Pela passarela, chega-se
bem perto às quedas.

Uma seqüência de erupções vulcânicas e movimentos na estrutura da crosta terrestre ocorridos há 180 milhões de anos é a explicação mais provável para a origem de um dos mais belos espetáculos da natureza: as Cataratas do Iguaçu, localizadas em Foz do Iguaçu, principal município do Oeste paranaense. Formado por um conjunto de 275 saltos, dos quais despenca um turbilhão de 1,2 milhão de metros cúbicos de águas por segundo a alturas que variam de quarenta a oitenta metros, este verdadeiro santuário ecológico, cercado por floresta subtropical e fauna diversificada, é o principal motivo que levou a revista italiana Conde Nast Traveller a considerar a cidade de Foz do Iguaçu como o mais belo destino do mundo de 2002.

Toda essa beleza natural forma o Parque Nacional do Iguaçu, uma área de 250 mil hectares, localizada na fronteira entre o Brasil e a Argentina. Sim, são dois países que dividem a glória de ter esse poderio natural. Se os turistas que já viram fotografias e ouviram muito falar da beleza das Cataratas do Iguaçu ficam inertes frente às quedas, o que não falar da expedição do capitão espanhol Alvar Nuñez Cabeza de Vaca, que, ao partir da Costa de Santa Catarina em direção à Assunção, no Paraguai, acabou descobrindo a região em 1542?

Naquela época, as margens dos rios Paraná e Iguaçu eram habitadas apenas por índios caingangues. Hoje, a região onde está inserida Foz do Iguaçu forma um aglomerado de mais de seiscentos mil habitantes, composto por municípios brasileiros, argentinos e paraguaios e é freqüentada também por milhares de turistas que vêm de diversas partes do mundo para conhecer as nossas cataratas. O melhor é que toda essa exuberância pode ser vista por terra, água e ar. Isso porque o parque oferece trilhas diversas que oferecem vistas para as Cataratas, além de passeios de helicóptero e de barcos infláveis que levam os turistas bem pertinho das maiores quedas.

Esse último passeio faz parte do Macuco Safári, um passeio que começa em mata fechada a bordo de jipes elétricos e termina no Rio Iguaçu, onde os turistas vivem uma aventura a bordo de infláveis com direito a um “banho” na famosa Garganta do Diabo. O passeio de barco é imperdível, pois é o único que oferece a possibilidade de ver as quedas por trás e de sentir e ouvir a absurda força das águas.

Criado em 1939, o parque abriga ainda os últimos remanescentes de florestas pluviais subtropicais. Por tudo isso, ganhou o título de Patrimônio Natural da Humanidade. Sua flora é composta por mais de duas mil espécies de plantas, incluindo ipê amarelo, canela, pau-marfim, peroba, 84 espécies de orquídeas e a araucária, a árvore-símbolo do Paraná. Cerca de 450 espécies de aves e mais de oitenta espécies de mamíferos, dentre eles onças, jacarés, antas, veados, macacos e os doces e cativantes quatis, mascotes da cidade de Foz do Iguaçu, fazem parte da fauna local.

O parque é dividido em duas partes, a brasileira, com 185 mil hectares, e a argentina, com 65 mil hectares. Em ambas as partes, o visitante pode fazer trilhas ecológicas e ter as melhores vistas das quedas. No lado argentino, a locomoção pode ser feita também por um trenzinho que passa por três estações (Central, Cataratas e Garganta do Diabo). Já na parte brasileira, são ônibus com amplas janelas é que fazem o transporte dentro do parque. As agências de viagens tanto da Argentina quanto do Brasil oferecem pacotes que incluem visitas aos dois lados do Parque Nacional do Iguaçu.

A cidade

Este santuário faz da cidade de Foz do Iguaçu o principal atrativo turístico do Paraná e um dos que mais atraem turistas no Sul do País. Anualmente, a cidade recebe mais de 1,8 milhão de visitantes. Segundo a Embratur e a Organização Mundial de Turismo, nos últimos três anos, Foz do Iguaçu saltou de 43.º para 25.º destino mais procurado. Ela é a quinta mais importante cidade turística do Brasil e a primeira fora da costa que mais atrai turistas estrangeiros.

Mais importante cidade brasileira de fronteira, Foz do Iguaçu tem em seus 170 mil habitantes um mix de vinte etnias que convivem de forma harmoniosa e se integram em diversas atividades, das culturais às econômicas, das religiosas às esportivas. Com a integração existente entre os povos que vivem na cidade, quem ganha é o turista, que tem em uma só viagem a possibilidade de conhecer várias culturas e conviver com povos tão diferentes em uma mesma cidade. Em alguns restaurantes, por exemplo, o turista começa o almoço assistindo a uma apresentação de dança paraguaia, depois saboreia o prato principal ouvindo e vendo um casal argentino dançando tango e termina a sobremesa nos embalos do samba, com direito a show de dança com mulatas e tudo.

