No rastro de Percy Fawcett em Barra do Garças

Um passeio por Barra do Garças, situada a 500 quilômetros de Cuiabá, Mato Grosso, revela mais do que belezas. A cidade de 53 mil habitantes convive até hoje com o misterioso desaparecimento do coronel Percy Harrison Fawcett, em 1925.

O Parque Estadual da Serra Azul, a quatro quilômetros do centro da cidade, é porta de entrada para quem se dispõe a desvendar o que aconteceu ao aventureiro britânico.

Mistérios não faltam ao Parque Estadual da Serra Azul, prolongamento da Serra do Roncador, onde Fawcett desapareceu. Na entrada do parque estão o marco geodésico do Brasil e o Discoporto, construído na década de 80, e que é roteiro de místicos e curiosos.

Não muito longe dali está a Gruta dos Pezinhos, cujo teto é cheio de marcas de pezinhos. Quem a visita fica intrigado com as pisadas no teto. Alguém teria caminhado por ali de cabeça para baixo? A resposta ainda não existe.

Estudos indicam que a gruta tem mais de 300 mil anos. Uma das hipóteses mais aceitáveis é que alguma catástrofe natural tenha mexido com a estrutura de pedra. O que agora está em cima estava embaixo.

Cidade perdida

Discoporto, construído na década de 80, é roteiro de místicos e curiosos.

Mas o desaparecimento de Fawcett parece perseguir o visitante. Em Barra do Garças há guias especializados no sumiço do coronel. A relação dele com o Brasil começa no século 19.

Ele se inspirou com a leitura do livro Explorations of the Highlands of Brazil (Explorações das Terras Altas Brasileiras, de 1869), do lendário aventureiro Richard Francis Burton. Nele há relato sobre o “Manuscrito 512”, no qual um bandeirante diz ter encontrado, em 1753, uma cidade perdida cheia de ouro no interior do Brasil.

Fawcett ganhou do escritor Henry Rider Haggard, autor de As Minas do Rei Salomão, uma estátua de 25 centímetros, na qual havia inscrições que teriam vindo do Mato Grosso.

O coronel estudou a procedência da estátua e chegou à conclusão de que ela pertencera à Atlântida. O aventureiro britânico fez várias expedições para encontrar a cidade perdida de Atlântida, batizada por ele de Z.

A última expedição de Fawcett pelas matas da Serra do Roncador foi em 21 de maio de 1925, data em que ele, seu filho Jack e um amigo inglês foram vistos pela última vez.

Para o sertanista Orlando Villa-Boas o coronel foi morto pelos índios Kalapalos. Por um bom tempo, o jornal inglês The Times ofereceu um prêmio de 10 mil libras para quem o localizasse vivo ou morto.

Filme com Brad Pitt

Em fevereiro, o escritor norte-americano David Grann lançou o livro The lost city of Z – A tale of deadly obsession in the Amazon (A cidade perdida de Z – uma história de obsessão mortal na Amazônia).

O livro, que figurou na lista dos mais vendidos do The New York Times, influenciou Brad Pitt, que comprou a história e deve transformá-la em filme. O brasileiro Hermes Leal, que lançou em 1996, O Enigma do coronel Fawcett: o verdadeiro Indiana Jones, acusa David de plágio.

A Serra do Roncador, onde Fawcett sumiu, ganhou este nome por causa do barulho que o vento faz ao tocar os enormes paredões de rocha. Místicos garantem que ali tem uma passagem subterrânea que leva a Machu Picchu, no Peru. Chacra do Planeta, Paralelo 16, Templo de Ibez, Agartha e Shamballah são algumas das denominações para o local.

Independentemente de qualquer coisa, o que vale mesmo é curtir a região, sem pressa. Do Mirante do Cristo, topo do Parque da Serra Azul, a visão é privilegiada. De lá, é possível apreciar a beleza do Rio Araguaia e das três cidades que se confrontam: Barra do Gar&cced,il;as, Aragarças e Pontal do Araguaia.

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