Quem tem em mente viajar ao Taiti e suas ilhas deve tomar muito em conta a frase que o artista Paul Gauguin disse antes de embarcar à Polinésia, em 1891: a razão pela qual vou embora é para viver em paz, longe da influência de nossa civilização. Quem decide viajar para lá, de férias ou lua-de-mel, tem que desejar abandonar por um tempo essa civilização e esquecer que existe celular, banca de jornal, tevê a cabo com dezenas de canais, o agito diurno e noturno das grandes cidades e deixar-se acalentar pelo embalo cadencioso dos cantos e danças desse paraíso. Quem pensa que a Polinésia é o Caribe, com cassinos, noitadas, festas frenéticas, discotecas e muita adrenalina, vai ficar frustrado, portanto, é melhor dar um golpe no leme e esquecer o Taiti e suas ilhas. Nos mares do sul a vida é tranqüila, o tempo passa lentamente, com muita praia, sol, paisagens maravilhosas, natureza exuberante, águas cálidas e cristalinas e músicas sensuais. Aqui impera a lei do mínimo esforço. Para todos, turistas e nativos. Por isso, não compare jamais a rapidez dos garçons ?normais? com a tranqüilidade taitiana. Além do mais, correr para quê? Relaxe e aprecie essa câmera lenta que viverá nessas terras.
Manihi é a ilha mais indicada para os amantes do mergulho. |
O carinho dos taitianos se sente logo na chegada ao aeroporto de Faa, em Papeete, capital do Taiti. O perfume dos colares de flores de tiara e o sorriso dos nativos não deixam dúvida: chegou-se ao Éden. Papeete, como toda capital, não tem esse brilho que o turista espera. Mas todo lugar tem seus encantos. Visite o Jardim Botânico, o Museu Paul Gauguin, a Point Venus, o Museu das Pérolas Negras, o Mercado, a cascata de
Faarumai, as cavernas de Maraa e não deixe de ir ao restaurante Belvedere, um pouco antes do pôr-do-sol. Depois cruze as águas de cor azul profundo, até chegar a Moorea. A viagem está só no começo.
Esqueça o mundo
Chegar a Moorea é fácil. São sete minutos de avião ou quarenta no moderno catamarã Aremiti. Quem quer entrar no ritmo tranqüilo das ilhas prefere este último. A maioria dos roteiros clássicos limita-se a deixar o passageiro no hotel, como se banho de sol e mar fosse tudo na vida. Uma injustiça. Cada ilha tem seu cantinho interessante e, para conhecê-lo, basta alugar um carro, uma motoca ou, para os mais radicais, uma bicicleta. É impossível se perder numa ilha pequena. E todas as ilhas da Polinésia estão nessa categoria. Não mais de oitenta quilômetros de estrada rodeiam Moorea. Além das praias de areia branca, águas tépidas e transparentes, há bastante o que visitar. A primeira parada costuma ser o Roto Nui, no alto da montanha, de onde se vêem as baías de Opunohu e Cook. No caminho há vários sítios arqueológicos, os marae, onde antigamente os nativos realizavam cerimônias, rituais e competições de arco e flecha. As plantações de baunilha e abacaxi, o pequeno centro comercial da ilha, a cascata de Afareaitu e o show do Tiki Village são algumas sugestões. Depois do jantar é hora de caminhar pela orla da praia, para logo voltar ao bangalô e descansar ouvindo o som dos coqueiros mexidos pelo vento, as ondas quebrando longe, na barreira de coral, as cigarras, os grilos e o próprio silêncio. O romantismo chega ao coração dos mais durões e o elixir da sensualidade inunda todos os cantos. É impossível fugir dessas sensações. Duas noites em Moorea é tempo suficiente para conhecê-la, descansar e partir em busca de novas paisagens.
É fácil se deixar levar pela cadência das músicas. |
A lógica é voar até a romântica Bora Bora. Não é por acaso a ilha mais badalada da Polinésia. Ali desfila a maior parte do jet-set internacional e todos pensam que se você esta lá alguma fama deve ter. Nas mesas do Restaurant Bloody Mary´s já sentaram Ringo Starr, Robin Williams, Danny de Vito, Claudia Schiffer e os saudosos Carpenters. Aproveite esses dias de glória e descubra os pontos mais interessantes da ilha. Parta por alugar um veículo de sua preferência e pegue o mapa. Mais uma vez você está numa ilha pequena, onde até de bicicleta pode se fazer bonito. As baías de Vairau, de Faanui e de Poofai podem ser um bom começo. Logo vá até a Point Tuivahora. Deixe uma manhã para ir até a praia da ponta Matira, aproveite a praia, absolutamente indescritível, ou embarque no passeio shark feeding, indo alimentar os tubarões perto da barreira de coral. Uma experiência inesquecível. Geralmente o passeio termina com um churrasco, à moda nativa, em algum motu ou ilhota: os pratos são folhas de bananeira, os talheres são os próprios dedos e a comida, um delicioso manjar composto de carnes vermelhas, brancas, peixes, frutas e saladas. Destaque para poison cru, o atum marinado em limão e leite de coco. Para matar o calor, uma cerveja Hinano, bem gelada. Há tempo para aproveitar a praia de areias brancas, tendo como pano de fundo os picos montanhosos de Otemanu e Pahia.
Pequenos paraísos pontilham a imensidão azul
Bangalôs ?flutuam? sobre o mar azulzinho: um sonho de hospedagem. |
É difícil eleger uma ilha ou um recanto como o mais bonito da Polinésia Francesa. Cada ilha tem seu encanto e todos os recantos são como pequenos paraísos. A Polinésia é composta por cinco arquipélagos, com 118 ilhas espalhadas em um imenso e profundo mar azul de 2,5 milhões de quilômetros quadrados, dos quais só 4.167 são terra firme. Além de Papeete, Moorea e Bora Bora há outras ilhas tão ou mais lindas que essas. Primeiro é bom dizer que Taiti, embora às vezes considerado sinônimo de Polinésia, é só uma ilha do arquipélago das Ilhas da Sociedade, onde está a capital, Papeete. Fazem parte dele Moorea, Bora Bora, Huahine, Tetiaroa, Raiatea e Maupiti, esta última há poucos anos aberta ao turismo. Dizem que é a futura Bora Bora. Logo está o arquipélago das Tuamotu, mais de cinqüenta ilhas e atóis, onde se destacam Ranguiroa, Tikehau, Fakarava e Manihi, destino muito procurado e recomendado aos mergulhadores. No arquipélago das Gambier, destaca-se Mangareva e no das Austrais Rurutu e Tubuai, onde há alojamento em casas de família e singelas pousadas. Fecha o circuito o Arquipélago das Marquesas com onze ilhas ainda muito pouco visitadas, porém, de uma beleza natural indescritível. As mais conhecidas são Nuku Hiva, Ua Huka, Ua Pou e Hiva Oa, onde estão enterrados Paul Gauguin e o cantor belga Jacques Brel.
Cada ilha tem seu encanto; recantos são como pequenos paraísos. |
Cada ilha tem seu encanto especial. Raiatea é especial para quem curte navegar. Ali está a Moorings, uma das mais importantes empresas de aluguel de iates do mundo. Pode-se alugar um com piloto, mordomo e cozinheiro, basta ter dinheiro para fazê-lo. Embora não tenha praias, tem vários motus ou ilhotas, com areia branca, palmeiras e águas cristalinas, totalmente desabitadas, esperando pelo turista. A poucos minutos de Raiatea está a ilha de Tahaa, visitada por amantes da botânica de todo o mundo. Manihi é especial para os que gostam de mergulho. Suas águas, a fauna que pode ser vista nas profundezas e a paisagem nativa são bons motivos para uma visita. Manihi é também um dos melhores sítios para o cultivo das preciosas pérolas negras. Huahine é outra ilha interessante. É também um dos principais sítios arqueológicos da Polinésia.