Foz tem uma ótima estrutura para recebimento de turistas. Tem um parque hoteleiro composto por cerca de 170 hotéis, pousadas e outros meios de hospedagem que somam quase 25 mil leitos. Seu parque gastronômico tem 150 restaurantes que servem desde pratos da cozinha regional de origem indígena às delícias da cozinha internacional e trinta churrascarias e outras dezenas de estabelecimentos que, juntos, têm capacidade de atender simultaneamente 35 mil pessoas.

A busca pelo profissionalismo no turismo, principal setor da economia municipal, é constante. Os profissionais que trabalham diretamente com o turista estão passando por treinamentos. De acordo com a Secretaria de Turismo de Foz, mais de cinco mil diplomas de participação nos cursos profissionalizantes já foram emitidos e cerca de quatrocentos taxistas já concluíram um curso básico de inglês para atender turistas estrangeiros. Cinco faculdades de Turismo e Hotelaria funcionam hoje na cidade ajudando na profissionalização do setor.

A cidade quer ser reconhecida também pela sua capacidade na realização de eventos. Para isso, conta hoje com 150 locais para exposições e convenções. Além disso, se mostra como um destino financeiramente mais viável para os promotores de eventos. Segundo o secretário de Turismo, Neuso Rafagnin, um evento em Foz pode custar um terço do que custaria, por exemplo, no Rio de Janeiro ou em São Paulo.

Ecoturismo

O Paraná Turismo, órgão do turismo do governo estadual, pretende incluir Foz do Iguaçu no Corredor do Ecoturismo, juntamente com outros pontos importantes como a Amazônia e o Cerrado. A idéia é elaborar um roteiro do ecoturismo nacional para ser comercializado no exterior, principalmente nos Estados Unidos e na Europa. Aliás, priorizar a natureza é um dos objetivos no trabalho de atração de turistas à cidade para acabar de vez com a idéia de que Foz é um destino somente de compras. Por isso também há mais de um ano, a cidade vem sendo divulgada com o slogan “Paixão e Energia”, estimulando o turismo contemplativo.

Foz é paixão, energia e entretenimento

Cataratas, lagos, minas de pedras semipreciosas, rios, cachoeiras, museus, parques, cassinos, campos de golfe e a maior hidrelétrica do mundo. Foz do Iguaçu e a região onde está inserida oferecem um mundo de atrações sem limites para os turistas, durante todo o ano. Seus atrativos não dependem de clima favorável. Nos meses de outono e inverno, por exemplo, a vegetação ganha um colorido diferente e o arco-íris não deixa de aparecer, emoldurando as quedas no Parque Nacional do Iguaçu. Não há geadas e as temperaturas não são muito baixas, o que possibilita ao turista contemplar de perto a natureza. Por isso, a região das Três Fronteiras é um destino interessante também nas férias de inverno.

É paixão e energia mesmo, assim como diz o slogan da cidade, que traduz bem seus principais atrativos. Enquanto as Cataratas do Iguaçu apaixonam os turistas à primeira vista, mesmo os mais viajados; energia, a cidade tem de sobra. Tanto a que emana do povo, que parece ter nascido com o talento de bem receber o turista, quanto a que é gerada pela Itaipu, maior usina do mundo em geração de energia e considerada uma das sete maravilhas do mundo moderno. Inaugurada em 1984, a Itaipu impressiona pelo seu gigantismo. Sozinha produz um quarto de toda a energia consumida no Brasil. A hidrelétrica tem 12,6 megawatts de potência instalada em suas dezoito turbinas e, em dois anos, a previsão é chegar a quatorze mil com a construção de mais duas turbinas.

Itaipu continuará sendo a campeã em produção de energia mesmo depois de concluída, em 2008, a Usina de Três Gargantas, na China, que será maior somente em potência instalada. Por tudo isso é que a usina, a “grande obra do século XX”, faz parte do roteiro turístico da cidade. A hidrelétrica já recebeu dez milhões de turistas oriundos de cerca de 170 países que, além das visitas técnicas, conheceram também o seu Ecomuseu que conta a história da região e da hidrelétrica, além de mostrar 260 variedades da flora nativa e cinqüenta animais empalhados.

O Parque das Aves, localizado próximo ao Parque Nacional do Iguaçu, também oferece a possibilidade de lazer com educação ambiental. Seus 16,5 hectares de área abrigam seiscentas aves de 160 espécies em seus viveiros de 630 metros quadrados, além dos muitos exemplares que circulam livremente entre os visitantes. Entre os mais exibidos estão os tucanos que encantam pelo seu colorido e formas perfeitas. No parque há também um borboletário, que abriga dezenas de espécies nativas.

