A construção ainda nem terminou, mas o mais novo monumento da cidade chinesa de Fushun, na província de Liaoning, já chama a atenção do mundo pelas dimensões descomunais e tem provocado muita discussão. Batizado de Anel da Vida, a obra consiste num aro metálico com 157 metros de diâmetro que leva em sua constituição 3 mil toneladas de aço, além de 12 mil lâmpadas de LED, que certamente oferecerão belos shows de iluminação. Entre a comunidade internacional de arquitetos e designers, o alto custo do projeto 16 milhões de dólares levanta a questão: vale a pena investir tudo isso numa construção sem muita função social?
Além de monumento, existe, sim, um propósito no anel gigante: ele funcionará como mirante da cidade. Mesmo assim, a obra levanta o inquérito sobre os megamonumentos que surgem nas últimas décadas. Os problemas que muitos apontam nesse tipo de edifício são: a sua falta de relação com o entorno; sua falta de função; e, principalmente, o seu pequeno valor social. Este último ponto é o mais delicado. Como definir o valor social de uma obra arquitetônica? Qual é o medidor que releva o impacto de um monumento na história ou nos indivíduos?
O respeitado e premiado arquiteto italiano Aldo Rossi defendia a necessidade dos monumentos sem função por serem marcos visuais capazes de distinguir um lugar de todos os outros.
No âmbito financeiro, cabem algumas comparações que mostram que o Anel da Vida talvez não seja tão absurdo como se diz. O arco de St. Louis, chamado Gateway Arch, por exemplo, teve um custo de US$ 13 milhões na década de 1960, o que equivale a US$ 96 milhões nos dias de hoje. Pouco mais de 30m mais alto do que o chinês, o arco foi desenhado pelo mestre Eero Saarinen. Outra obra cara foi o pavilhão da Expo 2012 em Xangai, que consumiu US$ 220 milhões no total. Pelo seu caráter temporário, seria possível argumentar que a construção é também pouco funcional. Com esses dados em mente, o grande anel em Fushun até parece uma pechincha.