A partir deste ano, o turismo brasileiro ganha, a cada três meses, um raio-x do comportamento do setor sob o ponto de vista econômico. Trata-se do “Boletim de Desempenho do Turismo”, um levantamento qualitativo trimestral das empresas do setor, produzido pela Embratur e Ministério do Turismo em parceira com a FGV (Fundação Getúlio Vargas).
Os resultados da primeira sondagem – já disponível no Portal Brasileiro do Turismo – mostram um ambiente econômico de otimismo para 2004. Das operadoras de turismo receptivo (que trabalham com turistas estrangeiros) pesquisadas, 99% consideram que o faturamento irá aumentar este ano.
A expectativa é a mesma para 90% das agências de viagens, 74% dos meios de hospedagem, 67% das operadoras de turismo doméstico e emissivo, 57% dos restaurantes, 100% das empresas promotoras de feiras e 47% das organizadoras de eventos. A intenção de investimento na melhoria da qualidade dos serviços prestados também é unânime.
Essa pesquisa – inédita no setor – foi aplicada em segmentos da cadeia produtiva do turismo e apontou um faturamento de R$ 1,912 bilhão (estimativa anual para 2004). Em todo o Brasil, 799 empresas responderam, por meio eletrônico, um questionário que mensurou níveis de estagnação e expansão dos negócios, identificando fatores inibidores de crescimento. “Agora temos números confiáveis que revelam o perfil e o pensamento do empresariado do turismo, muito importante para nortear políticas públicas e decisões do mercado”, afirma José Francisco de Salles Lopes, diretor de Estudos e Pesquisas da Embratur. Para o diretor da FGV, Bianor Cavalcanti, a pesquisa “desenvolverá e propiciará uma cultura de dados e informações para o setor, algo que não existia”.
As conclusões de cada setor
Operadoras de turismo receptivo, no último trimestre de 2003, foram atendidos 2.786 turistas estrangeiros em outubro, 3.077 em novembro e 3.118 em dezembro. O valor total das vendas refletiu respectivamente, US$ 439.320, US$ 768.790 e US$ 739.100. No mesmo período, o principal motivo da viagem foi “lazer/passeio”, com 91%. O período de alta temporada (férias, verão, Carnaval) representa otimismo para o setor. Os empresários indicam aumento de postos de trabalho para o primeiro semestre deste ano (17%) e forte aumento no valor das vendas (98%), impulsionado pela maior demanda dos turistas estrangeiros (92%).
Como fator limitador de incremento dos negócios, foi apontada a escassez de mão-de-obra qualificada (88%).
Operadoras de turismo do mercado doméstico e emissivo
No último trimestre de 2003, as empresas pesquisadas comercializaram juntas 15.489 pacotes de viagem, sendo 4.921 em outubro, 5.335 em novembro e 5.243 em dezembro. Dentre os motivos da viagem destacam-se lazer/passeio (84%), negócios/trabalho (9%) e congressos/convenções/feiras (7%). A escassez de mão-de-obra qualificada é apontada como fator limitador de crescimento (87%).
Agências de viagens
A evolução do total de viagens vendidas, no último trimestre de 2003, foi de 72.046 em outubro, 73.298 em novembro e 73.373 em dezembro. O valor total das vendas refletiu o seguinte resultado em cada mês, respectivamente: R$ 79,40 milhões, R$ 71,02 milhões e R$ 68,16 milhões. A demanda por viagens a negócios/trabalho (40%) superou os demais motivos: lazer/passeio (37%), congressos/convenções/feiras (14%) e por outras razões (9%).
Nesse período o percentual de vendas para destinos brasileiros foi de 72% e o de internacionais, 28%. O principal fator inibidor de crescimento é o aumento da concorrência (47%).
Meios de hospedagem
A taxa nacional de ocupação hoteleira dos meios de hospedagem pesquisados atingiu 49% em outubro, 53% em novembro e 52% em dezembro. No período, o percentual de hóspedes brasileiros foi de 82% e o de estrangeiros, 18%.
A diária média refletiu da seguinte maneira: R$ 102,96 em outubro, R$ 103,11 em novembro e R$ 118,49 em dezembro. Os principais fatores limitadores de incremento de negócios são, empatados, a escassez de hóspedes e o aumento da concorrência, com 27%, seguidos pelo aumento de custos operacionais, com 26%.
Promotores de feiras e organizadores de eventos
No último trimestre de 2003, os promotores de feiras pesquisados organizaram reunidos 78 feiras, totalizando 146.500 metros quadrados vendidos. O percentual de participantes brasileiros foi de 82% e o de estrangeiros, 18%.
Para os promotores, o principal inibidor de expansão é a falta de espaços para a realização de feiras. Já para os organizadores de eventos, a escassez de patrocinadores (47%), seguida por escassez de contratantes (26%) e sazonalidade (13%). Todos os promotores de feiras analisados afirmaram que vão investir no próprio negócio, enquanto que 86% dos organizadores de eventos manifestaram tal decisão.
Restaurantes
Houve uma ligeira melhoria no número de postos de trabalho no último trimestre de 2003, em relação aos anteriores: 40% de ampliação, contra 30% de declínio, um saldo de 20%. No mesmo período, os clientes atendidos nos estabelecimentos pesquisados eram compostos por 20% de turistas e 80% de público local, sendo o gasto médio dos clientes de R$ 46,43. Há uma tendência de alta de preços finais (12%) neste primeiro semestre de 2004.