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A Pousada do Rio Quente vai investir R$ 114 milhões nos próximos quatro anos. |
O Brasil virou mesmo a menina-dos-olhos de investidores estrangeiros quando o assunto é hotelaria, principalmente resorts, e o foco principal continua sendo o Nordeste. Dentre os investidores estão três grupos europeus que entram somente este ano no setor turístico brasileiro. Juntos, eles vão direcionar cerca de R$ 730 milhões para a construção de três megaresorts, todos na Bahia.
O grupo português Vila Galé vai construir o Hotel Vila Galé Marés Spa & Resort, doze quilômetros ao sul da Praia do Forte, na Praia de Guarajuba, município de Camaçari. O empreeendimento deve custar R$ 70 milhões.
O Grupo Espírito Santo, também de Portugal e que já opera no setor financeiro e agropecuário brasileiro, agora aposta suas fichas em um empreendimento com 250 apartamentos, 84 lotes residenciais e 80 villages com serviço hoteleiro. Um investimento de aproximadamente R$ 60 milhões em Genipabu, uma bela e calma praia situada na Costa dos Coqueiros.
Rubens Régis é presidente da Associação Brasileira de Resorts. |
Já o grupo espanhol Iberostar, a partir de um investimento gigantesco de cerca de R$ 600 milhões, adquiriu uma área de dois milhões de metros quadrados na Praia do Forte, no município de Mata de São João, para a construção de um grande hotel.
Captação
O grupo jamaicano Sandals & Beaches Resorts, que controla a maior rede de resorts do Caribe, também resolveu, a partir deste ano, voltar as atenções para o mercado latino-americano. Está abrindo escritórios no Brasil, Argentina, Chile, Colômbia e México para captação de turistas para os resorts caribenhos. São Paulo foi a escolhida para abrigar o primeiro escritório brasileiro do grupo, que investirá R$ 10 milhões em ações de marketing nos três primeiros anos de operação e estima atrair 1,5 milhão de turistas e R$ 60 milhões no período.
Em um segundo momento, após pesquisas de mercado e outras ações, o grupo pretende também construir um resort em algum paraíso nordestino.
Não são divulgados os valores do investimento por ser um projeto ainda incipiente, mas tomando-se por base o que foi gasto pelo grupo no Sandals Whitehouse European Village & Spa, inaugurado na Jamaica na última quinta-feira, dia 10, pode-se esperar que será, no mínimo, US$ 40 milhões. Em janeiro, o grupo já havia inaugurado o Sandals Grande Ocho Rios Beach e Villa Resort, também na Jamaica, que custou US$ 60 milhões. O grupo Sandals tem 24 unidades na Jamaica, Cuba, Bahamas, Antigua, Turks & Caicos e St. Lúcia.
Já o outro jamaicano, SuperClubs, que já tem um resort na Costa do Sauípe (BA), vai apostar este ano em uma unidade em Muro Alto (PE). Será o SuperClubs Breezes Muro Alto, em Porto de Galinhas, a ser inaugurado em dezembro.
Férias menores, destinos mais próximos
De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Resorts (ABR), Rubens Régis, o fato de os investimentos se concentrarem no Nordeste tem uma explicação muito clara. É justificado por pesquisas internas e outras feitas por organismos internacionais que mostram a preferência de turistas por destinos alcançados com vôos mais curtos, entre cinco e sete horas, já que o período de férias também está menor. "Nisso, o Nordeste brasileiro é perfeito para os estrangeiros, principalmente os europeus, que têm como portão de entrada Salvador e Natal, por exemplo", comenta Rubens.
A segunda explicação é que os investidores vão atrás do mercado consumidor. A cada ano, as belezas naturais do Brasil e também os preços competitivos estão atraindo cada vez mais turistas estrangeiros, principalmente os europeus. Segundo dados da ABR, as taxas de ocupação nos resorts brasileiros aumentaram 10% em 2004 em relação a 2003, o que gerou um faturamento 17% maior. E, para este ano, a expectativa é aumentar essas taxas em no mínimo, 15% em relação ao ano passado, incrementando em 25% o faturamento.
Consolidados incrementam serviços e produtos
Além dos investimentos na construção de novos estabelecimentos, o Brasil tem incrementada sua oferta atual, já que muitos dos resorts já firmados no mercado de lazer e de eventos estão investindo em melhorias de sua infra-estrutura e acrescentando novos produtos e serviços.
O Costão do Santinho Resort & Spa, em Florianópolis (SC), é um dos que apostam em melhorias visando atrair públicos ainda mais diversificados. Entre os estrangeiros, o resort espera a volta dos argentinos e a vinda dos chilenos. Este ano, o resort vai inaugurar um campo de golfe, além de novas áreas para esportes de aventura. Para isso, estão sendo investidos, desde o ano passado e ao longo deste ano, cerca de R$ 30 milhões.
Situado em uma das mais belas regiões do Nordeste, entre Alagoas e Pernambuco, o Salinas do Maragogi registrou um aumento de 60% para 67% na taxa de ocupação do ano passado em relação a 2003. Existente há quinze anos, o primeiro resort do Nordeste brasileiro também este ano vai direcionar suas atenções no incremento de sua infra-estrutura, modernizando as áreas de hospedagem e gastronômica, além de rechear sua oferta de entretenimento. A intenção é que isso reverta em uma maior taxa de ocupação – 82% – e um aumento de 20% no faturamento anual.
Um dos grandes investimentos previstos para este ano pelo Aguativa Resorts, de Cornélio Procópio (PR), é um campo de golfe de nove buracos, que deverá ser inaugurado no final de abril. Para finalizar a obra e aquisição de equipamentos, o resort está investindo R$ 500 mil. Além disso, serão investidos R$ 1 milhão na modernização do parque aquático, reforma de cinqüenta apartamentos, ONG Instituto Aguativa e em projetos ecológicos. Com isso e outras melhorias feitas constantemente, o resort espera fechar 2005 com uma taxa de ocupação média de 75%, superior aos 72% registrados no ano passado.
"Mar" no Centro-Oeste
O Rio Quente Resorts, em Goiás, planeja investir R$ 114 milhões nos próximos quatro anos, na ampliação de sua infra-estrutura de hospedagem e incremento da área de lazer. Um "mar" em plena região Centro-Oeste do Brasil é o projeto mais ousado do empreendimento na área de diversão. R$ 7,9 milhões serão direcionados para a construção de uma piscina com ondas e praia com areia, que devem ser inauguradas em julho do ano que vem.
Um sétimo empreendimento – Hotel Giardino – está em fase de construção e representa um investimento de R$ 28 milhões. Do total de 274 apartamentos, 128 já foram inaugurados em dezembro do ano passado e os demais serão entregues no fim do ano.
Até 2008, o Rio Quente pretende inaugurar ainda mais dois hotéis – Convention Resort e o Golf Club. O primeiro, com 372 suítes e um centro de convenções com dez mil metros quadrados, vai consumir R$ 45 milhões e será aberto em 2007. Já o Golf Club, que terá um campo profissional de dezoito buracos, será inaugurado em 2008 e contará com investimentos de R$ 26 milhões.
O Rio Quente Resorts fechou 2004 com um faturamento de R$ 115 milhões e para este ano, a estimativa é faturar R$ 146 milhões. (DS)