As ilhas mais recentes no circuito turístico polinésio são Fakarava e Tikehau. A primeira é recomendável aos que amam, vivem, respiram e dormem pensando no mergulho. Não há outra atividade na ilha, salvo andar de bicicleta e esperar o horário do almoço ou jantar. Descanso puro, solitude e isolamento quase totais. Já Tikehau oferece várias alternativas, partindo do Hotel Pearl Resort, recentemente inaugurado. Palafitas no meio do mar quentinho e bangalôs que mais parecem uma casa na praia. Não perca o passeio até a Ilha dos Pássaros. Eles praticamente nunca viram seres humanos e sua docilidade é incrível. Pode-se chegar a centímetros deles sem maior problema.
Navios gêmeos, passeio sem igual
Navio Tia Moana é um dos iates de luxo que fazem cruzeiros de uma semana pelo paraíso polinésio. |
Chamar a Polinésia Francesa de território tem alguma coisa que não calça. Também, não existe a palavra maritório, que seria mais justa e adequada. Claro, como chamar, então, um lugar que está composto por cinco arquipélagos, com 118 ilhas espalhadas em um imenso e profundo mar azul de 2,5 milhões de quilômetros quadrados, dos quais só 4.167 são terra firme? Convenhamos, território não é mesmo o termo correto. Como tampouco é certo chamar de Taiti a toda a Polinésia, já que ela é tão-só uma das ilhas do arquipélago da Sociedade, onde está a capital Papeete. Com tanto mar e ilhas o correto, isso sim, é conhecer este paraíso navegando, mas não em um barco qualquer e sim num iate de luxo. Só trinta habitações têm os navios gêmeos Tu Moana e Tia Moana, pertencentes à Bora Bora Cruises, em aliança com Orient Express. Nada mais apropriado que o nome, moana quer dizer mar, em idioma taitiano. O diferente neles é a decoração interior. Por sinal, muito charmosa, elegante, sóbria e funcional. Uma cama de casal com lençóis de algodão puro, uma televisão com tela de plasma plana, DVC e CD, janela ampla e, como decoração, fotos da vida polinésia em preto e branco.
As cabines têm tevê com tela plana de plasma, DVC e CD: acomodação com muito conforto. |
A viagem começa e termina na romântica e idílica Bora Bora. Por ela passaram já Dino de Laurentiis, Claudia Schiffer, Danny de Vito, Ringo Starr e até o grande Ayrton Senna, entre tantos outros. Mas o cruzeiro de sonhos visita também Huahine, Raiatea e Taha?a em sete dias que passam tão rapidamente que desejamos que tudo comece de novo. Não se deve adiantar as surpresas e nesta viagem cada dia tem mais de uma, seja o café da manhã na praia, o show noturno numa ilhota de Bora Bora, o passeio para alimentar os tubarões ou aqueles singelos mergulhos de snorkel e mascarinha, onde o mundo submarino se abre a nós como um véu de cristal mágico. Cada ilha tem seu encanto: em uma são as preciosas pérolas negras, na outra a aventura em jipe 4×4, em mais uma o piquenique na praia, com comidas típicas taitianas como o poison-cru e o aihma?a, carnes, peixes e vegetais cozidos lentamente num buraco com pedras quentes.
A gastronomia de bordo é mais um prazer do paraíso. O chef Jean-Michel Braesch veio da Alsácia para preparar os deliciosos pratos da viagem. Ele passou por diferentes Relais et Châteaux, também por Gestaad e o famosíssimo Moulins de Mougins, do renomado Roger Vergé, na Riviera Francesa. A carta de vinhos passeia pelas melhores safras e torroires, da França ao Chile, passando por Austrália e África do Sul.
O cruzeiro que fazem esses barcos gêmeos é hoje, sem dúvida, o melhor que há na Polinésia Francesa. A nossa experiência assina embaixo. Mais informações: www.boraboracruises.com. (JB)