Foto: Divulgação

O Iberostar Bahia, existente há dois anos, é a primeira unidade de um futuro complexo turístico.

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O cenário tropical mais-que-perfeito em alguns dos pontos do litoral nordestino brasileiro enche os olhos dos estrangeiros, que têm investido pesado na construção de resorts ?pé na areia?. A Costa dos Coqueiros, na Bahia, é um desses paraísos de verão eterno onde, além da natureza, empreendimentos gigantescos e luxuosos têm deixado o turista de queixo caído.

É lá que está, por exemplo, a famosa Costa do Sauípe, o grande complexo turístico que abrange cinco resorts de categoria internacional, situado a 76 quilômetros de Salvador. Mas a região tem muito mais. Se estende por 190 quilômetros, abrangendo sete municípios – Lauro de Freitas, Camaçari, Entre Rios, Mata de São João, Conde, Jandaíra e Esplanada, situados entre a zona turística da Baía de Todos os Santos e a divisa com Sergipe (Praia de Mangue Seco).

A área, que já foi foco de investimentos da indústria petroquímica, hoje é um dos pólos brasileiros para o turismo imobiliário. Além da Costa do Sauípe, outros empreendimentos vêm chamando a atenção dos visitantes ainda no município de Mata de São João. Um dos mais novos é o Iberostar Bahia, do grupo espanhol Iberostar, aberto na Praia do Forte, há menos de dois anos. O resort chama a atenção pela decoração luxuosa e o tamanho. Situa-se em uma área de 213 hectares, tem quatro piscinas que somam 3,6 mil metros quadrados de espelho d?água, um anfiteatro de 600 lugares, salões de convenções e 632 apartamentos com áreas que variam de 36 a 162 metros quadrados. Tem também um campo de golfe de 18 buracos. Nas áreas comuns, todas as peças são amplas e com pé direito alto. Em termos de decoração, se não fosse pelas duas imensas esculturas de orixás na entrada do empreendimento, nada faz lembrar que o resort fica na Bahia.

Ruínas fazem parte do Parque Histórico e Cultural Garcia D?Ávila.

Assim como a Costa do Sauípe, o Iberostar vai se transformar também em um grande complexo turístico. É que, até o fim deste ano, a expectativa dos investidores é a de erguer ali uma segunda unidade, vizinha a já existente. Será o Iberostar Praia do Forte, com 536 apartamentos e spa. E não é só. Nos próximos anos, o projeto é construir um terceiro resort, o Iberostar Praia do Forte Golf & Spa Resort e Villas, com mais 406 apartamentos, além de uma vila comercial, campo de golfe com nove buracos e condomínio com 208 casas. Ao todo, o grupo investe US$ 250 milhões somente na Praia do Forte.

Eco resort

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Ainda no município de Mata de São João, ao longo da Estrada do Coco, um dos trechos da BA-099, rodovia que liga os municípios da região, outro empreendimento ganha investimento estrangeiro: o tradicional Eco resort Praia do Forte, existente há 26 anos, foi adquirido pelo Banco Espírito Santo, de Portugal, há um ano e meio. Com isso, ganhou o nome Tivoli à frente da marca e, a partir de janeiro do ano que vem, terá os apartamentos (280) readequados e redecorados, dando início a uma nova fase.

A jornalista viajou a convite da CTI/NE Fundação Comissão de Turismo Integrado do Nordeste.

Ruínas são surpresa no cenário tropical

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Em meio a um cenário formado por mar azul, areia muito branca e grande quantidade de coqueiros, uma surpresa é encontrar as ruínas do que um dia foi a residência de Garcia D?Ávila, um português que chegou ao Brasil em 1549. Ele ganhou importância na história porque, ao longo dos anos, adquiriu uma quantidade tão grande de terras que se tornou proprietário de cerca de 800 mil metros quadrados, que se estendiam da Bahia ao Maranhão.

A edificação que hoje faz parte do roteiro turístico da Costa dos Coqueiros e ganhou o nome de Casa da Torre foi erguida em 1551 e só finalizada em 1624, já pelo neto, Francisco Dias D?Ávila.

Há sessenta anos, foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). É permitida a visitação também no seu interior, inclusive no segundo andar, onde foram colocadas plataformas para os visitantes poderem se deslocar. Vale a pena subir, não só para ter noção da grandeza da construção como também pela vista que se tem dali: um panorama do mar.

Junto às ruínas, persiste praticamente intacta a Capela de Nossa Senhora da Conceição, construída no mesmo ano da casa. Hoje, a Casa da Torre e a capela fazem parte do Parque Histórico e Cultural Garcia D?Ávila, que também abrange o sítio arqueológico, uma área destinada à realização de eventos e um centro de visitação com museu e loja.

Tudo é administrado pela Fundação Garcia D?Ávila.

Serviço: o ingresso ao parque custa R$ 6 por pessoa. Estudantes e pessoas acima de 65 anos pagam R$ 3. Mais informações: www.fgd.org.br. (DS)

Passeie pela bucólica vila

Não só de resorts é constituída a rede de hospedagem oferecida na Praia do Forte, que soma no total cerca de 900 leitos.

