A cidade de Timbó e mais oito municípios do interior do estado acabam de lançar o primeiro roteiro oficial do Brasil planejado especialmente para o cicloturismo. São cerca de 300 quilômetros em trajeto quase todo por estradas de terra, passando por locais agradáveis e belíssimas paisagens, num total de sete dias de passeio.
Pedalar por vales e montanhas, rios e nascentes, atravessar matas e florestas de pinheiros, presenciar arquitetura e cultura européias, ouvir pessoas falando em outros idiomas, essa é a idéia do Circuito Vale Europeu: o primeiro roteiro do Brasil a ser totalmente planejado para o cicloturismo.
Lançado oficialmente durante o 5.º Encontro Nacional de Cicloturismo e Aventura, que aconteceu na cidade de Timbó (a 30 quilômetros de Blumenau), entre os dias 2 e 5 de novembro, o Circuito Vale Europeu é uma iniciativa do Clube de Cicloturismo do Brasil em parceria com a Prefeitura de Timbó que, em consórcio com outros oito municípios vizinhos (Apiúna, Benedito Novo, Indaial, Rio dos Cedros, Rodeio, Ascurra, Doutor Pedrinho e Pomerode), pretende fomentar o desenvolvimento do turismo nessas cidades.
Casinhas, pontes, riachos formam delicados cenários. |
Encravado na região de mesmo nome, no interior de Santa Catarina, o Circuito Vale Europeu foi traçado de forma a fugir das estradas de asfalto e priorizando as estradinhas de terra mais bonitas e tranqüilas. Todas as distâncias, estradas e o relevo foram levados em conta do ponto de vista de quem pedala, por isso, as distâncias diárias ficam em média em 50 quilômetros, o que favorece bastante o deslocamento de bicicleta.
Segundo seus idealizadores Eliana Britto Garcia, Rodrigo Telles e Valter Magalhães, diretores do Clube de Cicloturismo do Brasil, é possível pedalar todo o percurso e ainda fazer muitas paradas para descansar, apreciar o visual, conversar com pessoas e fotografar. Ao final de cada dia, chega-se sempre a um ponto de apoio, isto é, um local para comer e dormir, que pode ser numa cidade ou numa pousada.
São 300 quilômetros de percurso que começa em Timbó, num total de sete dias de passeio, e, assim como acontece nos circuitos internacionais, o cicloturista que se aventurar pelo roteiro recebe uma credencial, a qual carimba conforme vai cumprindo o trajeto. Além disso, um livreto-guia com indicações de percurso, perfil altimétrico e planilhas também poderão orientar o esportista na ?navegação?.
O guia foi confeccionado em três línguas (também inglês e espanhol) e se encontra à disposição do cicloturista no Centro de Informações Turísticas de Timbó. Mais informações e o roteiro completo do Circuito Vale Europeu podem ser encontrados no site do Clube de Cicloturismo do Brasil – www.clubedecicloturismo.com.br.
Vinhos e queijos se somam aos atrativos
Cicloturistas poderão contemplar a bela paisagem verde do vale europeu, de Timbó a Palmeiras. |
A região onde passa o circuito é de belas paisagens e uma natureza bem preservada, com muitas áreas de Mata Atlântica ainda intocadas. Nas partes mais altas há também as imponentes araucárias, típicas do sul do Brasil. A presença da água é um dos destaques desse roteiro, além de ser uma das áreas com maior concentração de nascentes do país, são inúmeras cachoeiras, rios e riachos pelo caminho.
Outro aspecto interessante do circuito é a marca da cultura européia que se manifesta fortemente nos hábitos e tradições da população. A imigração, inicialmente alemã, seguida da italiana, é visível em muitos aspectos, como a arquitetura, a gastronomia, a música e os esportes.
Durante as pedaladas, o cicloturista poderá, por exemplo, observar a arquitetura enxaimel, proveniente do sul da Alemanha, provar vinhos e queijos produzidos com a tradição italiana e entrar em contato com o modo de vida simples e tranqüilo das pessoas do campo.
A tradição do ciclismo é também um dos traços da cultura local. Diariamente, famílias inteiras utilizam a bicicleta como meio de transporte. Na cidade de Timbó, por exemplo, existe praticamente uma bicicleta para cada habitante. Por isso, o cicloturista é encarado com muita naturalidade e encontra uma ótima receptividade. A região tem ainda diversas opções e infra-estrutura turística para a prática de outros esportes de aventura, como rafting, rapel e caminhadas.
De Timbó a Palmeiras, 300 km de belas paisagens
Ao longo do circuito, algumas casas exibem a arquitetura enxaimel, do sul da Alemanha. |
O circuito tem início na cidade de Timbó, passa por Pomerode, depois, Indaial, Rodeio, Dr. Pedrinho, além de Alto Cedro e Palmeiras, localidades de Rio dos Cedros, retornando novamente para Timbó. Nos primeiros três dias, o caminho segue pela parte baixa do vale do Rio Itajaí Açú. Tem subidas e descidas, é claro, mas retorna sempre a uma altitude pouco maior do que o nível do mar. Este trecho, por suas características de relevo, pode ser feito por qualquer pessoa que tenha um condicionamento físico razoável e uma certa experiência com bicicleta. As características principais desse primeiro trecho do circuito são a presença de muitos bairros com casas típicas, longas distâncias acompanhando rios, e pontes, de todos os tipos que se possa imaginar. Vão desde pontes de madeira cobertas com telhado, até uma longa ponte pênsil, onde é necessário esperar o semáforo abrir.
Já a segunda metade do circuito sobe a serra em direção às represas, que ficam a cerca de 700 metros de altitude. É uma região um pouco mais isolada, onde a natureza está muito presente. São freqüentes os trechos em que a estradinha estreita se embrenha na mata e permite que o cicloturista fique muito próximo dos pássaros e outros pequenos animais.
Nesse trecho o relevo é mais acentuado e exige um bom preparo para enfrentar alguns desafios como os longos trechos de subida. Mas cada subida tem a sua compensação, os visuais são incríveis, deixando sempre à mostra a beleza dos vales. O circuito não poderia deixar de contornar as duas grandes represas no alto da serra. As casinhas e araucárias refletidas no espelho d?água geram cenas inesquecíveis.
Como muitos trechos do circuito, principalmente na parte alta, são pouco urbanizados e há pouco movimento de veículos, é importante que o cicloturista carregue sempre consigo bastante água e alguns alimentos. Capa de chuva e roupas de frio também são muito importantes, já que a região tem um clima muito variado e não tem estação de chuvas muito definida.