Inesquecível sede da Copa de 70, onde o futebol brasileiro se sagrou tricampeão mundial, a mexicana Guadalajara, capital do Estado de Jalisco, é muito mais que um importante destino de negócios. Com perfil industrial e presença de muitas empresas internacionais, a cidade localizada a 540 quilômetros da capital do país tornou-se um efervescente ponto comercial e cultural, reunindo um pouco de tudo que o México tem de melhor.
Desde a Copa que consagrou Pelé, os brasileiros nunca se esqueceram de Guadalajara, porém, elegeram como destino de férias a capital, Cidade do México, e as praias de Cancun. O povo da região, no entanto, não esquece as conquistas do esporte brasileiro e, em um monumento, ainda exalta o feito da seleção por lá. A cidade está disposta a recuperar um posto de destaque no turismo internacional, tendo como bandeira um apelo fraternal. ?Queremos oferecer carinho e amizade?, afirma o diretor-geral de promoção e desenvolvimento regional da Secretaria de Turismo do Estado de Jalisco, Francisco Salas Montiel.
Segunda maior cidade do México em população, Guadalajara tem 3,9 milhões de habitantes e é berço de alguns emblemas do país, como a tequila, os mariachis e a charrería – semelhante ao nosso rodeio, porém com cavalos -, tido como principal esporte nacional. Também conhecida como Cidade das Rosas, ostenta belos portões, praças e jardins que adornam a arquitetura colonial, ainda presente por todos os cantos em convivência harmoniosa com sua modernidade.
Localizada a 1.566 metros de altitude, Guadalajara fica no centro do estado, entre vales, vulcões e o mar do Pacífico. Uma das bebidas mais famosas do mundo, a tequila, é proveniente do município de mesmo nome localizado na região metropolitana. A planta que dá origem à bebida é o agave azul, um tipo de babosa que pode ser observada no local, assim como o processo de destilação da bebida.
A cidade oferece segurança ao turista com policiamento adequado, boa sinalização, iluminação pública e cuidado especial com a limpeza urbana: um convite para conhecer sua história, seu povo e seu tempero.
Entre o mar e a montanha
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Puerto Vallarta, que está em uma das maiores baías do mundo, com quarenta quilômetros de praia. |
O litoral mais pitoresco do México está bem pertinho de Guadalajara. Entre as montanhas e o Pacífico, Puerto Vallarta está em uma das maiores baías do mundo, com 40 quilômetros de praia. A cidade conserva suas características coloniais, com ruas de paralelepípedos, e atende a todos os perfis de turistas: lá estão alguns dos melhores restaurantes de gastronomia típica da região e bares badalados, como os localizados na Praia dos Mortos.
Nas praias de Ouro e dos Tules a água é cristalina e a areia clara, um verdadeiro convite para caminhar. As casas brancas com telhas vermelhas, típicas da cidade, são cercadas pelos prados da Baia de Bandeiras e pela fauna tropical, com crocodilos, tartarugas e garças brancas.
Este também é o local para a prática de esportes aquáticos, como pesca, mergulho, windsurfe e o jet-ski. Adentrando um pouco mais ao mar é possível nadar com golfinhos, um dos programas preferidos dos visitantes. Na volta da praia, passe pelo centro da cidade para visitar as lojas de souvenires e para jantar. Há mais opções de restaurantes também nos povoados de Mina da Prata e Boca de Tomatlan, ao sul da praia de Mismaloya. (DM)
Das ilhas aos vulcões, não faltam opções de passeio
Nem só de praças vive Guadalajara, mas há ainda outra que não pode deixar de ser visitada: a Plaza dos Mariachis, onde, claro, exibem-se os tradicionais músicos mexicanos. A fascinante história dos primórdios mexicanos pode ser conferida no Museu de Arte Huichol, com o artesanato indígena da mitologia huichol.
Entre muitos outros museus, há também o de José Clemente Orozco, onde trabalhou o artista. Outro tipo de atração é o Parque Água Azul, dentro da cidade, com orquidário, laboratório de borboletas e aves, espaços verdes para descansar e auditório ao ar livre. Duas linhas de trem expresso cruzam a cidade de norte a sul, leste a oeste, facilitando os passeios.
