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Danielle de Sisti

Bombinhas é cheia de cores: vegetação exuberante emoldura um mar de águas azul-turquesa.

O litoral de Santa Catarina foi abençoado por Deus e pela natureza. Isso qualquer paranaense sabe e não se cansa de conferir. Não há, abaixo do Rio de Janeiro, algo semelhante. A cada quilômetro, uma surpresa e belas praias. Mas em matéria de beleza, Bombinhas esbanja. O lugar fica num istmo parecido com Búzios, um paraíso encravado no Sul do Brasil, com areias claras, águas azul-turquesa próprias para mergulho, áreas verdes cobrindo morros cortados por pequenos caminhos que serpenteiam no meio da mata, ideais para passeios a cavalo ou aventuras com jipes.

O istmo que forma Bombinhas é cheio de praias para todos os gostos. São 33, que vão da mais conhecida, que empresta seu nome ao município e ao redor da qual encontram-se dezenas de pousadas e restaurantes. Um pouco antes, a Praia de Bombas, é ideal para quem gosta de sossego. Em seguida vem a de Bombinhas. A bela e selvagem Quatro Ilhas evoca a famosa Joaquina, uma das preferidas pelos surfistas em Florianópolis, com a vantagem de ser mais calma e própria para banhos. A Praia de Mariscal é a mais longa de Bombinhas, com cinco quilômetros de extensão, numa área de ocupação recente.

Fotos: Flávio Machado

Águas límpidas e rica vida marinha fazem a cidade ser reconhecida como a Capital do Mergulho no Sul do Brasil.

No lado oposto a Mariscal, encontra-se a Praia de Zimbros, repleta de pescadores de origem açoriana e onde se compram peixes a preços módicos. A Praia da Tainha, no extremo do braço sul do istmo, é um lugar quase inóspito e de acesso difícil, com bangalôs cônicos e coloridos. Há, ainda, outras praias de nomes curiosos, como a Sepultura e a do Retiro dos Padres. É preciso alguns dias para conferir todas as praias de Bombinhas, como elas devem ser conferidas: com prazer e sem pressa.

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Para quem gosta de tranqüilidade, Bombinhas é um achado, um agradável sossego, uma Búzios sem frescura. Mas quem gosta de agito, não os agitos urbanos, mas em contato com a natureza, a região oferece muitas surpresas. É o lugar perfeito para explorações, seja no mar, por meio de mergulhos nas águas límpidas, seja em terra, na Mata Atlântica. O agradável é que tudo, quase sempre, está no caminho para uma praia. São lugares próximos a que se pode chegar caminhando, a partir da Praia de Bombinhas ao sul, no Retiro dos Padres (em que há área para camping) e, mais adiante, contemplar penhascos que evocam filmes de bucaneiros do século 17. E no meio do caminho, pode se dar uma pausa na quase deserta Praia da Sepultura.

Os passeios a cavalo são uma boa opção para conhecer as praias do município.

Ou distantes, pontos que para serem atingidos, requerem um veículo. Dependendo do clima, um veículo robusto, para enfrentar estradas sem pavimentação e íngremes. É o caso do Parque Nacional dos Macacos, em que está o Morro dos Macacos, de onde é possível apreciar a exuberância de uma boa parte do Istmo de Bombinhas. O Morro dos Macacos fica no lado extremo sul do istmo, depois de Mariscal. Mas é um passeio que vale a pena e pode ser completado com um pulo na Praia da Tainha.

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Descoberta do paraíso

Flávio Machado

Integrados à natureza, os chalés da Pousada Georges Village evocam a
rusticidade e a delicadeza dos castelos japoneses.

Todo esse paraíso foi, durante muito tempo, apreciado pelos nativos, de origem açoriana, e por um grupo restrito de pessoas que não tinha medo de estradas sem asfalto, desde que isto significasse se esconder de todos os ruídos e outros produtos da civilização que acabam com o bom humor de qualquer sujeito. E não havia nada mais ideal. Mas a notícia de que havia um paraíso chamado Bombinhas não demorou a correr o Brasil. E, como não poderia deixar de ser, também a Argentina. E o lugar que pertencia ao município de Porto Belo passou a ser tão assediado, que ganhou autonomia. As estradas ganharam pavimentação e os turistas começaram a chegar.

