Uma história de cultivo e paixão. Desta forma se pode definir a relação dos alemães com o vinho. Para conhecer um pouco sobre o produto fabricado por lá basta aterrissar em Frankfurt e seguir para uma das antigas cidades alemãs, Trier. A partir desta cidade, fundada pelos romanos há mais de dois mil anos, é possível percorrer as encostas do Vale do Rio Mosela, a maior área de cultivo contínuo do mundo de Riesling, a uva mais apreciada pelos fãs do famoso vinho branco alemão. O verão, que vai até setembro, é o melhor período para fazer este roteiro.
A vinicultura está presente em solo alemão desde o século III a.C., e a produção de vinhos brancos é mundialmente respeitada ? e consumida. Principal uva germânica, a Riesling amadurece lentamente durante um verão fresco. Esta espécie é capaz de obter um equilíbrio único no mundo entre acidez e doçura, mesmo com níveis de álcool baixos e acidez elevada. Muller-thurgau, Silvaner e Kerner são outras castas brancas. Já a Spatburgunder, encontrada em Baden, Trollinger e Portugieser formam as castas tintas e a maior parte dos campos vinícolas encontra-se na metade sul do país.
Na divisão das castas, pode-se dizer que a Alemanha produz 65% de vinhos brancos e 35% de tintos. As principais regiões vinícolas são Mosela-Saar-Ruwer e o Vale do Reno, endereço das denominações Pfalz, Rheinhessen, Reinghau, Mittelrhein e Ahr.
Roteiro tem início na cidade de Trier, de onde se parte rumo ao
Vale do Rio Mosela, o maior canteiro de uvas Riesling do mundo
Mosela conduz rota vinícola
Vale ressaltar que todas as regiões vinícolas alemãs estão localizadas em áreas entrecortadas por rios e o Reno é o principal. Ele nasce na Suíça e tem vários afluentes importantes, como o Mosela. Este, por sinal, é o ?fio condutor? de um dos principais tours com apelo vinícola de toda a Alemanha.
Uma das zonas climáticas mais ensolaradas do país e a mais antiga área de produção da Alemanha, o Vale do Rio Mosela oferece as condições ideais à produção de Riesling. Às suas margens fica a cidade mais velha do país, Trier, que foi fundada pelos romanos em 16 a.C., como também a mais antiga cidade vinícola da Alemanha, Neumagen. Os 9 mil hectares plantados com uva Riesling estendem-se pelas encostas íngremes do vale. Com pouco mais de 500 viticultores, a região do Mosela é a quinta maior entre as 13 áreas vinícolas alemãs e a maior área contínua de cultivo de Riesling no mundo. A perfeita irradiação solar e o rico solo de ardósia (que retêm o calor) proporcionam as condições de excelência para o desenvolvimento da espécie.
Entretanto, nem só de Riesling é constituída a cultura vinícola em Mosela. Por lá também são cultivadas as variedades Elbling, Rivaner, Chardonnay, Malbec, Weisser Burgunder (Pinot Blanc) e Grauburgunder (Pinot Gris).
Com nascente na França, onde é chamado de Moselle, o rio tem 550 quilômetros, e em seu percurso atravessa Luxemburgo, para desembocar no Reno, em Koblenz. Em quase toda a sua extensão encontram-se vilarejos de vinicultores, vinhedos familiares e adegas onde é permitida a degustação. Passeios a pé, barco e bicicleta são facilmente organizados para os visitantes.
País tem 13 regiões produtoras
Os vinhos produzidos na Alemanha são oficialmente classificados por categorias de qualidade, que envolvem distintos fatores, como região de origem e eventual adição de açúcar e amadurecimento. As principais zonas de produção são: Ahr, Baden, Franken, Hessische Bergstrasse, Mittelrhein, Mosel-Saar-Ruwer, Nahe, Palatinate, Rheingau, Rheinhessen, Saale-Unstrut, Sächsische Weinstrasse e Württemberg.
Estas 13 regiões subdividem-se em 39 distritos, e estas, por sua vez, subdividem-se em vinícolas coletivas. Os níveis de qualidade da produção obedecem a uma classificação, nomeando as diferentes espécies. Veja quais são:
Deutscher Tafelwein: equivalente ao vinho de mesa em outros países. Deutscher Landwein: é o vinho do país e não desempenha papel importante no mercado exportador.
Qualitätswein bestimmter Anbaugebiete (QbA): é o vinho de uma região específica com elevado nível de qualidade.
Qualitätswein mit Prädikat (QmP): o nível mais alto e pode ser subdividido de acordo com o amadurecimento das uvas em Kabinett (vinhos leves completamente amadurecidos); Spätlese (de colheita tardia, podem ou não ser mais doces que Kabinett); Auslese (produzidos a partir de uvas amadurecidas, geralmente doces); Beerenauslese (produzidos com uvas selecionadas individualmente e superamadurecidas, que geram um vinho de sobremesa muito doce); Trockenbeerenauslese (uvas selecionadas superamadurecidas e murchas, que produzem um vinho extremamente rico em açúcar) e Eiswein (uvas naturalmente resfriadas na vinha, produzindo um vinho muito concentrado). Para saber mais sobre a extensa e mundialmente apreciada produção vinícola alemã, consulte: www.germany-tourism.de, www.deutscheweine.de, www.winepage.de, www.germanwineusa.org, www.germanwinesociety.org, www.germanwineestates.com e www.vinonet.com. Mais informações sobre turismo na Alemanha podem ser obtidas no site www.visitealemanha.com.
História desfila no centro de Trier
Patrimônio cultural, a Porta Nigra, construída pelos romanos no ano 180 d.C., é o cartão-postal de Trier. |
Com mais de dois mil anos, a cidade de Trier, fundada por romanos em 16 a.C. como Augusta Treverorum, oferece muitas atrações além dos bons vinhos. Entre elas, a casa onde nasceu Karl Marx, hoje um museu sobre o fundador do comunismo e o movimento operário.
A Porta Nigra, como é chamado o portão negro que os romanos construíram como entrada da cidade no ano 180 d.C., é o cartão-postal de Trier e faz parte da relação de monumentos locais que pertencem ao Patrimônio Cultural da Humanidade, como o anfiteatro, as termas do imperador e de Santa Bárbara e uma impressionante basílica construída por Constantino no século III.