Enquanto diversos setores sentem e temem os efeitos da crise mundial, a hotelaria brasileira pode estar caminhando em uma direção diferente. Pelo menos é o que demonstram os dados divulgados semana passada, em Curitiba, pela Trend Operadora, que engloba metade do mercado hoteleiro do País.
A média geral de crescimento da hotelaria nacional, ano passado, foi de 44%. E o turismo de negócios e eventos é o principal responsável por esse desenvolvimento.
Em Curitiba, os números também foram positivos. Os indicadores mostram que os hotéis da capital tiveram crescimento em reservas de 48,82% e em diárias, de 52,96%, entre 2007 e 2008.
O número médio de noites por reserva também aumentou de 1,98 para 2,04 na capital paranaense de um ano para o outro e a diária média, que custava R$ 122,67 em 2007, passou a R$ 126,78 em 2008. “E Curitiba ainda tem uma peculiaridade. Nasceram muitos hotéis de alguns anos para cá, mas o aumento da oferta não foi acompanhado pela demanda. Por isso, a cidade passa por uma fase complicada em termos de ocupação hoteleira”, destaca o diretor da Trend, Daniel Santos, responsável pela geração dos dados, que estão sendo divulgados em 18 cidades brasileiras.
“Em contrapartida, Curitiba está crescendo muito, com redes internacionais compondo o mercado e está havendo uma qualificação maior da hotelaria em geral”, ressalva. Por conta disso, o setor espera crescer na capital este ano algo em torno de 30% a 35%.
Negócios
Os números são mais uma prova de que o turismo de negócios e eventos se destaca em Curitiba. “Mais de 90% das vendas são de apartamentos single, o que demonstra a ocupação por executivos. E a média de permanência na cidade (2,04 diárias) também é característica deste público”, explica.
O turismo de negócios é visto como promissor porque não fica vulnerável às sazonalidades. “E, apesar da crise, no nosso nicho de mercado não notamos que houve algum tipo de desestímulo. Previa-se que as empresas iam segurar as viagens por causa disso, e nós ficamos bem preocupados no ano passado, mas o fato é que as coisas não pararam”, avalia Santos.
E o lazer?
Embora o turismo de negócios seja o grande responsável pelo incremento do setor hoteleiro, pelo menos uma rede em Curitiba percebeu algo diferente este ano durante o Carnaval.
O Mercure Apartments teve lotação média dos apartamentos nos dias da folia de 83,5%, com pico de 91% no domingo. Incomum para o período, o percentual é muito próximo aos registrados em grandes centros carnavalescos, como Rio de Janeiro e Salvador, segundo a rede.
Uma das estratégias para encher o hotel durante o período foi baixar o valor da diária. “Buscamos enfatizar que a capital paranaense é uma excelente opção para quem prefere programas culturais e familiares”, explica a gerente Rosmeri Melchior.
