Salto Morato, queda d?água com 130 metros de altura, surpreende turistas na grande reserva natural.

Duas das cidades mais interessantes do litoral do Estado fazem parte de um roteiro para quem gosta de ecoturismo. A idéia é passar um fim de semana em meio à natureza e ainda conhecer um pouco da história do Paraná por meio de um passeio pelas ruas de Guaraqueçaba e Morretes. O clima tropical úmido faz com que as temperaturas sejam amenas durante todo o ano, o que favorece a prática das mais diversas atividades de aventura e lazer nas matas, rios, trilhas, morros e cachoeiras.

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Guaraqueçaba reserva um dos tesouros naturais do Brasil. Tesouro que foi descoberto pelos portugueses, que a colonizaram por volta de 1545 e, depois, por mineiros e aventureiros que chegaram à cidade em busca de ouro. Foram os jesuítas os responsáveis pela fundação de Superagüi, primeiro núcleo populacional e que influenciaram a construção da primeira capela, em torno da qual surgiram as primeiras edificações e o povoado. Em 1938, Guaraqueçaba se tornou distrito de Paranaguá e, só em 1947, se emancipou novamente como município. Parte dessa história até fatos mais recentes são retratados no casario colonial do século XIX e na Igreja do Nosso Senhor Bom Jesus dos Perdões, edificada em 1838, a primeira construção da cidade. E são alguns dos pontos que serão visitados durante o city tour previsto no roteiro.

Natureza

Rio Nhundiaquara é procurado
para a prática de esportes.

Apesar de a história já ser, por si só, um produto turístico, os turistas que vão a Guaraqueçaba são atraídos mesmo pela natureza. A Baía de Guaraqueçaba e seu entorno formam uma paisagem de encher os olhos que pode ser avistada a partir do Mirante da Serra Negra. Basta subir uma escadaria com 127 degraus e cerca de trinta metros de altura, o que pode parecer muito, mas a vista compensa o esforço. Outra vista geral se tem também do alto dos oitocentos metros do Morro do Quitumbê, acessado por uma trilha que começa ao lado da igreja.

Famosas ilhas do Paraná, como a das Peças e do Superagüi, além da Ilha Rasa, das Laranjeiras e do Rebelo fazem parte do município e são destaque nos roteiros turísticos pela região.

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Um dos pontos altos do passeio é a visita à Reserva Natural Salto Morato, de propriedade da Fundação O Boticário de Proteção à Natureza. Inaugurada em 1996, está inserida na Área de Proteção Ambiental (APA) de Guaraqueçaba. Em meio à mata, rica em fauna e flora, uma surpresa aguarda o visitante: o Salto Morato, uma queda d?água com mais de 130 metros de altura, uma das mais belas paisagens do litoral. Todo esse ecossistema da Mata Atlântica foi reconhecido pela Unesco, em dezembro de 1999, como Sítio do Patrimônio Natural da Humanidade.

O local não tem só beleza, tem também infra-estrutura para receber adequadamente os turistas e atrativos que complementam os naturais. Compreende auditório para trinta pessoas, uma exposição permanente da Floresta Atlântica, espaço para cursos, centro de pesquisas, laboratório, loja de souvenir, anfiteatro ao ar livre para apresentações especiais e os visitantes ainda podem usar camping, lanchonetes e os quiosques para piqueniques em meio à floresta. Os acampamentos são autorizados mediante reserva pelos telefones (41) 3482-1506 e 3340-2636.

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Trilhos levam a Morretes, suas belezas e delícias

Zig Koch
Antes cobiçada por aventureiros em busca de ouro, Guaraqueçaba hoje atrai ecoturistas à procura de belezas naturais.

O fim de semana de aventura pelo litoral do Estado começa sobre trilhos. A ferrovia centenária que liga Curitiba a Paranaguá proporciona ao turista a uma viagem pela história, tendo a Serra do Mar como cenário. Até Morretes, são setenta quilômetros cheios de pequenas surpresas, como rios, cachoeiras, canyons, montanhas. Nesse conjunto de atrativos, se destacam o Parque Estadual do Marumbi, Patrimônio da Humanidade e da Biosfera; o Rio Ipiranga e o Véu da Noiva, uma cachoeira escondida no meio da mata. Sem falar nos detalhes da própria engenharia da estrada de ferro, como pontilhões e a ponte sobre o Rio São João, a maior do percurso, com 110 metros de comprimento. Sobre ela, o trem passa devagarinho, o que dá tempo aos passageiros de perceber que estão a 55 metros do ?solo? e sentir um ?frio na barriga?.

Fim de semana começa com o belo passeio de trem pela Serra do Mar.

O fim do percurso é Morretes, uma das cidades históricas mais turísticas do litoral. Com uma população de aproximadamente dezesseis mil habitantes, Morretes tem um centro que atrai visitantes pelo pitoresco. Gracioso, conserva seu casario colonial, com seus monumentos históricos e religiosos, ruas de paralelepípedo e o coreto no meio da praça. Muitas das casas antigas hoje abrigam lojas de artesanato e restaurantes – a cidade tem quase trinta -, onde é servido o famoso barreado, prato típico do Paraná, e a cachaça, fabricada de forma artesanal lá mesmo. Um dos produtos que representam o Paraná em feiras de turismo pelo Brasil e exterior, a pinga morretiana é também vendida no comércio local junto com outros produtos alimentícios.

Quem visita só o centro não imagina o que o rodeia. A natureza em Morretes foi generosa. Tem as paisagens da serra; o Rio Nhundiaquara, navegado pelos descobridores já em 1560, e que hoje é explorado para a prática de esportes, como canoagem, bóia-cross e pescarias e tem muitas trilhas e caminhos coloniais em meio à mata que, no século XVII, foram a única ligação entre o litoral e o planalto paranaense. Tem ainda o Conjunto Marumbi, uma das paisagens de cartão-postal da cidade e que atraem montanhistas de todo o Brasil.