A Catedral Metropolitana é
dos monumentos históricos que
passam por restauração em Montevidéu.

Quem conhece Montevidéu se encanta. Uma das capitais mais seguras do mundo, é o portão de entrada de um terço dos turistas estrangeiros que chegam ao Uruguai. Banhada pelo Rio de la Plata, a cidade tem ares de grande e divertida como geralmente são as capitais litorâneas. Algo em comum com o Rio de Janeiro? Os guias de turismo dizem que sim e, aos brasileiros, enfatizam a similaridade de uma das praias, a Los Pocitos, chamando-a de “Copacabana del Sur”. Similaridade não só pela forma, como pelo fato de ser uma das mais freqüentadas no verão.

A bela beira-rio, chamada Avenida de las Americas, torneia um total de 22 quilômetros de praias, todas de areias brancas, diferenciando-se principalmente pelo público que as freqüenta. A de Carrasco, por exemplo, é ponto de encontro do chamado jet set, já que se situa no bairro residencial mais importante de Montevidéu. Além de prédios diversos e alguns estabelecimentos comerciais, a avenida também abriga o escritório oficial do Mercosul, num prédio de 1909, na Praia Ramirez.

Mas Montevidéu tem muitos outros atrativos, além de suas belas praias e de ser a capital administrativa do Mercosul. Fundada entre 1724 e 1730, pelo governador e capitão do Rio de la Plata Don Bruno Mauricio de Zabala, a cidade tem uma curiosa história marcada pela disputa entre Espanha e Portugal, que se estende pelo resto do território uruguaio. Dividida entre Cidade Velha e Cidade Nova, tem como marco divisório a Praça da Independência, que ostenta um monumento e o museu subterrâneo de José Artigas, personagem que lutou pela independência do país contra as tropas espanholas, em 1825.

Além desse, Montevidéu tem outros trinta museus, dentre os quais se destacam: Juan Manuel Blanes, no bairro Prado; o Nacional de Artes Visuais, no Parque Rodó, o Torres García, além de museus vivos como o Estádio Centenário, sede da primeira Copa do Mundo, em 1930, e que foi declarado Monumento do Futebol Mundial pela Fifa.

No Centro Histórico, vale uma visita à Catedral Metropolitana, uma construção em estilo neoclássico espanhol, que data de 1790, e ao Teatro Solís, do século 19, ambos em processo de restauração. Por conservar exemplares arquitetônicos de épocas, correntes e estilos variados, diz-se que Montevidéu é a meca para os estudiosos dessa arte.

Mercado do Porto

Ainda no Centro Histórico, um dos ícones da cidade, o Mercado do Porto, deve ser parada obrigatória para turistas de primeira viagem ou não. Lá, se encontra um pouco de tudo: cultura, história, gastronomia. Artistas anônimos, como músicos e pintores, enchem de som e cor o local, porém, ele é mais conhecido mesmo pela gastronomia. Isso porque, além dos queijos, salames e outras delícias, o mercado serve a tradicional parillada, o churrasco dos uruguaios, feita com carne de boi assada na grelha. Experimentação obrigatória, assim como a feijoada para quem visita o Brasil.

A cidade oferece muitas outras opções gastronômicas e pontos de encontro para os que apreciam programas culturais. Teatros, exposições, feiras de antigüidades, espetáculos e festas populares são constantes o ano todo. Além disso, a cidade tem uma gama de restaurantes, bares, boates e pubs, tanto na orla quanto nos bairros mais nobres, que oferecem gastronomia e diversão, com uma seleção musical bem diversa que vai de tango a salsa, passando pelo rock, techno e candombe, a música afro-uruguaia.

País formado por um povo alegre – e que adora os brasileiros -, o Uruguai tem também o Carnaval como uma de suas principais festas, só que com uma grande diferença: a folia deles tem duração de quarenta noites, de fevereiro a março, motivo para fazer inveja aos mais fanáticos foliões do Brasil.

Comércio

Se a idéia é fazer umas comprinhas, o Shopping de Punta Carretas é uma opção para quem quer adquirir peças mais sofisticadas. Mas se a intenção é comprar muitos presentes, o mais indicado é a Avenida 18 de Julho, a coluna vertebral do nervoso centro comercial de Montevidéu. Lá se encontra de tudo: lojas de roupas, sapatos, souvenirs, acessórios, a preços bem semelhantes aos daqui, além de supermercados e várias agências de câmbio. É claro que convém andar pela longa avenida a pé, olhando vitrines e interagindo com o povo e seu dia-a-dia frenético, mas se o cansaço na volta for grande, vale a pena tomar um táxi.