Local reúne hotéis e pousadas aconchegantes a preços bem mais acessíveis.

Alguns deles são encontrados na bucólica Vila dos Pescadores, um centro comercial muito bem cuidado, que reúne também lojas, boutiques, restaurantes, bares, cafés, supermercados, farmácias, agências de viagens, locadoras de carros e táxis, terminais bancários e até posto de saúde e delegacia de polícia.

Os turistas, principalmente os estrangeiros, ficam encantados com as peculiaridades do local e seus atrativos, incluindo as baianas, que se exibem em seus trajes típicos e sorriso cativante.

Um dos pontos mais charmosos da vila é a pracinha onde fica a Capela São Francisco de Assis, construída em 1900 e que tem o mar como vizinho. Um cenário para fotos.

Culinária diversa

Uma dica para quem está na Praia do Forte é deixar o hotel para almoçar ou jantar. O local apresenta uma grande e variada rede gastronômica, incluindo restaurantes de culinária italiana, espanhola, japonesa, alemã, entre outras, e claro, a típica baiana.

Na vila mesmo, há muitos restaurantes, principalmente os que servem frutos do mar.

Depois, uma boa pedida é provar os saborosos sorvetes de fruta muitas típicas nordestinas oferecidos no buffet da Sorveteria Tutti-Frutti, na Vila dos Pescadores.

A vila convida a um passeio a pé, mas há quem prefira não caminhar.

Para estes, há o interessante bicitaxi, uma bicicleta de quatro rodas onde se pode ir até quatro pessoas mais o condutor.

Há muitos deles por lá.

O passeio completo pela vila custa R$ 10. Mais informações: www.praiadoforte.org.br. (DS)

Muito além das tartarugas

Danielle de Sisti

Fotos: Danielle de Sisti

As grandes tartarugas atraem a atenção dos turistas – a maior pode chegar a 700 quilos.

A Praia do Forte é uma das 18 bases do Projeto Tamar, de preservação de tartarugas marinhas, que funcionam o ano todo. É também uma das mais importantes, já que é uma área para alimentação e reprodução protegidas da espécie. O trabalho atrai a atenção de turistas de diversas partes do mundo e, há muito, é um dos atrativos turísticos mais importantes da região da Costa dos Coqueiros, na Bahia.

Na base, visitantes se encantam por alguns exemplares que nadam ali em grandes piscinas. Elas são das espécies mais comuns encontradas em território baiano: a tartaruga-de-pente e a cabeçuda. Só para se ter uma idéia, uma tartaruga-de-pente pode chegar a pesar 150 quilos e a cabeçuda, até 250 quilos. Das demais espécies (tartaruga-de-couro, verde e oliva) a maior é a de couro, que pode chegar a 700 quilos.

Desova

A pequena Sofia Gnazzo fornece informações sobre os filhotes.

As tartarugas adultas rendem muitas fotos entre os curiosos turistas que visitam a base de preservação, porém, o momento da desova é o mais esperado. No fim da tarde, por volta das 17h, profissionais e monitores do programa desenterram os ovos e os turistas podem assistir ao nascimento de dezenas de tartarugas. Um espetáculo aos olhos de adultos e crianças. Depois, os filhotes são soltos no mar.

A beleza do Tamar, no entanto, ultrapassa o trabalho a favor das tartarugas marinhas. Além dos animais, o programa tem ajudado a preservar também a dignidade de muitas pessoas que vivem no entorno. A população aprende sobre a importância da conservação da espécie, atua em prol da natureza e é paga por isso.

A pequena Sofia Gnazzo, de 11 anos, é um exemplo. Depois de um curso de dez dias e estágio de uma semana, ela entrou para o programa como ajudante. Em troca, sua família ganha R$ 100 e mais uma cesta básica por mês. Hoje, um ano depois, ela fala com desenvoltura sobre as tartarugas e diz o que acha mais interessante no momento da desova. ?A gente coloca a tartaruguinha na areia e ela logo se vira e corre em direção ao mar?, conta, referindo-se ao instinto de sobrevivência do animal.

Souvenirs

Sofia destaca também a importância da visitação à base do programa e à loja de souvenirs que comercializa diversos artigos que têm a tartaruga marinha como tema. ?Isso ajuda o programa a continuar preservando as tartarugas?, diz.

O trabalho é desenvolvido em nove estados brasileiros, mas é a Bahia que abriga o maior número de desovas da tartaruga-de-pente, considerada uma das mais ameaçadas de extinção.

O Programa Brasileiro de Conservação das Tartarugas Marinhas é executado pelo Ibama, por meio do Centro Brasileiro de Proteção e Pesquisa das Tartarugas Marinhas e pela Fundação Centro Brasileiro de Proteção e Pesquisas das Tartarugas Marinhas.

Serviço: o ingresso custa R$ 8. Estudantes pagam R$ 4. Mais informações: (71) 3676-1020 ou www.projetotamar.org.br.