Saindo da cidade, a apenas 10 quilômetros está o Barranco de Oblatos, com seus 650 metros de altura, vegetação tropical e as fontes termais. Indo um pouquinho mais longe se pode fazer excursões de um dia. Quem aprecia a vida no campo não pode deixar de visitar Tapalpa, na região serrana, em meio a impressionantes montanhas, rios, bosques e lagos.
Perto dali
Há também opções de lazer a 50 quilômetros de Guadalajara, na Ribera del Lago de Chapala. O vilarejo foi criado em volta de uma cratera vulcânica, que ao longo de milhares de anos transformou-se em um dos maiores do México, com 80 quilômetros de extensão. O lugar tem ar de subúrbio inglês e construções interessantes, como a Igreja de São Francisco, fundada em 1528.
Um passeio de barco para oito pessoas até as Ilhas Alacranes dura 25 minutos e custa cerca de 300 pesos mexicanos (R$ 56). Também fica nesta região o povoado de Ajijic, vila colonial que mesmo invadida por norte-americanos e canadenses conservou a essência do país. Na cidadezinha está o Hotel Real de Chapala, boa opção para hospedagem ou apenas para almoçar. (DM)
Marcos conduzem ao período colonial
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A Catedral Metropolitana e seus diferentes estilos arquitetônicos. |
Guadalajara é uma das cidades mexicanas com maior número de edificações e obras de arte do período colonial em toda a América Latina. Entre os principais marcos estão os murais do Palácio Municipal, que descrevem a fundação da cidade, enquanto a Catedral Metropolitana exibe diferentes estilos arquitetônicos, duas imponentes torres e pinturas coloniais em seu interior. Sua construção teve início em 1542, mas concluída somente no século 18.
Aos finais de semana, um programa para toda família é assistir às celebrações da catedral e permanecer depois nas barracas montadas em volta da igreja, que oferecem petiscos como o chicharrón (toucinho) e a pitaya, um tipo de cacto vermelho. Outras visitas obrigatórias são o Teatro Degolado, de arquitetura neoclássica, datado de 1866; o Palácio do Governo, de estilo barroco; e o Instituo Cultural Cabañas, que já foi orfanato, hospício e quartel-general. Sua construção foi terminada no final do século XVIII e abriga um mural do conceituado artista plástico Clemente Orozco (1883-1949), considerado pai do movimento Muralista, surgido em 1922.
Um dos edifícios de grande valor histórico abriga a Biblioteca Iberoamericana. Em seu interior estão murais de José Alfaro Siqueiros, entre outros artistas, em um ambiente tão solene por dentro quanto por fora. Quatro praças marcam em quadrante o centro da cidade, tendo no meio a Catedral Metropolitana: Plaza Guadalajara; La Rotonda de los Hombres Ilustres, que tem este nome devido ao monumento circular em homenagem a artistas e políticos do país; a Plaza de Armas e a Plaza de la Liberación, que à noite faz exibição gratuita de filmes em um grande telão. Próxima dali está a Plaza Tapatía, com suas esculturas de pedra, bronze, ferro e água: a Fonte y Plaza de Los Fundadores, o Escudo de Armas da Cidade, a Fonte da Imolação à divindade asteca Quetzalcóatl e El Rincón del Diablo. (DM)
Guadalajara faz honras ao futebol
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O Estádio de Jalisco foi o palco de várias vitórias do Brasil na Copa de 70. |
Guadalajara é o lugar certo para quem ama futebol. Assim como no Brasil, o esporte é assunto em conversas de bar e endereço certo de torcedores do Chivas e do Atlas, que têm como sede o estádio de Jalisco. Foi esse o estádio que assistiu à vitória brasileira na Copa de 70 e também recebeu a seleção em 1986. Há na cidade um monumento em homenagem à conquista da seleção, orgulho dos visitantes brasileiros. A praça que exibe a placa dourada ganhou o nome de Brasil.
