Todos os anos milhares de jovens deixam seus países em busca de estudo e aventura em outras partes do mundo. Mas qual o perfil desse público? Com que freqüência viajam e quais seriam suas expectativas? Boa parte dessas respostas está em uma pesquisa mundial realizada pela International Student Travel Confederation (ISTC), em parceria com a Association of Leisure and Tourism Education (Atlas).
Os dados do estudo foram colhidos em 2003 por meio de entrevistas com 2,3 mil pessoas de todo o mundo. "O estudo reúne informações consistentes e detalhadas sobre esse mercado, cruzando o histórico social e cultural de cada jovem com dados relativos à decisão de viajar, escolha de destinos e experiências de viagem", revela José Carlos Hauer Santos Júnior, membro da direção executiva da ISTC e diretor-presidente do STB – Student Travel Bureau, operadora brasileira especializada em viagens desse gênero.
Entre as muitas conclusões da pesquisa, é possível destacar que a maior parte desses viajantes tem menos de 26 anos, poder aquisitivo inferior a US$ 5 mil por ano e alto nível cultural. A falta de recursos e a vontade de esticar o período no exterior fazem com que a maioria dos jovens esteja propensa a trabalhar durante a viagem. Também existe uma espécie de classificação desse tipo de viajante: os mochileiros, os viajantes tradicionais e os turistas.
A diferença entre esses perfis se deve, principalmente, à motivação da viagem. Praticamente metade dos entrevistados é composta por mochileiros, pessoas ávidas por experiências inusitadas e dispostas a manter amplo contato com seus colegas de aventura. Os viajantes têm "razões sociais" para partir ao exterior, indo quase sempre à procura de parentes e amigos. Os turistas, por sua vez, estão sempre dispostos a aproveitar o momento e relaxar.
Todos, de um modo geral, acumulam grande experiência turística, tendo viajado para mais de seis destinos internacionais, conforme relato de 65% dos pesquisados. Além disso, a maioria recorre a agentes de viagem para marcar suas saídas. A média de planejamento da viagem é de seis semanas e o fato de receberem algum tipo de desconto estudantil, o que acontece para 56% deles, também pesa no orçamento dos jovens.
Europa
Ir para a Europa é a opção preferida de 56% desses viajantes, com a América do Norte aparecendo em segundo lugar, com 16% da preferência. Entre os mochileiros, os destinos mais populares são Sudeste Asiático, Austrália e Nova Zelândia e América do Sul.
Os deslocamentos, especialmente para os destinos mais distantes, são feitos de avião, mas todos contam com a ajuda dos mais diversos meios de transporte, especialmente os mochileiros, que utilizam trem, ônibus de linha urbana e até carona.
A primeira alternativa de hospedagem é a casa de amigos (41%), com os albergues em segundo lugar, com 32%. Em suas incursões mundo afora, 77% dos jovens dão preferência a visitar lugares históricos e monumentos. Caminhadas vêm no segundo posto, com 76%. Cafés, restaurantes e fazer compras foram citados por 72%.
Resultados
Para muitos, um dos benefícios é ter maior acúmulo de conhecimento e vontade de fazer mais viagens. Quem faz atividades paralelas aproveita melhor o período que passa viajando, cuja média é de 63 dias. "Esses conhecimentos geralmente têm um impacto duradouro em suas vidas, tanto no aspecto pessoal quanto profissional", avalia Hauer. "Como boa parte desse público, ao longo do tempo, passa a buscar destinos mais desafiadores, fica marcante a tendência da necessidade de desenvolvimento de novos produtos para atender à demanda do mercado", acrescenta.
Ainda segundo o executivo, o levantamento comprova que o mercado de turismo jovem promove constantemente o desenvolvimento das pessoas, uma vez que a maioria dos viajantes é ou foi recentemente estudante. "Trata-se de uma população internacional disposta a economizar para assegurar que sua viagem atinja o status de ?uma vez na vida?, mas certamente virão outras, como acontece com a maior parte dos participantes", finaliza.