Dólar em baixa, viagens em alta

Com o dólar sem força para ultrapassar a casa dos R$ 2,60, sua mais expressiva baixa dos últimos três anos, alguns destinos se sobressaem aos olhos do turista. Não são necessariamente lugares em que o dólar é usado como moeda corrente, mas em que ele é usado como base de conversão. É o caso, por exemplo, de países da América do Sul, principalmente Argentina, Chile e Uruguai, e outros mais exóticos, como África do Sul e Índia. Já a Europa, apesar de o euro ter ganhado força, continua crescendo na preferência dos viajantes.

Para a consultora Kátia Gonzalez, da Traveland, operadora e consultoria de negócios em turismo situada em São Paulo, em episódios como a queda do dólar, a tendência de organismos internacionais como a WTTC (World Travel & Tourism Council) e a Travel Industry Association (TIA) é detectar vantagens, traçando estratégias comerciais para estimular novos negócios. Neste caso, osegredo é divulgar destinos que são mais atraentes com o dólar em baixa, direcionando os recursos gastos pelo turista estrangeiro. "Desde janeiro de 2003, as restrições do visto para entrar nos Estados Unidos fizeram com que o brasileiro que tem poder de consumo e de escolha resolvesse não se submeter a tantas exigências e optasse por outros destinos", observa a consultora.

Consumo local

Kátia Gonzalez acentua que, como o brasileiro é um povo que gosta de gastar nos destinos visitados – em média, de 40% a 60% do preço total do pacote – estão ganhando destaque os países que oferecem produtos e serviços de mais baixo custo. Se ele comprar um pacote de R$ 1 mil, por exemplo, vai gastar no destino, com alimentação, entretenimento, transporte e compras em geral, de R$ 400 a R$ 600.

Entre os destinos que estão exatamente nesse contexto apontado pela consultora está a Argentina. "Há mais de dois anos, a política econômica argentina tem facilitado a visitação de turistas, o preço dos produtos ficou baixo para os brasileiros", comenta.

Além dos produtos locais, no caso do país vizinho, até o preço dos pacotes está acessível. Um pacote sofisticado que inclua quatro dias (quinta a domingo) em hotel de categoria cinco estrelas em Buenos Aires custa cerca de US$ 1 mil por pessoa, em apartamento duplo. Se a opção for por hospedagem em um hotel de categoria luxo, custa ainda menos: US$ 600.

Um dos mais badalados e glamourosos destinos da América do Sul, o balneário de Punta del Este, no Uruguai, também é uma boa opção para quem quer aproveitar essa "baixa temporada do dólar". Um pacote de quinta a domingo, com hospedagem no Conrad (resort e cassino) custa US$ 570 por pessoa, incluindo passagens aéreas da Puna.

Exóticos

Se a intenção é fugir dos destinos mais tradicionais, a consultora sugere a África do Sul para um passeio com grandes novidades, principalmente, ao turista de primeira viagem. "Todos os vôos da (companhia) South African em janeiro deram overbooking, com excesso de, mais ou menos, sessenta passageiros", conta Kátia, comentando o sucesso desse destino por aqui. "Cape Town (capital legislativa) está entre as cidades mais bonitas do mundo, segundo a (revista) Condé Nast Traveller?, complementa.

Só para se ter uma idéia, um pacote de sete dias para a África do Sul custa a partir de US$ 1,8 mil por pessoa, com hospedagem em apartamento duplo de hotel categoria superior, passagens aéreas, passeios e algumas refeições. E o melhor: como a moeda local (rand) é bastante desvalorizada – US$ 1 vale 7 rands – consumir lá não pesa no bolso dos brasileiros. "Isso é muito interessante porque, o brasileiro é um povo que gosta também de fazer compras, ele gosta de carregar as lembranças da viagem, comprando muitos souvenirs", comenta Kátia Gonzalez.

Além da África, a Índia e a Colômbia também estão na lista dos "mais visitáveis" por terem moedas com pouco valor diante do dólar e também do real. "Esses destinos têm locais muito interessantes que merecem visitação, como Rajasthan, na Índia, e Cartagena, na Colômbia", sugere a consultora.

Veja quanto custa em dólar

Na África do Sul:

(US$ 1 = 6 rands)

Uma cerveja: US$ 1,5

Um Big Mac: US$ 2

Um cafezinho: US$ 1

Um litro de gasolina: US$ 0,60

Um jornal: US$ 0,80

Uma pizza: US$ 12

Na Índia:

(US$ 1 = 44 rupias indianas)

Um jantar num restaurante bom: U$ 5

Um almoço simples: U$ 3

Três latas de Coca-Cola: US$ 1

Um chai (um chá com especiarias que é como o cafezinho ocidental): US$ 0,10

Ingresso do cinema: U$ 3

Um passe do rickshaw (meio de transporte mais comum): US$ 1 por uma corrida de vinte minutos (DS)

Europa, sempre Europa

Os países europeus continuam atraindo cada vez mais brasileiros. Mesmo com o euro nas alturas, o Velho Continente é o destino de milhares deles e tem sido o grande foco também de quem tinha os Estados Unidos como destino certo antes do 11 de setembro e das restrições para se obter o visto. Ano passado, aproximadamente 450 mil brasileiros viajaram para a Europa, número que deve se repetir este ano, apesar da valorização do euro.

De acordo com o operador de viagem Heiko Van Delden, da SudTravel, operadora especializada em viagens internacionais situada em Curitiba, a Europa foi o grande destino de 2004 e tudo indica que continue este ano. "Apesar de ainda estar alto, o euro já esteve ainda mais valorizado e recuou", justifica. "As pessoas estão procurando os pacotes econômicos e os países mais procurados são Espanha e Portugal, seguidos da França", informa Heiko.

Agora, com o real mais valorizado em relação à moeda norte-americana, o operador diz que outros destinos, ditos mais exóticos, também estão mais fortes. É o caso do Médio Oriente (Grécia, Egito, Turquia) e do Norte da África (Tunísia e Marrocos).

Para Heiko, muitos dos clientes que deixaram de ir para os Estados Unidos, agora, estão optando também pela América do Sul. "Eles estão viajando para Argentina, Chile, Peru e Bolívia. As companhias áereas estão facilitando essas viagens de vôos curtos, com tarifas ainda mais baixas", comenta.

Para este ano, Heiko estima um incremento de, no mínimo, 30% no volume de vendas de pacotes pela sua operadora, mas a meta é registrar um aumento de 50%. (DS)

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