Caminhos do Engenho

Herança do açúcar é destaque em roteiro rural da Paraíba

As experiências em comunidades rurais do interior da Paraíba são o destaque dos roteiros turísticos que contam a história do açúcar no estado. Caminhos do Engenho é um dos 23 selecionados pelo projeto Talentos do Brasil Rural, que tem por objetivo valorizar a identidade cultural da região, gerar emprego e agregar valor à produção de grupos.  No total, são 400 empreendimentos beneficiados de 54 municípios brasileiros.

Os empreendimentos da agricultura familiar dos municípios de Areia e Bananeiras, da região do Brejo paraibano têm localização privilegiada. Estão próximos de Campina Grande, segunda cidade mais populosa da Paraíba, e a menos de 250 quilômetros de grandes centros como João Pessoa, Natal (RN) e Recife (PE).  Guardam ainda tesouros naturais, como uma área de vegetação remanescente da Mata Atlântica, um rico patrimônio histórico de casarios e engenhos de cana, o artesanato de barro preservado pelas comunidades quilombolas além de hábitos, costumes e tradições agora transformados em produtos turísticos.

O Talentos do Brasil Rural é uma parceria entre os ministérios do Turismo (MTur), do Desenvolvimento Agrário (MDA) e Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). A ação conjunta resultou na estruturação, em Areia e Bananeiras, de três passeios no roteiro Caminho dos Engenhos. “É um projeto que coloca o turismo como uma atividade produtiva com capacidade de gerar pequenos negócios para comunidades rurais, valorizando o patrimônio material e imaterial de várias regiões do país”, explica o ministro do Turismo, Vinicius Lages.

Em Areia, são 42 pessoas e empreendimentos da Comunidade Chã de Jardim envolvidas no projeto, cujos primeiros resultados já apareceram. “Pessoas que praticamente não tinham renda, hoje conseguem ganhar mais de um salário mínimo, fornecendo alimentos, produzindo artesanato e participando das atividades relacionadas ao roteiro”, conta Luciana Balbino, responsável pela mobilização em torno da preservação do Parque Estadual da Mata do Pau Ferro. Em passeio por esta reserva de Mata Atlântica, o turista pode ser surpreendido com um piquenique com produtos dos empreendimentos da comunidade, inclusive os cestos e esteiras.

Os roteiros oferecem também uma série de vivências com a produção associada ao turismo e enriquecidas pelo saber e as tradições do povo da região. O turista pode participar de oficinas de produção de cachaça, de pintura de bonecas e de cerâmica rudimentar, uma atividade milenar que está sendo resgatada em Bananeiras. Os pequenos empreendimentos, como pousadas, restaurantes, agroindústria de produção de doces e de flores, ampliam a oferta e as condições de acolhimento ao turista nos dois dias programados para a realização dos passeios.

O ciclo virtuoso criado pelo turismo permitiu o aproveitamento de uma produção de subsistência, como milho, feijão, mandioca, hortaliças, frutas, galinha e tilápias, para enriquecer a mesa dos cerca de 400 turistas que a região recebe por fim de semana, a maioria do próprio Nordeste. “O pré-requisito para participar do projeto é ser produtor da agricultura familiar e isso criou oportunidades para muitas famílias da região”, disse o diretor de Turismo de Bananeiras, Douglas Oliveira.

A visita pode começar em Bananeiras, com um tour pelo centro histórico, e terminar em Areia, distante 40 km, depois de passagens por comunidades tradicionais, almoço na roça, visita a empreendimentos de produção de doces, de flores, degustação de cachaça e terminar com jantar ao som de forró Pé de Serra e grupos folclóricos.  Pode também iniciar no Cruzeiro de Roma, construído em 1901, passar pela Igreja de Nossa Senhora do Livramento, Colégio das Dorotéias, Museu do Brejo Paraibano com uma parada para degustação na Casa do Doce, que oferece mais de 70 sabores em um impressionante cenário campestre.

“Conseguimos produzir, com apoio dos parceiros do projeto e do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), material de divulgação que estão sendo distribuído nos grandes centros e em eventos como o São João de Campina Grande”, diz a presidente da Associação dos Amigos de Areia, Lúcia Giovana.

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