Museu de pesca é atração em Santos

O esqueleto de uma baleia e animais empalhados – que os biólogos estranhamente qualificam como “taxidermizados” – podem parecer contrários à idéia de preservação da vida. Puro engano. Eles são peças do Museu de Pesca, em Santos (SP), que funciona como vitrine das pesquisas e tecnologias elaboradas pelo Instituto de Pesca nas áreas de pesca e aqüicultura.

A intenção é abordar a ecologia marinha e orientar a comunidade nos moldes da educação ambiental, ressaltando as relações dos seres vivos entre si e com o meio ambiente. Diante do esqueleto de uma baleia de 23 metros de comprimento e quase três metros de altura, impossível não lembrar de Gepeto, o pai do Pinóquio das histórias infantis, que passou não sei quanto tempo na barriga de uma delas… “A baleia do Museu de Pesca faz parte das fantasias infantis de todos os santistas”, comenta o prefeito de Santos, Beto Mansur.

A peça é o marco da Sala dos Grandes Mamíferos Marinhos, cuja temática aborda a situação atual de baleias, leões-marinhos, lobos-marinhos, lontras-marinhas, golfinhos e focas.

A pesca artesanal também é valorizada pelo instituto, já que não interfere na ecologia marinha. Armadilhas como o manzuá, o cerco flutuante e o cerco vivo, confeccionados com rede e bambu ou madeira, ao lado de uma canoa de tronco cavado são técnicas caiçaras registradas no museu.

Areias e conchas representam o marketing das praias, pois estão no inconsciente coletivo do conceito sobre praias. Finas ou grossas, claras ou escuras, areias de todos os estados do Brasil e de vários países do mundo estão expostas em mais de 850 frascos, tendo como companhia conchas de diversos formatos e cores.

Disputando com conchas e areia a atenção da garotada, a Ala Lúdica Petrobrás apresenta três espaços temáticos: a Sala do Mar, a Sala do Barco e a Cabina do Capitão. Na primeira são simulados os ecossitemas que englobam o mar -manguezal, praia arenosa, fundo arenoso e costão rochoso – e a interação entre eles.

Grande área entre-marés ocupada por vegetais especializados em viver em solo instável (lama), o manguezal é irmão da praia, fruto da mesma união entre terra e mar.

Os outros três ambientes podem ser observados através de vidros no solo e no porão desse laboratório de educação ambiental, habitado por animais e plantas de resina. É um engano imaginar que a praia arenosa abrigue pouca vida.

Com mais ou menos areia à mostra, dependendo da maré, ela é freqüentada por banhistas dos quais tatuís, corruptos e moluscos se protegem, enterrando-se na areia.

Preenchido por areia fina, o fundo marinho compreende espaços de rocha e lama onde alguns seres nadam, outros se enterram ou apenas repousam. Reino de lulas, raias, tubarões, baleias e de grande parte dos animais marinhos, o fundo arenosos é um campo de maravilhas para o mergulhador curioso.

O costão rochoso hospeda uma profusão de vida. Algas, estrelas, anêmonas, moluscos e peixes acomodam-se em reentrâncias, tocas e cavernas. É ponto de resistência ao movimento das marés, que nesse espaço têm dois, e não apenas um pico por dia.

A Sala do Mar é seguida pela Sala do Barco. Ali a sensação na proa de um barco à vela é simulada ao se manusear um timão antigo, que move uma plataforma e altera o curso registrado na bússola. Após uma sucessão de escaladas tão ao gosto das crianças, chega-se à Cabina do Capitão, onde se destacam cama, baú, estante de livros, bitácula e faróis de guia.

Segundo Eduardo Sanches, a intenção não foi recriar uma cabina autêntica, mas despertar a atenção da meninada para os grandes navegadores do mar, como Vasco da Gama, Américo Vespúcio, Álvares Cabral e Amyr Klink, no contexto humano, e de baleias, tartarugas e aves como o albatroz, no âmbito animal.

Inaugurado em 1909, para instalação da Escola de Aprendizes de Marinheiro, o prédio do Museu de Pesca foi erguido em terreno que anteriormente fora área do Forte Augusto, que cruzava fogo com a Fortaleza da Barra.

Em 1931, a antiga escola cedeu lugar à Escola de Pesca do Instituto de Pesca, cujo gabinete de História Natural acabou se transformando em Museu de Pesca, com a chegada do esqueleto da baleia. Fechado em 1987 por causa das más condições do edifício, foi reinaugurado em 29 de junho de 1998, Dia de São Pedro, padroeiro dos pescadores.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo