóspedes poderão visitar as regiões mais lindas de Moçambique, como as praias de Nacala Porto e Pemba; a Aldeia Cultural Makua; e a Ilha de Moçambique, patrimônio mundial da Unesco”, cita a administradora Heloísa Carneiro.
Além disso, o fato de o complexo estar situado estrategicamente na baía de Memba, local que tem como característica a proximidade da plataforma continental, faz do hotel um local perfeito para os amantes das atividades marinhas.
“Em Nuarro, os turistas poderão participar de atividades como o mergulho com baleias (entre os meses de julho e novembro) e golfinhos e também apreciar paisagens maravilhosas, com um mar de águas límpidas, recifes de corais e uma diversidade de peixes incomparável, fazendo da região um destino turístico único.”