Atrás deles, os empreendedores. As pousadas se multiplicaram. E hoje Bombinhas tem uma estrutura que nem de longe lembra o povoado de pescadores de vinte anos passados. Ainda assim, consegue manter o mesmo fascínio, o de ser um lugar aprazível e não um simples balneário, um lugar muito parecido com aqueles que se lêem nos livros de aventura. Não é à toa que argentinos, uruguaios e paraguaios mais escolados deixam os demais balneários catarinenses, congestionados de banhistas, para outros hermanos mais afoitos, e, sem muito alarde, vão se acomodando em Bombinhas. Eles chegam para passar as férias num ano e, não raro, antes de ir embora, pagam adiantado a locação do ano seguinte, criando uma curiosa relação com os donos das inúmeras pousadas de Bombinhas. "Essas duas famílias vêm aqui todos os anos", diz Claudionor Silva, o Kanô, ex-prefeito, e que tem uma pousada, chamada Praia da Lagoinha, bem na extremidade sul da Praia de Bombinhas, apontando para dois carros argentinos estacionados da garagem da pousada que fica na frente de sua casa.

Vila do Farol: conjuntos multicoloridos de apartamentos rodeiam um
centro aquático, permitindo alternar os banhos de mar com os de piscina.

Na alta temporada, que vai de 26 de dezembro até o final de fevereiro, as pousadas ficam lotadas e a população do município salta de dez mil para cem mil habitantes. Enquanto se afasta para receber um hóspede que veio de Brasília, Kanô dá uma sugestão: "Uma boa época para visitar Bombinhas é em março". É o fim da alta temporada, o clima ainda é de verão apimentado, mas o número de turistas se reduz à metade. Ou seja, não se perde nada e por um preço mais em conta.

Pousadas para todos os gostos e bolsos

As pousadas são uma característica de Bombinhas e nisso, mais uma vez, se assemelha a Búzios. O município não foi atingido por espigões como em Camboriú e Itapema, que se tornaram agitadas cidades à beira-mar, que reproduzem algumas cenas que uma boa parte das pessoas deseja esquecer em suas férias: o barulho e a multidão. Em Bombinhas não há agito. "E há pousadas para todos os gostos e bolsos", diz Georges Pitseys, um belga que na adolescência adotou o Brasil e construiu a Georges Village, na encosta de um morro.

A sua pousada se amoldou à natureza. "Quando vim aqui, fiquei fascinado com tudo isto", diz ele. Ele preservou as árvores existentes, catalogando dezenas delas e ainda plantou dezenas de outras espécies compatíveis com a vegetação nativa. No meio dessa exuberância vegetal, ele construiu pequenos chalés que evocam a rusticidade e delicadeza dos castelos japoneses. À noite e ao amanhecer o ruído dos pássaros sugerem um ambiente de campo, numa montanha. Para conferir o mar, basta descer a rua e caminhar cem metros.

Já a Vila do Farol optou pelo estilo resort. Situada no meio da Praia de Bombinhas, de frente para o mar, foi construída a partir de um similar, que existe no Mar Mediterrâneo, na Grécia. Dois conjuntos multicoloridos de apartamentos rodeiam um centro aquático, para quem deseja alternar os banhos de mar com os de piscina. Outras, como a Paradiso, oferecem chalés sofisticados de frente para o mar que reproduzem o conforto dos melhores apartamentos, aliando opções que uma pousada pode oferecer, como banhos de ofurô, saunas e outros atrativos. Essas são algumas das muitas opções que o município oferece.

Prazer à mesa com muitos frutos do mar

Se há uma coisa em que cessam as semelhanças entre Búzios e Bombinhas é no preço. Principalmente na hora de comer. "Se é no Rio, uma coisa dessas não sai por menos de R$ 40", diz um escolado carioca depois de saborear um pirão de camarão, com arroz, salada, filé de pescado, para duas pessoas – e a R$ 18 no Restaurante Olímpio, na Praia de Bombas. O restaurante rústico, à beira -mar, é daqueles ambientes em que o tempo passa e ninguém percebe. Se o mar está perto, o sol é maneiro e a comida boa, para que pressa?