Se falar de futebol não é o seu forte, ainda assim pode haver bastante assunto para conversar com os moradores locais. Eles sabem tudo sobre as novelas brasileiras, exibidas com sucesso por lá, e também são fãs de música popular brasileira.
Assim como o champanhe francês, só pode ser chamado de tequila o destilado produzido nesta região de Jalisco, declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 2006. A destilaria mais tradicional – tanto no México como no Brasil – é a José Cuervo, fundada em 1795. Mas há outras famosas, como a Tequila Sauza (1873) e a Tequila Herradura (1870), além das artesanais, como a Taberna do Maestro Tequilero.
O verme no fundo do copo, muito visto no cinema e sempre associado à tequila, na verdade, é colocado em algumas garrafas de mezcal, bebida obtida por uma combinação de algaves – diferente da tequila, produzida apenas do Algave Azul.
Amantes da literatura podem programar viagens para o final do ano. É quando acontece o maior evento editorial em língua espanhola, a Feira Internacional de Guadalajara que, no ano passado, teve sua vigésima edição realizada de 25 de novembro a 3 de dezembro. A cada ano, cerca de 500 mil visitantes e 15 mil profissionais do setor passam pela feira, que contou no ano passado com a participação de 1,5 mil editoras de 39 países, incluindo 849 títulos brasileiros. A data deste ano ainda não foi definida e deve ser divulgada pelo site www.fil.com.mx.
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A charrería é o esporte nacional. |
A charrería, esporte mais tradicional do México, tem eventos realizados todos os meses – boa parte deles em Jalisco – e conta com uma federação que defende a manutenção dos costumes e da prática esportiva. No site www.decharros.com é possível conhecer o calendário de eventos do ano.
O ponto mais alto de Jalisco está no Parque Nacional de Colima, na divisa com o Estado de Michoacao. Lá está o vulcão Nevado de Colima, a 4.260 metros do nível do mar, já extinto, e o Vulcão de Fogo, com 3.825 metros e que ainda solta fumaça. O clima é agradável durante quase todo o ano, exceto no inverno, quando a neve cobre as montanhas. O lugar é muito procurado por alpinistas, mas também para passeios e excursões.
Diversão para todas as idades
Artigos de cerâmica, prata, bronze e outros artesanatos regionais podem ser encontrados em Tlaquepaque, Tonalá e Zapopán, alguns dos povoados mais antigos do México, localizados na região metropolitana da capital. Estão lá as oficinas, olarias e fábricas que produzem a maior parte da cerâmica vendida na região. Há preços para todos os bolsos e artigos para todos os gostos.
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Teatro Degollado: programação cultural noturna é vasta na capital de Jalisco. |
Artistas desconhecidos dividem a atenção com celebridades regionais, como Pantaleón Panduro Martinez, Jose Beltrán Hernández, Ricardo Baeza e o principal, Sergio Bustamante, com suas esculturas. Não deixe de visitar o Centro Cultural El Refugio, a Casa do Artesanato, o Museu Regional da Cerâmica, a Casa Histórica e a Casa de las Bicicletas, todas bem próximas.
Clima ameno favorece os esportes
O clima é agradável, com temperatura média de 15 graus de novembro a fevereiro e de 21 graus de março a outubro. A estação de chuvas mais freqüentes acontece de junho a setembro, mas em geral não é suficiente para estragar o passeio dos turistas. O clima ameno é um convite para a prática de esportes ao ar livre e a cidade oferece excelente estrutura em campos de golfe e quadras de tênis.
A vida noturna é bastante eclética. Há discotecas, casas de show, teatros, ópera, balé e sinuca, além de lugares para beber e conversar, como pequenos clubes ou piano bar, que tocam jazz e blues. Uma boa pedida é o Acrópolis, com música tranqüila que não se sobrepõe às conversas. Se preferir algo mais moderno, vá ao Bar & Lounge, que como o nome sugere, toca lounge music, ou ao Kronos Bar, com rock e música eletrônica. O Capitol Club é o preferido do momento para quem gosta de virar a noite. (DM)
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