Foto: Cleiton Thiele/Divulgação
O passeio é feito a bordo da Princesinha.

Os roteiros de agroturismo tornaram-se uma atividade auto-sustentável e uma fonte de renda extra para as famílias do interior de Gramado. Os mesmos costumam destacar a cultura e a preservação ambiental das zonas rurais. A bordo da Princesinha (ônibus da década de 50), os visitantes percorrem os três roteiros disponíveis e ali conhecem o lado simples da cidade, povoada no século XIX por alemães, italianos e portugueses.

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Hoje, Gramado, com 51 anos, apresenta-se como uma cidade com ares europeus, cheia de charme e glamour. Diariamente, na Praça das Comunicações, os colonos assam pães e cucas, nos fornos que foram instalados ali especialmente para eles comercializarem os seus produtos. As iguarias saem quentinhas do forno e são uma delícia. A iniciativa envolve a Secretaria de Turismo e Cultura e a Secretária de Agricultura do município.

Em todos os roteiros, os colonos estão de prontidão para contar muitas histórias e oferecer a degustação dos seus produtos tipicamente coloniais. Escolha um dos roteiros ou, se preferir, todos, e aproveite esta viagem ao passado.

Sair do moderno e ir ao encontro da natureza em poucos minutos, é descortinar um verde recheado de histórias bonitas para serem ouvidas e vibrar com a simplicidade e humildade dos colonos. Estes bravos imigrantes contam com prazer as suas histórias, eles imaginam que desta forma perpetuarão eternamente um passado nem tão longínquo assim.

Estilo colonial

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Como não poderia ser diferente em uma cidade hospitaleira, a comida está presente em todos os roteiros. Você pode, e deve, degustar vinhos, graspas, geléias, uvas, cucas e pães ao estilo colonial. Hospitaleiros por natureza, eles encantam todos, que mergulham no outro lado da história de Gramado. Os roteiros vêm sendo estruturados desde 2001, quando o prefeito Pedro Henrique Bertolucci resolveu trabalhar este outro lado de Gramado. ?Muito mais conhecida nacionalmente pelas suas luzes de Natal e das estrelas do Festival de Cinema, resolvemos também mostrar que por trás de todas estas ações existe uma comunidade permanentemente em desenvolvimento?, aponta Bertolucci.

O Quatrilho remete a história de amor

Foto: Cleiton Thiele/Divulgação
Como uma referência à hospitalidade, o farto e tradicional café colonial é servido aos turistas.
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O roteiro O Quatrilho tem cheiro de romance no ar. Foi ali na Linha Tapera que aconteceu o caso de amor que virou livro e depois filme, inclusive indicado para o Oscar. O livro O Quatrilho, do escritor José Clemente Pozenato, faz a narrativa das famílias que deixaram sua pátria em busca de melhores dias, uma vez que, em seu país, as promessas do futuro dourado estavam muito distantes. Após a longa travessia marítima, muitos aportaram em solo brasileiro, mais precisamente no extremo sul do País, no ano de 1910, outros tantos nem chegaram a completar o trajeto. Em uma comunidade rural composta por imigrantes italianos, dois casais muito amigos se uniram para poder sobreviver e decidiram morar na mesma casa. Mas o tempo fez com que a esposa de um se interessasse pelo marido da outra, sendo correspondida por ele. Após algum tempo, os dois amantes decidiram fugir e recomeçar outra vida, deixando para trás seus parceiros, que viveram uma experiência dramática e constrangedora, mas nem por isto desprovida de romance. É exatamente ali na Linha Tapera, que passados muitos anos, a história ainda continua viva. Ali estão enterrados os restos mortais de Nicodemos e Maria Trentin, no cemitério ao lado da Igreja de Santo Antônio.

Antes de chegar a este ponto mais que interessante do roteiro, que leva o nome de um jogo de cartas, a primeira parada, além de divertida, enche os olhos e o estômago dos participantes. É o sítio de Celeste Lazareti, de 82 anos. Ele tem um humor fino e conta parte da história de sua devoção a Nossa Senhora de Aparecida, em baixo de uns metros de parreiral, onde ele até deixa os turistas tirar alguns cachos da uva que ele mesmo planta e colhe para fazer vinhos e licores. No espaço de 34,9 hectares ele ainda planta figo, milho e feijão. Na sua propriedade há uma relíquia construída nos idos de 1875, são as pipas de vinho feitas por seu avô. Receita de vigor e saúde: dois copos de vinho por dia. Finalizando o passeio, além de desvendar um vale do Belvedere da Polenta, que fica a cerca de 900 metros de altitude, a seqüência é para cometer o pecado da gula. Chega-se ao Café Typisches Kaffee, do senhor Ingo e da senhora Isolde. Eles servem o típico café colonial ao som de um gaiteiro, enquanto pães, cucas, salames, geléias e outras tantas iguarias são servidas fartamente aos turistas.

Roteiro leva às origens da imigração

Foto: Cleiton Thiele/Divulgação
Os proprietários conduzem os turistas na visita aos parreirais.

No roteiro Raízes Coloniais, o turista é levado a um passeio cultural pelas origens da imigração italiana e seu encontro com as tradições do gaúcho. Em meio a um imenso vale de araucárias verdes e plantações de hortifrutigranjeiros, a visita tem encantado centenas de turistas a cada semana. Esse roteiro fica a quatro quilômetros do centro de Gramado, na localidade de Linha Bonita e Linha Nova. Lá, o visitante tem a oportunidade de conhecer casas construídas pelos primeiros imigrantes há mais de cem anos, além de um museu caseiro onde peças como um moinho remetem à imigração italiana.

Já no roteiro Um Mergulho no Vale, o ponto alto é o Vale do Quilombo, uma das mais belas paisagens de Gramado, que pode ser visto de um mirante próximo ao centro da cidade. O interior do vale esconde cascatas e paisagens naturais mais belas ainda, que podem ser conferidas em uma visita pelas propriedades locais. O contato com a natureza e os mistérios deste vale completam a aventura.

Serviço

Quatrilho: às terças-feiras e sábados, às 14h.Um Mergulho no Vale: às segundas e sextas-feiras, às 14h. Raízes Coloniais: às quartas e quintas-feiras, às 14h. As saídas são de frente da Casa do Colono, na Praça das Comunicações. Preço por pessoa: R$ 40 Duração dos passeios: aproximadamente quatro horas. Mais informações: (54) 3288-1889 ou (54) 3036-0389.