A gripe suína mudou o perfil das viagens neste inverno. Destinos do Nordeste brasileiro e Caribe ganham a preferência dos turistas que, comumente, nesta época do ano, preferiam, por exemplo, curtir o frio na serra gaúcha ou esquiar em países como Argentina e Chile.

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Com isso, foi registrada redução no preço de pacotes para os chamados destinos de neve, que passaram a oferecer promoções e descontos até para os períodos de feriado brasileiro.

“Para a Argentina, houve uma queda de cerca de 30% no preço do pacote para a Semana da Pátria em comparação ao mesmo período do ano passado”, diz Geraldo Rocha, da GR Turismo.

O diretor financeiro e de patrimônio da Abav-PR (Associação Brasileira das Agências de Viagem do Paraná), José Roberto Ghisi, diz que a entidade tem orientado os agentes a oferecer alternativas de destinos e também de novas datas aos clientes que tentam cancelar pacotes por conta da nova gripe.

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“É uma forma de contornar a situação, evitando prejuízo para o cliente e também para a agência”, diz ele. Por outro lado, a Abav procura interferir junto a companhias aéreas e operadoras para que não cobrem as multas previstas em caso de cancelamento.

Ghisi diz que a Canadian Turismo, agência da qual é proprietário, registrou uma redução de 30% na venda de viagens desde o fim de maio. Segundo ele, houve poucos cancelamentos e, nestes casos, a agência tentou adaptar a viagem já adquirida para outro roteiro pelo Brasil e, em outros, transformar o que já tinha sido pago pelo cliente em crédito para outra viagem.

Sec. Turismo
Fortaleza é a preferida por turistas que pensam em ir para o Nordeste.
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Para o feriado de Sete de Setembro, a Canadian registrou uma grande procura por Foz do Iguaçu e até Europa e Estados Unidos. “Os pacotes estão, em geral, 20% mais baratos do que estavam nesta mesma época ano passado”, informa.

Preços mais baixos

Arnaldo Levandowski, da Operadora MGM, informa que houve uma redução de quase 70% nas vendas de pacotes para a Argentina e Chile e 20% para a serra gaúcha.

“Há até uma promoção para atrair mais turistas para os países da América do Sul, em que a pessoa compra um pacote e ganha outro”, exemplifica o operador. Apesar da maior procura, segundo Levandowski, não houve aumento no preço dos pacotes para destinos nordestinos ou caribenhos.

Ao contrário, os pacotes para estes lugares estão mais baratos do que no mesmo período do ano passado. “O preço até melhorou porque fizemos novos acordos para tentar desviar o fluxo para estes destinos”, explica.

Na MGM, uma viagem de seis dias para Punta Cana (República Dominicana) custa US$ 949 por pessoa e Aruba, para o mesmo período, US$ 865. Bonito (MS) é outro destino que está mais barato: R$ 1.290 por pessoa. Para o Nordeste, hoje é possível fazer uma viagem de uma semana pelo mesmo preço de uma semana na Argentina: cerca de R$ 700 por pessoa.

Sec. Turismo da Argentina
Esquiar na Argentina neste inverno está mais barato do que estava no ano passado.

O operador observa que, além da mudança de destino, muitas pessoas que optam por ir para o Nordeste estão preferindo ficar mais tempo por lá: dez, doze dias em vez de uma semana.

Mabel Krefta, gerente da Operadora Maktour, diz ter registrado uma queda nas vendas para julho para Chile e Argentina, mas que, aos poucos, a situação está se normalizando e ela até, já comemora a lotação das estações de esqui chilenas para o feriado de Sete de Setembro.

Algumas pessoas, segundo ela, alteraram a data da viagem e o destino; outras mantiveram a data da viagem mas resolveram optar por resorts no Brasil e também destinos do Caribe e Estados Unidos.

Geraldo Rocha, da GR Turismo, também confirma interesse dos clientes pelo Nordeste, principalmente Fortaleza (CE), nos meses de agosto e setembro, porém, diz que a procura por viagens para os feriados está bem abaixo em relação a anos anteriores. “O pessoal está esperando para ver como vai ficar a situação em relação à gripe para depois definir se vai viajar e para onde vai”, diz o agente.

Depois de acompanhar um grupo de turistas na Disney, Orlando, há duas semanas, Rocha comenta sua surpresa em relação à forma que os Estados Unidos estão se portando frente ao surto. Ele conta que, em nenhum lugar, viu pessoas usando máscaras ou usando o álcool 70% como medidas profiláticas.