Na programação ecológica de Foz do Iguaçu pode-se incluir também o Bosque Guarani, uma das áreas verdes mais visitadas, localizada no centro da cidade. Em seus 4,5 hectares vivem 709 animais de 52 espécies, dentre os quais lobos, onças-pintadas, pássaros e tamanduás.

Três fronteiras

Os rios Iguaçu e Paraná se juntam na divisa entre o Brasil, a Argentina e o Paraguai. É o Marco das Três Fronteiras, espaço também de lazer para os visitantes. Cada um desses países tem um marco. O brasileiro fica a seis quilômetros do centro de Foz do Iguaçu, em uma colina à margem do rio. Pela localização, oferece uma visão panorâmica dos outros marcos e da paisagem local. Próximo, o Espaço das Américas é a mais nova construção das três fronteiras. Inaugurado em janeiro de 1997, tem um anfiteatro com 340 lugares, onde acontecem eventos sobre educação ambiental e Mercosul. A visita ao local é diária, até à 18h.

Os turistas que forem a Foz e quiserem fazer uma visita à Argentina e ao Paraguai vão passar pela Ponte da Fraternidade (ponte Presidente Tancredo Neves), que liga à Argentina, e a Ponte da Amizade, que liga ao Paraguai. Diferentemente de anos atrás, quando o turista ia a Foz do Iguaçu somente para fazer compras no Paraguai e Argentina, hoje a cidade recebe mais o turista contemplativo, que quer conhecer as Cataratas e seus demais atrativos. Porém, não dá para negar que esse mesmo turista também se interessa em atravessar as fronteiras para conhecer as muitas novidades oferecidas por Ciudad del Este, que sedia grandes e sofisticadas lojas que vendem de bebidas a eletroeletrônicos, e Puerto Iguazu, que ostenta uma grande variedade de produtos de couro e lã, além de vinhos e conservas de vários países. Além disso, as duas cidades têm também cassinos, mais um ponto de divertimento para turistas.

Com esse mundo de atrações dentro da cidade, seria um imenso desperdício Foz do Iguaçu ser vista somente como uma mera ligação ao mundo das compras. Além de ter uma das mais belas imagens da natureza, a cidade é hoje profissional no recebimento de turistas, seja ele para o lazer ou para os negócios, pois conta com infra-estrutura e profissionais de primeira linha. Hoje dois ou três dias é pouco para conhecer a Terra das Cataratas. (DS)

Informações ao turista

– O ingresso para o Parque Nacional do Iguaçu, pelo lado brasileiro, custa R$ 8 por pessoa, incluindo o transporte dentro do complexo. Já no lado argentino, o ingresso é 9 pesos e com o transporte, 11 pesos. É bom lembrar que, no parque, o peso vale R$ 1 e que US$ 1 equivale a 3,60 pesos. O horário de funcionamento é das 13h às 17h às segundas-feiras e, de terça-feira a domingo, das 8h às 18h. Telefone: (45) 529-8383.

– O preço do passeio Macuco Safári custa R$ 90 por pessoa, incluindo passeio ecológico pela mata com o jipe e o passeio pelo Rio Iguaçu com barco inflável. Há opção de fazer rafting, bastando pagar mais R$ 46 por pessoa. Como funciona dentro do parque, os horários para o passeio são os mesmos. Telefone: (45) 529-6262.

– O Marco das Três Fronteiras é em uma praça, portanto, pode ser visitada a qualquer dia e horário. Lá há loja de artesanato e uma lanchonete, que funcionam das 9h às 18h.

– A Itaipu Binacional tem horários de visita programados por grupo. Eles são de segunda a sábado, às 8h, 9h, 10h, 14h, 15h e 15h30. Telefone: (45) 520-5252.

– Há linhas de ônibus que fazem o transporte de Foz até Puerto Iguazu (Argentina) e Ciudad del Este (Paraguai). O preço do transporte até a Argentina é 5 pesos por pessoa (um peso=R$ 0,80) e o que vai para o Paraguai custa 3 mil guaranis ou R$ 1,80.

– É bom lembrar que para entrar na Argentina, o turista tem que passar pela aduana e apresentar passaporte. No caso dos brasileiros, vale a carteira de identidade original, não é válido outro documento.

– Tanto no comércio de Foz do Iguaçu, quanto no de Puerto Iguazu e Ciudad del Este são aceitos real, dólar, guarani e peso.

– Foz do Iguaçu tem um serviço telefônico gratuito exclusivamente para turistas. O número é 0800-451516. Funciona das 7h às 23h.

continua após a publicidade

continua após a publicidade