Isso porque a corrida é surpreendentemente barata se comparada à cobrada no Brasil e, sem falar que conversar com taxistas é sempre uma forma de saber mais sobre o povo e o local que se está visitando. Expostos dia e noite, esses profissionais são os melhores para informar, por exemplo, sobre segurança e, claro, sobre o trânsito de uma cidade. “Aqui não há trânsito pesado em nenhuma hora do dia e nem violência”, comenta um taxista. Então por que o vidro blindado, separando motoristas e passageiros, existente em todos os carros de praça? Ele logo explica: “Foi colocado há alguns anos quando dois motoristas foram assaltados, mas depois nunca aconteceu mais nada”.

Uma confirmação de que a fama de cidade segura ostentada por Montevidéu não é só marketing para atrair turistas. (DS)

Piria: um personagem, uma lenda

A réplica de um castelo da Riviera Francesa abriga, desde 1981, o Museu Parque Municipal Castillo Francisco Piria, que retrata a vida do criador de Piriápolis, um alquimista, nascido em 1847. A mobília retrata a época, mas não é a original, que foi saqueada por sem teto que viveram no local. Isso é só um detalhe já que é mesmo o relato de fatos de sua vida que deixa o local mais interessante. E basta uma visita para o visitante perceber que Piria não era um homem comum. Uma das histórias curiosas a respeito dele é a de que vendia jóias falsas com a garantia de que eram verdadeiras. Por ser alquimista, ninguém questionava.

Não era à toa que diziam que tudo que tocava se transformava em fortuna.

Marketing

Na linguagem de hoje, Píria foi um grande “marketeiro”. Além de vincular o misticismo à cidade, atraindo até hoje milhares de turistas, Piria soube fazer marketing de si mesmo como poucos e fechou com chave de ouro a sua história. Pouco tempo antes de morrer, o alquimista instruiu o filho para que nunca se fosse rompido o lacre de seu caixão e que espalhasse pela cidade que seu corpo havia desaparecido. Isso reforçaria o que sempre falava: um alquimista nunca morre, apenas desaparece. Com isso, virou lenda.

Serviço – O museu abre de terça a domingo, das 10h às 17h. A entrada é gratuita. (DS)

Misticismo evidencia Piriápolis

Características ligadas ao misticismo e histórias curiosas sobre o criador que deu nome à cidade fazem a pequena Piriápolis, situada a cem quilômetros de Montevidéu, no Departamento de Maldonado, fazer parte da lista de destinos turísticos do país. O alquimista Don Francisco Píria tinha o propósito de construir uma cidade para o turismo e escolheu o local porque acreditava que ali tinha a paisagem e a conjunção cosmo telúrica que necessitava para aplicar sua aprendizagem.

O que hoje poderia ser considerada uma grande jogada de marketing tem alcançado seu objetivo. Conhecida pelo seu potencial bioenergético, a pequena cidade de 7,5 mil habitantes chega a quadruplicar sua população no verão. Dentre os turistas, recebe muitos europeus, principalmente espanhóis, alemães e ingleses, e, este ano, registrou um número significativo de canadenses. Muitos se dirigem à cidade, não só para passear, mas também para participar da série de encontros que tem o misticismo como tema principal.

Piriápolis tem sete caminhos místicos, que incluem locais como Gruta da Ave Fênix, escultura da Virgem Stella Maris (santa protetora dos pescadores), ambos no Cerro Santo Antonio; Cerro del Toro, fontes de água mineral, Catedral e Hotel Argentino. Este último construído tendo a cabala como uma das bases. No ponto onde se encontra a Virgem Stella Maris, chamado de Punta Imán, uma curiosidade: diz-se que ali as bússolas se desorientam e não conseguem encontrar o norte magnético.

Ecoturismo

Além do fator místico, Piriápolis tem atrativos naturais. São mais de vinte quilômetros de costa recortada, com praias formadas pelo Rio de la Plata, com diferentes características que propiciam a prática de surfe e windsurfe. Montanhas para rapel, parques e trilhas para caminhada, cavalgada, trekking e mountain bike completam o cenário local. Aproveitando esse potencial, a cidade trabalha na divulgação de outros nichos para incrementar a visitação, incentivando o ecoturismo, o turismo de aventura e o de saúde. Piriápolis tem o único centro termal de águas salgadas do Uruguai e dois hotéis oferecem spa.

Hotelaria

A rede hoteleira inclui 45 estabelecimentos (a categoria máxima é quatro estrelas) e um hostel (atual denominação de albergue da juventude), somando quatro mil leitos. As bandeiras internacionais ainda não chegaram à cidade. Para Juan Martinez, presidente do Centro de Hotéis e Restaurantes de Piriápolis, a cidade não atrai esses investidores por não ter nenhum hotel cinco estrelas. (DS)

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