Entre pedaladas e reflexões na rota paulista do Caminho da Fé

Geralmente são os cajados carregados pelo peregrinos que deixam marcas ao longo do caminho dos roteiros religiosos. Porém, no interior de São Paulo, além dos cajados, uma rota que tem sido usada para reflexão e conhecimento ganha rastros bem mais marcantes: os dos pneus de bicicleta.

Esta é a proposta do Caminho da Fé, um roteiro no centro do Estado de São Paulo, idealizado pelo aposentado Almiro José Grings, do município de Águas da Prata e inspirado no Caminho de Santiago de Compostela, entre Espanha e França.

Reconhecido como uma das melhores adaptações da famosa rota européia, o Caminho da Fé, que tem 500 quilômetros no seu ramal mais longo, é percorrido anualmente por cerca de três mil pessoas, entre caminhantes e cicloturistas.

Na saída de Tambaú, o pequeno portal do
Caminho da Fé.

A rota passa por 27 cidades ou localidades, podendo ser iniciada em Descalvado ou Mococa, ambos situadas a aproximadamente 250 quilômetros da capital paulista e 600 quilômetros de Curitiba. As duas vertentes se unem próximo ao distrito de São Roque da Fartura, no município de Águas da Prata e terminam em Aparecida, o mais expressivo destino turístico-religioso do Brasil.

Entre asfalto e estradas de terra, subidas e descidas, o percurso tem uma facilidade: é todo sinalizado, seja por placas ou setas, estas indicando a proximidade de cidades e localidades e também guiando os turistas até as pousadas. Há mais de um estabelecimento de hospedagem por cidade ao longo do caminho, dos quais alguns credenciados junto ao Caminho da Fé. Pode-se consultar a lista delas no site www.caminhodafe.com.br. Parte das pousadas oferece descontos aos peregrinos. Em geral, a diária nas credenciadas custa cerca de R$ 20.

Cachoeiras como esta em Santa Rita do Passa Quatro são uma boa surpresa quando o calor é um desafio.

Como na maioria dos caminhos religiosos formatados, este também oferece certificado de realização do circuito. Para isso, o peregrino/cicloturista precisa obter uma credencial, que custa R$ 5 e dá direito a descontos em pousadas. Esta espécie de documento de identificação é que recebe os carimbos, dados em diversos pontos do percurso, e que vão provar a passagem por todo o roteiro. Em qualquer ponto dos 550 quilômetros pode ser iniciado o Caminho da Fé e também obter informações sobre a obtenção da credencial.

Clube de Cicloturismo

Existe uma instituição sem fins lucrativos que tem como objetivo difundir e incentivar a prática de viajar de bicicleta. É o Clube de Cicloturismo do Brasil, por meio do qual os cicloturistas trocam informações e também prestam consultoria aos iniciantes. O Caminho da Fé foi tema de palestra neste último sábado, mas outros temas serão abordados em encontros que vão acontecer nos dias 12 de abril, 17 de maio e 21 de junho, sempre em São Paulo. Mais informações: www.olinto.com.br e www.clubedecicloturismo.com.br.

Guia dá dicas aos aventureiros

Guia Caminho da Fé.

O grande e crescente número de pessoas que se interessam por percorrer o circuito incentivou a elaboração do guia ?Caminho da Fé para ciclistas e caminhantes?, da Editora Juruá. O autor é o advogado paulista (?curitibano, de coração?) Antonio Olinto, que se tornou cicloturista há 16 anos quando começou a praticar a atividade nas ciclovias de Curitiba.

A publicação, de 132 páginas, traz informações sobre 24 cidades, 47 mapas e 26 gráficos, além de dicas práticas sobre onde ficar, como chegar de ônibus, localização de bike-shops e bancos, curiosidades gerais, mapas das cidades e orientações para ciclistas e caminhantes. Nas ruas de Curitiba, Olinto descobriu o prazer de pedalar era uma prática diária de uma hora ou dez quilômetros -, mas experiências bem mais ousadas é que o tornaram apto a escrever publicações ele também é autor de ?O Guidão da Liberdade?, de 1997, que está atualmente na segunda edição. Ele foi o protagonista de uma aventura audaz: uma volta ao mundo de bicicleta, percorrendo durante 3 anos e meio 34 países, quatro continentes em um total de 46.620 quilômetros.

Para ele, o cicloturismo é uma fascinante forma de viajar.

?A bicicleta tem uma magia especial que atrai as pessoas, diferentemente de qualquer outro veículo. Quando chegava às localidades com minha bicicleta carregada eu atraía a atenção das pessoas que vinham conversar comigo para saber mais sobre o que estava fazendo – mesmo debaixo da Torre Eifel, 5 parisienses vieram falar comigo. Nesta hora, a bicicleta realiza um papel marcante de forçar o relacionamento com as pessoas do local, sendo assim, o viajante tem a oportunidade de conhecer mais sobre o país e as pessoas que são muito mais que os lugares, pois têm verdadeiros universos dentro de si?.

A experiência da volta ao mundo o levou a ser convidado a ministrar palestras em vários países e o credenciou a ensinar e dar boas dicas a iniciantes, experientes e também a candidatos à prática do cicloturismo.

Seja no Caminho da Fé ou em qualquer outro circuito cicloturístico, Olinto ensina que o importante não é quebrar recordes ou alcançar grandes velocidades.

A palavra-chave é sim a constância 70 pedaladas por minuto.

O ciclista precisa ter consciência de que enfrentará variantes: chuva, frio, relevo, calor excessivo, acidentes de percurso, o que é muito normal. ?É um grande aprendizado, em que vale a vivência, o conhecimento, o lazer?, afirma.

Serviço: o guia ?Caminho da Fé para caminhantes e ciclistas?, da Editora Juruá, é vendido pelo site www.olinto.com.br e também em diversas livrarias. Pelo site, custa R$ 27,92. (DS)

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