O Olímpio é uma das boas opções culinárias do lugar. Boa e barata. Outra é a Casa da Lagosta, que serve almoço e jantar. A Casa da Lagosta fica bem no meio da Praia de Bombinhas, com um cardápio variado. Há coisas requintadas como a Lagosta à moda da casa, uma iguaria por R$ 75, para quatro pessoas. Mas quem preferir o Congrio à Belle Meuniére, de R$ 38, para três pessoas, ou Massas com Frutos do Mar, com uma deliciosa lula argentina, também a R$ 38 e para três pessoas, vai se sentir muito bem recompensado. E pensando em voltar.

O Restaurante Vila do Engenho é algo realmente muito engenhoso. A começar pelo lugar, rústico, ao lado da Pousada Georges Village. Quem entra sem saber pensa que errou o caminho e a época e foi parar num engenho colonial. Dois moinhos, um de cana e outro de mandioca, dão o tom colonial para o lugar. Os moinhos, é bom que se esclareça, são verdadeiros. Têm mais de cem anos e pertenciam a uma fazenda de Porto Belo. Eles foram literalmente desmontados e montados no restaurante. É bem possível que um antiquário ao entrar no lugar perca o apetite e seu interesse se volte para as peças.

"Tudo isto aqui funciona", diz Lopes, dono do restaurante. Se os moinhos funcionam, a cozinha funciona ainda melhor. E surpreende. Além de pratos com peixes e frutos do mar, o Vila do Engenho fornece uma cozinha mineira que não deixa nada a desejar aos bons restaurantes desta cozinha, nas principais cidades brasileiras. Ainda porque Lopes é um mineiro que levou para Bombinhas os segredos dessa culinária. Além destes, claro, existem os restaurantes das pousadas. Na Paradiso, por exemplo, os petiscos de camarão e lula são muito apreciados. (EP)

O jornalista viajou a convite das pousadas Vila do Farol, Georges Village e Villa Paradiso e da Gol Linhas Aéreas.

SERVIÇO

– Pousada Vila do Farol – Preços: os pacotes para o Carnaval custam a partir de R$ 2.750 para duas pessoas. Incluiem cinco diárias – de 4 a 9 de fevereiro – com café da manhã. Outros períodos até dia 28 de fevereiro, a diária custa R$ 450 para duas pessoas em apartamento duplo, com café da manhã. Telefone: (47) 393-9000 – www.viladofarol.com.br

– Pousada Vila do Coral – Preços: os pacotes para o Carnaval custam a partir de R$ 1.900 por casal. Incluiem cinco diárias – 4 a 9 de fevereiro – com café da manhã, serviço de praia e arrumação diária de quarto. Outros períodos até 28 de fevereiro, as diárias custam a partir de R$ 300 para duas pessoas. Incluiem café da manhã, serviço de praia e arrumação diária de quarto. Telefone: (47) 393-9333 – www.viladocoral.com.br

– Villa Paradiso – Preços: os pacotes para Carnaval custam a partir de R$ 3.150 por casal, com hospedagem nos bangalôs sem hidromassagem. Incluiem cinco diárias, com café da manhã. Até 28 de fevereiro, em outros períodos, as diárias custam a partir de R$ 350 por casal, com café da manhã. Telefone: (47) 369-0005 – www.villaparadiso.com.br

– Pousada Georges Village – Preços: no Carnaval (de 4 a 9 de fevereiro), as diárias custam a partir de R$ 241,50 por casal, incluindo café da manhã. As diárias comuns até dia 28 de fevereiro custam a partir de R$ 210 no apartamento duplo, incluindo café da manhã. Telefone: (47) 369-2177 – www.georgevillage.com.br

Restaurantes

– Casa da Lagosta – (47) 369-2235 – Bombinhas – Vila do Engenho, entre as praias de Bombas e Bombinhas

– Olímpio – final da Praia de Bombas

Passeios e traslados

– Caminhos & Trilhas – (47) 9973-0584 – www.caminhosetrilhas.com.br

– Operadora e escola de mergulho – Hy Brazil Diving School – (47) 369-2545 – www.hybrazil.com.br

– Gol Linhas Aéreas – www.voegol.com.br

– Mais informações: www.bombinhasinfotur.com.br